A invenÃÃo da imagem autoral de Chico Xavier:uma anÃlise histÃrica sobre como o jovem desconhecido de Minas Gerais se transformou no mÃdium espÃrita mais famoso do Brasil (1931-1938)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Andrà Victor Cavalcanti Seal da Cunha
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=15607
Resumo: Esta pesquisa tem por fio condutor uma anÃlise de Chico Xavier como portador de uma imagem autoral inventada, construÃda pela complexa dinÃmica que constituiu sua representaÃÃo de escritor psicÃgrafo na inter-relaÃÃo produÃÃo, recepÃÃo e apropriaÃÃo de suas obras. O Espiritismo nela foi abordado como fenÃmeno cultural e editorial. Investigou-se, pois, a criaÃÃo da imagem autoral de Xavier, concebendo esta como uma elaboraÃÃo coletiva da qual participaram vÃrios sujeitos, dentre eles intelectuais ligados ao movimento espÃrita, editores e leitores. O perÃodo do recorte cronolÃgico propriamente dito foi do final de 1931 atà o inÃcio de 1938. As anÃlises revelaram que a obra literÃria de Xavier foi produzida dentro do funcionamento de uma matriz febiana, engendrada, no final do sÃculo XIX, no bojo das disputas intestinas entre espÃritas religiosos e cientÃficos, bem como nos enfrentamentos com interlocutores em tempos de criminalizaÃÃo pelo primeiro cÃdigo penal republicano. Um sobrevoo na literatura espÃrita do perÃodo da chegada de Xavier permitiu detectar-se indÃcios de bases culturais para sua escrita psicogrÃfica. Quanto a sua escrita de si, pÃde ser identificadas nos textos prefaciais assinados pelo medium estratÃgias de seduÃÃo e convencimento, com o uso de um amplo espectro de dispositivos textuais voltados à denegaÃÃo autoral. Um segundo movimento analÃtico foi desenvolvido enfocando-se a criaÃÃo da imagem autoral do jovem mÃdium de Minas Gerais atravÃs da recepÃÃo de sua obra, do que dele disse a primeira geraÃÃo de seus leitores. PÃde-se compreender seu surgimento na cena literÃria espiritista, integrando um projeto coletivo elaborado e capitaneado por lideranÃas da FederaÃÃo EspÃrita Brasileira. O nÃcleo editorial febiano, respondendo as crÃticas que procuravam desqualificar o livro de poesias escritas mediunicamente, promoveu transformaÃÃes na imagem autoral de Xavier, visando a intensificar a denegaÃÃo autoral para sustentar a autenticidade espiritual dos poemas. Assim, foram se diluindo os vestÃgios de suas qualificaÃÃes intelectuais. Concomitantemente, potencializaram-se suas qualidades mediÃnicas. Em adiÃÃo, se passou a ressaltar seu comportamento virtuoso, acabando-se por conferir-lhe uma representaÃÃo de medium acima da mÃdia. Nesta destacada posiÃÃo, Chico Xavier inseriu elementos diferentes na matriz literÃria vigente no Espiritismo febiano de seu tempo. A investigaÃÃo permitiu compreender duas estratÃgias para a constituiÃÃo de seus espÃritos-autores. Em Emmanuel, o sucesso editorial do personagem pode ser diretamente relacionado ao seu transbordamento com atuaÃÃes em funÃÃes paratextuais e, principalmente, paraliterÃrias. Este exercÃcio estava fundamentado na fusÃo entre as representaÃÃes de Emmanuel, tanto como autor espiritual, quanto como guia do medium. Esta posiÃÃo permitirà ao personagem desempenhar mÃltiplas atividades, ampliando-se significativamente as possibilidades de aÃÃo do prÃprio Xavier. No caso peculiar de Humberto de Campos, houve a apropriaÃÃo de um jà consagrado personagem literÃrio para transformÃ-lo em um espÃrito-autor. Houve uma busca por estabelecer uma continuidade entre a produÃÃo literÃria convencional do Cronista maranhense e a psicografada por Xavier. Neste sentido, encontrou-se nas crÃnicas mediÃnicas uma utilizaÃÃo de procedimentos literÃrios que visavam a drenar a imagem autoral do literato para o texto psicografado. Estas apostas representaram estratÃgias bem-sucedidas, permitindo a Chico Xavier maior atuaÃÃo como autor-ator na cena literÃria espiritista e no cenÃrio da grande impressa nacional.
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We have thus investigated the creation of an authorial image of Xavier, conceived as a collective construct from multiple individuals, including an intellectual elite linked to the Spiritism movement, as well as editors and readers. The chronological period of interest for this research ranges from the end of 1931 to the beginning of 1938. The analysis revealed that the literary work of Xavier was conceived according to the workings of the FEB, having flourished, from the end of the XIX century, within the internal power struggles among religious and scientific spiritualists, as well as within the disputes among different interlocutors in a time of criminalization by the first republican penal code. An overview of the spiritualist literature during the rising of Xavier allowed us to detect evidence of cultural bases for his psycographic writings. As far as his writings are concerned, we identified seductive and convincing strategies in the prefatory texts signed by the medium, involving the use of a large range of textual devices geared towards denying authorship. Yet another analytical movement was developed with a focus on the construction of the authorial image of the young medium from Minas Gerais, on the basis of the receptivity his works, of what was said about him by the first generation of his readers. We noted his rising in the spiritualist literature scenario, as part of a collective project, conceived and lead by frontrunners in the FEB. The editorial inner circle of the FEB, based on the criticism that attempted to disqualify the poetry book written mediunically, promoted transformations in the authorial image of Xavier in an effort to increase the authorship denial, in order to support the spiritual authenticity of the poems. Thus, the evidence of intellectual qualities of Xavier started to fade away. At the same time, his mediunic abilities showed a marked increase. Along with those, his virtuous behavior eventually granted him a reputation of an above-average medium. From such a remarkable position, Chico Xavier inserted different elements into the literary matrix of the current Spiritism of the FEB. This investigation allowed us to understand two strategies for the constitution of author-spirits. In Emmanuel, the editorial success of the character can be directly linked to his overflow that includes acting in paratextual and mostly paraliterary roles. This exercise was based on the fusion between representations of Emmanuel as both a spiritual author and as a guide to the medium. This position allowed the character to assume distinct roles, significantly increasing the possible courses of action of Xavier himself. In the peculiar case of Humberto de Campos, there was an appropriation of the already well-known literary character in order to transform him into an author-spirit. An effort was made to establish a continuous link between the conventional literary production of the chronicler from MaranhÃo and the psycographed production by Xavier. In this sense, we found, within the mediunic chronicles, the use of literary procedures that attempted to drain the authorial image from the literary to the psycographed text. Those bets turned out to be successful, allowing Chico Xavier to achieve a more prominent role as author-actor in the spiritualist literary scenario and within the setting of the large national press.CoordenaÃÃo de AperfeÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=15607application/pdfinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCinstname:Universidade Federal do Cearáinstacron:UFC2019-01-21T11:28:49Zmail@mail.com -
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