COVID-19 a bordo: saúde e segurança do trabalho na atividade petrolífera offshore brasileira em tempos de pandemia

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Adams, Ricardo Nunes
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/33060
Resumo: O século XXI trouxe diversas mudanças para a indústria do petróleo no Brasil. A última delas deriva da emergência sanitária relativa ao novo coronavírus, em uma conjuntura de incerteza e medo. Se o mundo do trabalho foi atingido em cheio pela pandemia, os reflexos nesta indústria também puderam ser claramente observados. O objetivo principal desta tese é analisar os impactos da pandemia da Covid-19 na atividade petrolífera offshore brasileira. Algumas medidas de precarização do trabalho já estavam em curso e terminaram sendo catalisadas em virtude da grave crise sanitária, que deixou mais de 700 mil mortes no país. O texto tem seu referencial teórico-metodológico baseado na ergonomia da atividade e na psicodinâmica do trabalho, com contribuições da perspectiva ergológica. Quanto aos métodos de investigação, foram consultados, principalmente, livros, artigos, dados epidemiológicos oficiais e notícias veiculadas na grande mídia. Seis entrevistas, com quatro profissionais brasileiros ligados ao setor de óleo e gás brasileiro, foram de grande relevância para a aproximação da organização real do trabalho. Os trabalhadores offshore já vivem normalmente uma rotina de confinamento e isolamento a bordo, intensificada durante a pandemia. O tempo de embarque aumentou, em média, de 14 para 21 dias. Também foram submetidos a quarentenas pré-embarque em hotéis. Os protocolos de higiene, testagem e quarentena apresentaram falhas, e não havia testes no desembarque. Ao longo da emergência sanitária, houve muitas reclamações de sobrecarga de trabalho, surtos de infecção e insuficiência de efetivo a bordo, ocorrendo até mesmo alguns casos de suicídio no local de trabalho. Estudos sugerem que o trabalho em plataformas offshore favorece a infecção pelo novo coronavírus. A degradação das condições de trabalho, contudo, era anterior à pandemia, com repercussões sobre a saúde dos trabalhadores, especialmente os terceirizados. Em uma nova situação de emergência pandêmica, não pode haver espaço para posturas negacionistas que priorizam o lucro, mas desrespeitam a saúde e a vida dos trabalhadores. Os protocolos de trabalho, sistematização de dados e sanitários devem ser bem planejados, respeitados e revistos conforme o momento epidemiológico, e a opinião dos trabalhadores deve ser levada em conta durante sua elaboração
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O texto tem seu referencial teórico-metodológico baseado na ergonomia da atividade e na psicodinâmica do trabalho, com contribuições da perspectiva ergológica. Quanto aos métodos de investigação, foram consultados, principalmente, livros, artigos, dados epidemiológicos oficiais e notícias veiculadas na grande mídia. Seis entrevistas, com quatro profissionais brasileiros ligados ao setor de óleo e gás brasileiro, foram de grande relevância para a aproximação da organização real do trabalho. Os trabalhadores offshore já vivem normalmente uma rotina de confinamento e isolamento a bordo, intensificada durante a pandemia. O tempo de embarque aumentou, em média, de 14 para 21 dias. Também foram submetidos a quarentenas pré-embarque em hotéis. Os protocolos de higiene, testagem e quarentena apresentaram falhas, e não havia testes no desembarque. Ao longo da emergência sanitária, houve muitas reclamações de sobrecarga de trabalho, surtos de infecção e insuficiência de efetivo a bordo, ocorrendo até mesmo alguns casos de suicídio no local de trabalho. Estudos sugerem que o trabalho em plataformas offshore favorece a infecção pelo novo coronavírus. A degradação das condições de trabalho, contudo, era anterior à pandemia, com repercussões sobre a saúde dos trabalhadores, especialmente os terceirizados. Em uma nova situação de emergência pandêmica, não pode haver espaço para posturas negacionistas que priorizam o lucro, mas desrespeitam a saúde e a vida dos trabalhadores. Os protocolos de trabalho, sistematização de dados e sanitários devem ser bem planejados, respeitados e revistos conforme o momento epidemiológico, e a opinião dos trabalhadores deve ser levada em conta durante sua elaboraçãoThe 21st century brought several changes to the oil industry in Brazil. The last of these comes from the health emergency related to the new coronavirus, in a context of uncertainty and fear. If the world of work was hit hard by the pandemic, the effects on this industry could also be clearly observerd. The main objective of this thesis is to analyze the impacts of the