Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Antropolítica (Online) |
Texto Completo: | https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41943 |
Resumo: | O presente trabalho busca discutir, a partir de uma experiência etnográfica realizada durante a travessia do “Caminho de Compostela”, situado na região da Galícia/ Espanha, o processo de caminhar como uma atividade que engloba uma tríplice perspectiva de sentidos: turísticos, religiosos e esportivos, que se reconfiguram continuamente. Aqui, os conceitos de peregrinação religiosa, turismo transnacional e do esporte de aventura e desafio se apresentam como fontes analíticas para o entendimento de experienciação na qual os indivíduos realizam em suas jornadas. Além, disso, objetiva-se apreender o caminho como um percurso que se estrutura a partir de uma “malha” circuncêntrica que cobre grande parte da península Ibérica, onde o processo de andar o caminho vai permitir a ultrapassagem de fronteiras liminares (TURNER, 2005, 2008). Tais fronteiras aqui são entendidas como a da busca pela aproximação com o sagrado, para o peregrino; da superação individual do corpo e mente, para o esportista; e da experiência habitual e do desconhecido, para o turista. A viagem pode ser interpretada como uma forma de ritual, na qual o viajante sai de sua rotina e tem uma experiência “extraordinária”, liminar e, após esse período, retorna ao seu mundo cotidiano de certa forma transformado. Se por um lado a noção de “turista” absorve no campo uma conotação negativa, relacionada à esfera do consumo, sendo sua figura apresentada como “superficial” ou “inautêntica”, por outro, a noção de “peregrino” é exacerbada devido não só ao caráter de ruptura do cotidiano, mas, principalmente, à maneira “crítica” de se colocar, que é característica, na qual o despojamento material é condição para vivenciar a experiência. Por fim, trago como inspiração o conceito de “peregrinação” tal qual abordado por Ingold (2015): um processo de crescimento dentro de um campo de relacionamentos, no qual o Caminho de Santiago mimetiza o movimento da vida que cada indivíduo realiza com seus próprios pés. |
id |
UFF-18_2aa8d4e20c07e81bc04a5b1c8b4076ca |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/41943 |
network_acronym_str |
UFF-18 |
network_name_str |
Antropolítica (Online) |
repository_id_str |
|
spelling |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de CompostelaTurismoEsportePeregrinaçãoLiminaridadeCompostela.O presente trabalho busca discutir, a partir de uma experiência etnográfica realizada durante a travessia do “Caminho de Compostela”, situado na região da Galícia/ Espanha, o processo de caminhar como uma atividade que engloba uma tríplice perspectiva de sentidos: turísticos, religiosos e esportivos, que se reconfiguram continuamente. Aqui, os conceitos de peregrinação religiosa, turismo transnacional e do esporte de aventura e desafio se apresentam como fontes analíticas para o entendimento de experienciação na qual os indivíduos realizam em suas jornadas. Além, disso, objetiva-se apreender o caminho como um percurso que se estrutura a partir de uma “malha” circuncêntrica que cobre grande parte da península Ibérica, onde o processo de andar o caminho vai permitir a ultrapassagem de fronteiras liminares (TURNER, 2005, 2008). Tais fronteiras aqui são entendidas como a da busca pela aproximação com o sagrado, para o peregrino; da superação individual do corpo e mente, para o esportista; e da experiência habitual e do desconhecido, para o turista. A viagem pode ser interpretada como uma forma de ritual, na qual o viajante sai de sua rotina e tem uma experiência “extraordinária”, liminar e, após esse período, retorna ao seu mundo cotidiano de certa forma transformado. Se por um lado a noção de “turista” absorve no campo uma conotação negativa, relacionada à esfera do consumo, sendo sua figura apresentada como “superficial” ou “inautêntica”, por outro, a noção de “peregrino” é exacerbada devido não só ao caráter de ruptura do cotidiano, mas, principalmente, à maneira “crítica” de se colocar, que é característica, na qual o despojamento material é condição para vivenciar a experiência. Por fim, trago como inspiração o conceito de “peregrinação” tal qual abordado por Ingold (2015): um processo de crescimento dentro de um campo de relacionamentos, no qual o Caminho de Santiago mimetiza o movimento da vida que cada indivíduo realiza com seus próprios pés.Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal Fluminense2019-10-16info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionapplication/pdftext/xmlhttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/4194310.22409/antropolitica2019.0i46.a41943Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia; n. 46 (2019)2179-73311414-737810.22409/antropolitica2019.0i46reponame:Antropolítica (Online)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFFporhttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41943/Na%20estrada%20de%20setas%20amarelas%3A%20esporte%20e%20turismo%20na%20peregrina%C3%A7%C3%A3o%20do%20Caminho%20de%20Santiago%20de%20Compostelahttps://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41943/31086Copyright (c) 2019 Antropolitica Revista Contemporanea de Antropologiahttps://creativecommons.org/licenses/by/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessLabronici, Rômulo Bulgarelli2019-10-16T14:39:59Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/41943Revistahttp://www.revistas.uff.br/index.php/antropoliticaPUBhttps://periodicos.uff.br/antropolitica/oaiperiodicos@proppi.uff.br||antropoliticauff@gmail.com||lauragraziela@gmail.com2179-73312179-7331opendoar:2019-10-16T14:39:59Antropolítica (Online) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
