Identificação de jatos de baixos níveis na região do reservatório de Furnas/MG

• Autor(a) principal: PASSOS, Robson Barreto dos
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UNIFEI (RIUNIFEI)
• Texto Completo: https://repositorio.unifei.edu.br/jspui/handle/123456789/3284
• topic: CNPQ::ENGENHARIAS::ENGENHARIA SANITÁRIA::RECURSOS HÍDRICOS; Simulação numérica WRF; Camada limite planetária; Ventos intensos

Comumente, no topo da camada limite planetária (CLP), em sua fase noturna/estável, ocorre a formação de um máximo no perfil vertical do vento conhecido como Jato de Baixos Níveis (JBN). Esses eventos são observados em várias partes do mundo e causam grande influência nas atividades que dependem do tempo e do clima, como no transporte aéreo. Vários estudos vêm sendo feitos para avaliar quais os mecanismos capazes de induzir a formação de JBNs e dentre esses mecanismos estão a oscilação inercial, baroclinicidade induzida por terrenos inclinados e a presença de sistemas sinóticos. Neste estudo, a ocorrência de jatos de baixos níveis (JBNs) na região do reservatório de Furnas, localizado em Minas Gerais, MG, é investigada. Além disso, é feita uma avaliação das condições sinóticas nos dias de ocorrência dos JBNs, bem como a resposta do escoamento em superfície. Para tanto, foram utilizados 10 anos de dados da reanálise ERA5, dados medidos in situ durante uma campanha de campo e um ano de dados provenientes de uma torre anemométrica instalada às margens do reservatório de Furnas. Os critérios de detecção dos JBNs se basearam em um estudo de caso que já havia sido analisado em estudos anteriores. Os JBNs ocorrem em sua maior parte na primavera, principalmente nos meses de setembro e outubro, entre o final da noite (21 HL) e o começo da manhã (8 HL). Quanto às características sinóticas, os JBNs ocorrem predominantemente em cenários de céu limpo ou parcialmente nublado onde há a penetração de uma crista (alta pressão) sobre o Sudeste ou a atuação da borda oeste da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). Os dados da ERA5 mostraram uma boa capacidade em representar a velocidade do vento, sendo possível identificar perfis de JBNs no período em estudo. Foram realizadas duas simulações numéricas com o WRF, sendo a primeira com a topografia original (simulação de controle) e outra com a topografia modificada, removendo o relevo inclinado no entorno do reservatório. Com as simulações foi possível inferir sobre a influência do relevo inclinado na ocorrência dos JBNs. Após a análise dos dados observacionais e de modelo considera-se a possibilidade de os JBNs na região do reservatório de Furnas serem modulados principalmente pela baroclinicidade induzida por sistemas sinóticos com potencial influência da topografia inclinada. O desacoplamento do topo da CLP com os níveis mais próximos à superfície na transição entre dia/noite não pode ser negligenciado, pois fornece suporte para a aceleração do escoamento devido ao gradiente de temperatura. A presença da topografia inclinada causa um gradiente térmico devido ao resfriamento/aquecimento diferencial entre vale/montanha, nesse caso, a energia potencial disponível pode contribuir para complementar a formação do JBN devido à baroclinicidade em escala sinótica.