Covid-19 pandemic on Brazilian offshore oil activity. Some work precariousness measures were already underway and endep up being catalyzed due to the serious health crisis, which left more than 700,000 deaths in the country. The text has its theoretical-methodological framework based on the activity ergonomics and the work psychodynamics, with contributions from the ergological perspective. As for the investigation methods, mainly books, articles, official epidemiological data and news published in the mainstream media were consulted. Six interviews, with four professionals linked to Brazilian oil and gas sector, were of great relevance for approaching the real organization of work. The offshore workers normally live a routine of confinement and isolation on board, intensified during the pandemic. The boarding time increased, on average, from 14 to 21 days. They were also subjected to pre-departure quarantine in hotels. The hygiene, testing and quarantine protocols had problems, and there were no tests on the disembark. Throughout the health emergency, there were many complaints about work overload, outbreaks of infection and insufficient staff on board, with even some cases of suicide occurring in the workplace. Studies suggest that working on offshore oil rigs favors the infection with the new coronavirus. The degradation of working conditions, however, pre-dates the pandemic, with repercussions on the workers’ health, especially the outsourced ones. In a new pandemic emergency situation, there can be no space for denialist postures that prioritize profit, but disrespect the workers’ health and lives. The work and health protocols, as well as the systematization of data, must be well planned, respected and revised according to the epidemiological moment, and the workers’s opinion must be taken into account during their elaboration207 f.Alvarez, DeniseFigueiredo, Marcelo GonçalvesMuniz, Hélder PordeusAlmeida, Ildeberto Muniz deRotenberg, LúciaPereira, Rodrigo Arcuri MarquesAdams, Ricardo Nunes2024-07-08T13:29:21Z2024-07-08T13:29:21Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfADAMS, Ricardo Nunes. COVID-19 a bordo: saúde e segurança do trabalho na atividade petrolífera offshore brasileira em tempos de pandemia. 2023. 207 f. 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description O século XXI trouxe diversas mudanças para a indústria do petróleo no Brasil. A última delas deriva da emergência sanitária relativa ao novo coronavírus, em uma conjuntura de incerteza e medo. Se o mundo do trabalho foi atingido em cheio pela pandemia, os reflexos nesta indústria também puderam ser claramente observados. O objetivo principal desta tese é analisar os impactos da pandemia da Covid-19 na atividade petrolífera offshore brasileira. Algumas medidas de precarização do trabalho já estavam em curso e terminaram sendo catalisadas em virtude da grave crise sanitária, que deixou mais de 700 mil mortes no país. O texto tem seu referencial teórico-metodológico baseado na ergonomia da atividade e na psicodinâmica do trabalho, com contribuições da perspectiva ergológica. Quanto aos métodos de investigação, foram consultados, principalmente, livros, artigos, dados epidemiológicos oficiais e notícias veiculadas na grande mídia. Seis entrevistas, com quatro profissionais brasileiros ligados ao setor de óleo e gás brasileiro, foram de grande relevância para a aproximação da organização real do trabalho. Os trabalhadores offshore já vivem normalmente uma rotina de confinamento e isolamento a bordo, intensificada durante a pandemia. O tempo de embarque aumentou, em média, de 14 para 21 dias. Também foram submetidos a quarentenas pré-embarque em hotéis. Os protocolos de higiene, testagem e quarentena apresentaram falhas, e não havia testes no desembarque. Ao longo da emergência sanitária, houve muitas reclamações de sobrecarga de trabalho, surtos de infecção e insuficiência de efetivo a bordo, ocorrendo até mesmo alguns casos de suicídio no local de trabalho. Estudos sugerem que o trabalho em plataformas offshore favorece a infecção pelo novo coronavírus. A degradação das condições de trabalho, contudo, era anterior à pandemia, com repercussões sobre a saúde dos trabalhadores, especialmente os terceirizados. Em uma nova situação de emergência pandêmica, não pode haver espaço para posturas negacionistas que priorizam o lucro, mas desrespeitam a saúde e a vida dos trabalhadores. Os protocolos de trabalho, sistematização de dados e sanitários devem ser bem planejados, respeitados e revistos conforme o momento epidemiológico, e a opinião dos trabalhadores deve ser levada em conta durante sua elaboração
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