dc.title.none.fl_str_mv |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela |
title |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela |
spellingShingle |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela Labronici, Rômulo Bulgarelli Turismo Esporte Peregrinação Liminaridade Compostela. |
title_short |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela |
title_full |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela |
title_fullStr |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela |
title_full_unstemmed |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela |
title_sort |
Na estrada de setas amarelas: esporte e turismo na peregrinação do Caminho de Santiago de Compostela |
author |
Labronici, Rômulo Bulgarelli |
author_facet |
Labronici, Rômulo Bulgarelli |
author_role |
author |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Labronici, Rômulo Bulgarelli |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Turismo Esporte Peregrinação Liminaridade Compostela. |
topic |
Turismo Esporte Peregrinação Liminaridade Compostela. |
description |
O presente trabalho busca discutir, a partir de uma experiência etnográfica realizada durante a travessia do “Caminho de Compostela”, situado na região da Galícia/ Espanha, o processo de caminhar como uma atividade que engloba uma tríplice perspectiva de sentidos: turísticos, religiosos e esportivos, que se reconfiguram continuamente. Aqui, os conceitos de peregrinação religiosa, turismo transnacional e do esporte de aventura e desafio se apresentam como fontes analíticas para o entendimento de experienciação na qual os indivíduos realizam em suas jornadas. Além, disso, objetiva-se apreender o caminho como um percurso que se estrutura a partir de uma “malha” circuncêntrica que cobre grande parte da península Ibérica, onde o processo de andar o caminho vai permitir a ultrapassagem de fronteiras liminares (TURNER, 2005, 2008). Tais fronteiras aqui são entendidas como a da busca pela aproximação com o sagrado, para o peregrino; da superação individual do corpo e mente, para o esportista; e da experiência habitual e do desconhecido, para o turista. A viagem pode ser interpretada como uma forma de ritual, na qual o viajante sai de sua rotina e tem uma experiência “extraordinária”, liminar e, após esse período, retorna ao seu mundo cotidiano de certa forma transformado. Se por um lado a noção de “turista” absorve no campo uma conotação negativa, relacionada à esfera do consumo, sendo sua figura apresentada como “superficial” ou “inautêntica”, por outro, a noção de “peregrino” é exacerbada devido não só ao caráter de ruptura do cotidiano, mas, principalmente, à maneira “crítica” de se colocar, que é característica, na qual o despojamento material é condição para vivenciar a experiência. Por fim, trago como inspiração o conceito de “peregrinação” tal qual abordado por Ingold (2015): um processo de crescimento dentro de um campo de relacionamentos, no qual o Caminho de Santiago mimetiza o movimento da vida que cada indivíduo realiza com seus próprios pés. |
publishDate |
2019 |
dc.date.none.fl_str_mv |
2019-10-16 |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
format |
article |
status_str |
publishedVersion |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41943 10.22409/antropolitica2019.0i46.a41943 |
url |
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41943 |
identifier_str_mv |
10.22409/antropolitica2019.0i46.a41943 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.relation.none.fl_str_mv |
https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41943/Na%20estrada%20de%20setas%20amarelas%3A%20esporte%20e%20turismo%20na%20peregrina%C3%A7%C3%A3o%20do%20Caminho%20de%20Santiago%20de%20Compostela https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41943/31086 |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
Copyright (c) 2019 Antropolitica Revista Contemporanea de Antropologia https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 info:eu-repo/semantics/openAccess |
rights_invalid_str_mv |
Copyright (c) 2019 Antropolitica Revista Contemporanea de Antropologia https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.format.none.fl_str_mv |
application/pdf text/xml |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal Fluminense |
publisher.none.fl_str_mv |
Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal Fluminense |
dc.source.none.fl_str_mv |
Antropolítica - Revista Contemporânea de Antropologia; n. 46 (2019) 2179-7331 1414-7378 10.22409/antropolitica2019.0i46 reponame:Antropolítica (Online) instname:Universidade Federal Fluminense (UFF) instacron:UFF |
instname_str |
Universidade Federal Fluminense (UFF) |
instacron_str |
UFF |
institution |
UFF |
reponame_str |
Antropolítica (Online) |
collection |
Antropolítica (Online) |
repository.name.fl_str_mv |
Antropolítica (Online) - Universidade Federal Fluminense (UFF) |
repository.mail.fl_str_mv |
periodicos@proppi.uff.br||antropoliticauff@gmail.com||lauragraziela@gmail.com |
_version_ |
1797068794145800192 |