Onde a luz da lua não importa: atividade do lagarto noturno Hemidactylus agrius ao longo do ciclo lunar em florestas tropicais sazonalmente secas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Digital da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (RDU) |
Texto Completo: | http://lattes.cnpq.br/1028057871039595 http://lattes.cnpq.br/6052206725433986 https://repositorio.ufersa.edu.br/handle/prefix/7871 |
Resumo: | O ciclo lunar influencia o comportamento de muitos animais noturnos. Algumas espécies aumentam (filia lunar) e outras diminuem (fobia lunar) seus níveis de atividade em noites mais claras e, geralmente, répteis escamados (Squamata) noturnos apresentam comportamento fóbico-lunar, buscando evitar predadores primariamente orientados pela visão. Contudo, a maioria dos estudos sobre influência lunar na atividade de lagartos e serpentes foi realizada com espécies de ambientes desérticos e, portanto, ainda não se sabe qual padrão ocorre em ambientes climaticamente menos extremos e estruturalmente mais complexos, como as Florestas Tropicais Sazonalmente Secas. Neste sentido, investigamos como lagartos noturnos do semiárido brasileiro são influenciados pelo ciclo lunar, utilizando como modelo a lagartixa Hemidactylus agrius, espécie de ampla distribuição no domínio Caatinga e com elevada abundância local. Testamos a hipótese mais suportada pela literatura, de que a atividade de répteis escamados noturnos seria negativamente influenciada pela luminosidade refletida pela lua, esperando encontrar um maior número de indivíduos ativos durante as noites mais escuras. A atividade dos lagartos foi mensurada por meio de buscas ativas limitadas por tempo em três áreas de Florestas Tropicais Sazonalmente Secas, nos municípios de Assú e Mossoró no estado do Rio Grande do Norte e no município de Russas no estado do Ceará. Ao todo, registramos 113 indivíduos de H. agrius ativos ao longo de 64 buscas-ativas (270,4 horas-pessoa de esforço amostral). Nossos resultados revelaram que indivíduos de H. agrius estiveram ativos independente da porcentagem iluminada da face lunar e da quantidade de luz refletida pela lua que chega ao solo, não corroborando a hipótese de fobia lunar. O padrão de atividade observado, variando independentemente do ciclo lunar, pode ser explicado por processos extrínsecos (complexidade estrutural da vegetação e estratégia de forrageio dos predadores) e intrínsecos da espécie-alvo (alta acuidade visual e hábitos alimentares generalistas), que podem atuar juntos ou isoladamente. Se por um lado, a complexidade vegetacional das florestas secas pode prover condições adequadas para atividade de H. agrius mesmo em noites mais claras, a pressão predatória exercida por predadores primariamente orientados por sinais químicos, como serpentes e artrópodes, pode comprometer uma maior atividade de H. agrius em noites mais escuras. Nossos achados contribuem para a compreensão da influência da luz refletida pela lua sobre a atividade de lagartos noturnos, revelando que nas Florestas Tropicais Sazonalmente Secas do semiárido brasileiro a atividade de H. agrius não segue o padrão esperado de fobia lunar |
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Neste sentido, investigamos como lagartos noturnos do semiárido brasileiro são influenciados pelo ciclo lunar, utilizando como modelo a lagartixa Hemidactylus agrius, espécie de ampla distribuição no domínio Caatinga e com elevada abundância local. Testamos a hipótese mais suportada pela literatura, de que a atividade de répteis escamados noturnos seria negativamente influenciada pela luminosidade refletida pela lua, esperando encontrar um maior número de indivíduos ativos durante as noites mais escuras. A atividade dos lagartos foi mensurada por meio de buscas ativas limitadas por tempo em três áreas de Florestas Tropicais Sazonalmente Secas, nos municípios de Assú e Mossoró no estado do Rio Grande do Norte e no município de Russas no estado do Ceará. Ao todo, registramos 113 indivíduos de H. agrius ativos ao longo de 64 buscas-ativas (270,4 horas-pessoa de esforço amostral). Nossos resultados revelaram que indivíduos de H. agrius estiveram ativos independente da porcentagem iluminada da face lunar e da quantidade de luz refletida pela lua que chega ao solo, não corroborando a hipótese de fobia lunar. O padrão de atividade observado, variando independentemente do ciclo lunar, pode ser explicado por processos extrínsecos (complexidade estrutural da vegetação e estratégia de forrageio dos predadores) e intrínsecos da espécie-alvo (alta acuidade visual e hábitos alimentares generalistas), que podem atuar juntos ou isoladamente. Se por um lado, a complexidade vegetacional das florestas secas pode prover condições adequadas para atividade de H. agrius mesmo em noites mais claras, a pressão predatória exercida por predadores primariamente orientados por sinais químicos, como serpentes e artrópodes, pode comprometer uma maior atividade de H. agrius em noites mais escuras. Nossos achados contribuem para a compreensão da influência da luz refletida pela lua sobre a atividade de lagartos noturnos, revelando que nas Florestas Tropicais Sazonalmente Secas do semiárido brasileiro a atividade de H. agrius não segue o padrão esperado de fobia lunarThe lunar cycle influences the behavior of many nocturnal animals. Some species increase (lunar philia) and others decrease (lunar phobia) their activity levels on clearer nights, and generally, nocturnal scaly reptiles (Squamata) exhibit lunar-phobic behavior, seeking to avoid predators primarily guided by vision. However, most studies on lunar influence on lizard and snake activity have been carried out with species from desert environments