A conquista da autonomia através dos mercados: como pequenos agricultores mudaram sua forma de produzir e comercializar a produção em Ipê (RS)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Daniela
Data de Publicação: 2011
Outros Autores: Silva, Marcelo Kunrath, Schneider, Sergio
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Antropolítica (Online)
Texto Completo: https://periodicos.uff.br/antropolitica/article/view/41634
Resumo: Este artigo foi elaborado a partir de um estudo comparativo entre famílias de agricultores ecologistas e famílias não ecologistas do município de Ipê/RS, município que se destaca no Sul do Brasil no que se refere à produção com base nos princípios da agroecologia. A partir de um referencial teórico que destaca a capacidade de os agricultores agirem socialmente e mediarem o estabelecimento de relações capitalistas no campo, mostramos que a construção de autonomia social na agricultura depende não somente da propriedade dos dois principais meios de produção (terra e trabalho), mas também da construção de relações menos dependentes e subjugadas no universo dos mercados. Comparando relações entre unidades de produção e mercados, foi possível identificar, em ambos os grupos (ecologistas e não ecologistas), a presença de estratégias de distanciamento dos mercados de insumos para a agricultura, do mercado financeiro e do mercado de alimentos, sendo que no grupo de ecologistas o afastamento destes mercados foi mais significativo. Também identificamos que os ecologistas têm sido mais proativos em construir canais de comercialização, reduzindo a intermediação e aumentando a capacidade de gerenciamento das famílias sobre preços e condições de pagamento dos seus produtos. Juntos, o afastamento dos mercados de insumos e a construção de novos canais de comercialização possibilitaram aos ecologistas uma melhoria significativa nos rendimentos familiares, nos investimentos e na diversificação das unidades produtivas. Os resultados parecem indicar que na agricultura familiar a busca de autonomia social não requer necessariamente uma recusa pelos mercados, mas pode ser construída a partir de novas e estratégicas relações com estes, tais como o afastamento do mercado de insumos e o domínio dos canais de venda de produtos.
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