and, therefore, it is not known which pattern occurs in climatically less extreme and structurally more complex environments, such as Seasonally Dry Tropical Forests. In this sense, we investigated how nocturnal lizards from the Brazilian semiarid region are influenced by the lunar cycle, using the lizard Hemidactylus agrius as a model, a species with wide distribution in the Caatinga domain and with high local abundance. We tested the hypothesis most supported by the literature, that the activity of nocturnal scaly reptiles would be negatively influenced by the luminosity reflected by the moon, hoping to find a greater number of active individuals during the darkest nights. Lizard activity was measured using time-limited active searches in three seasonally dry tropical forest areas, in the municipalities of Assú and Mossoró in the state of Rio Grande do Norte and in the municipality of Russas in the state of Ceará. In all, we recorded 113 active H. agrius individuals over 64 active searches (270.4 person-hours of sampling effort). Our results revealed that individuals of H. agrius were active regardless of the percentage illuminated by the lunar face and the amount of light reflected by the moon reaching the ground, not corroborating the hypothesis of lunar phobia. The observed pattern of activity, varying independently of the lunar cycle, can be explained by extrinsic processes (structural complexity of the vegetation and predator foraging strategy) and intrinsic processes of the target species (high visual acuity and general eating habits), which can act together or alone. If, on the one hand, the vegetation complexity of dry forests can provide adequate conditions for H. agrius activity even on clearer nights, the predatory pressure exerted by predators primarily oriented by chemical signals, such as snakes and arthropods, can compromise a greater activity of H. agrius on darker nights. Our findings contribute to the understanding of the influence of light reflected by the moon on the activity of nocturnal lizards, revealing that in the Seasonally Dry Tropical Forests of the Brazilian semiarid region, the activity of H. agrius does not follow the expected pattern of lunar phobia28 p.BrasilCentro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBSUFERSAUniversidade Federal Rural do Semi-ÁridoPrograma de Pós-Graduação em Ecologia e ConservaçãoPassos, Daniel CunhaPassos, Daniel CunhaKiefer, Mara CintiaFrança, Leonardo FernandesRossetti Neto, Francisco de Oliveira2022-11-30T12:14:21Z2022-11-30T12:14:21Z2021-10-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesispdfapplication/pdfhttp://lattes.cnpq.br/1028057871039595http://lattes.cnpq.br/6052206725433986ROSSETTI NETO, Francisco de Oliveira. Onde a luz da lua não importa: atividade do lagarto noturno Hemidactylus agrius ao longo do ciclo lunar em florestas tropicais sazonalmente secas. 2021. 28 f. 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O ciclo lunar influencia o comportamento de muitos animais noturnos. Algumas espécies aumentam (filia lunar) e outras diminuem (fobia lunar) seus níveis de atividade em noites mais claras e, geralmente, répteis escamados (Squamata) noturnos apresentam comportamento fóbico-lunar, buscando evitar predadores primariamente orientados pela visão. Contudo, a maioria dos estudos sobre influência lunar na atividade de lagartos e serpentes foi realizada com espécies de ambientes desérticos e, portanto, ainda não se sabe qual padrão ocorre em ambientes climaticamente menos extremos e estruturalmente mais complexos, como as Florestas Tropicais Sazonalmente Secas. Neste sentido, investigamos como lagartos noturnos do semiárido brasileiro são influenciados pelo ciclo lunar, utilizando como modelo a lagartixa Hemidactylus agrius, espécie de ampla distribuição no domínio Caatinga e com elevada abundância local. Testamos a hipótese mais suportada pela literatura, de que a atividade de répteis escamados noturnos seria negativamente influenciada pela luminosidade refletida pela lua, esperando encontrar um maior número de indivíduos ativos durante as noites mais escuras. A atividade dos lagartos foi mensurada por meio de buscas ativas limitadas por tempo em três áreas de Florestas Tropicais Sazonalmente Secas, nos municípios de Assú e Mossoró no estado do Rio Grande do Norte e no município de Russas no estado do Ceará. Ao todo, registramos 113 indivíduos de H. agrius ativos ao longo de 64 buscas-ativas (270,4 horas-pessoa de esforço amostral). Nossos resultados revelaram que indivíduos de H. agrius estiveram ativos independente da porcentagem iluminada da face lunar e da quantidade de luz refletida pela lua que chega ao solo, não corroborando a hipótese de fobia lunar. O padrão de atividade observado, variando independentemente do ciclo lunar, pode ser explicado por processos extrínsecos (complexidade estrutural da vegetação e estratégia de forrageio dos predadores) e intrínsecos da espécie-alvo (alta acuidade visual e hábitos alimentares generalistas), que podem atuar juntos ou isoladamente. Se por um lado, a complexidade vegetacional das florestas secas pode prover condições adequadas para atividade de H. agrius mesmo em noites mais claras, a pressão predatória exercida por predadores primariamente orientados por sinais químicos, como serpentes e artrópodes, pode comprometer uma maior atividade de H. agrius em noites mais escuras. Nossos achados contribuem para a compreensão da influência da luz refletida pela lua sobre a atividade de lagartos noturnos, revelando que nas Florestas Tropicais Sazonalmente Secas do semiárido brasileiro a atividade de H. agrius não segue o padrão esperado de fobia lunar |
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