Diagnóstico laboratorial da infecção pelo parvovírus humano B19 em pacientes com malária na região amazônica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2024 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/32697 |
Resumo: | A infecção pelo Parvovírus Humano B19 (B19V) é comum, tem distribuição mundial e apresenta padrão epidemiológico cíclico a cada 4-5 anos, caracterizado pelo aumento dos casos de eritema infeccioso, uma doença exantemática aguda da infância. O diagnóstico laboratorial da infecção se baseia na detecção de anticorpos IgM/IgG antiB19V e/ou do genoma viral (DNA-B19V) no soro dos pacientes. Porém, tal diagnóstico ainda é um desafio devido a reatividade cruzada de anticorpos IgM e resultados inconclusivos, e pelo fato da detecção do DNA não indicar presença de partícula infecciosa. Este trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico laboratorial da infecção pelo B19V em pacientes com malária de modo a determinar a utilidade dos métodos imunológicos e moleculares para diferenciar infecção recente e passada por B19V. Um total de 152 soros de indivíduos residentes no município de Oiapoque, Amapá, coletados entre 2014 e 2015, com confirmação laboratorial de malária, foram utilizados. Os soros foram testados para a presença de anticorpos IgM e IgG antiB19V por ensaio imunoenzimático (EIE) comercial. As amostras IgM inconclusivas/IgG positivas foram testadas para avidez de anticorpos IgG. Para detecção e quantificação do DNA-B19V foi realizada a reação em cadeia da polimerase convencional (cPCR) e quantitativa (qPCR), com olignonucleotídeos que amplificam uma região do gene que codifica a proteína não estrutural. Os anticorpos IgG foram detectados em mais de 70% (116/152) das amostras. A prevalência destes anticorpos aumentou de 43% em crianças <10 anos para cerca de 90% em indivíduos >49 anos. Utilizando apenas os métodos sorológicos, a infecção recente por B19V (IgM+/IgG-/+; IgM inconclusiva/IgG de baixa avidez) foi diagnosticada em 51,3% (78/152) e a infecção passada (IgM-/IgG+) em cerca de 37% (56/152) dos pacientes. O DNA-B19V foi detectado em 6% (9/150) dos soros pela cPCR e em 20,4% (31/150) pela qPCR. A carga viral variou de 1,1x104 – 5,5x106 UI/mL (média: 3,1x105 UI/mL). Foi possível detectar viremia em pacientes com sorologia negativa para B19V por ambos cPCR e qPCR. Utilizando os métodos sorológicos e moleculares, a infecção recente por B19V foi definida pelos seguintes parâmetros: IgM anti-B19V positiva, baixa avidez de anticorpos IgG e/ou detecção e quantificação de B19V-DNA, e pode ser confirmada para aproximadamente 60% (88/152) dos pacientes. Considerou-se infecção passada para 32,2% (49/152) dos pacientes que testaram IgG anti-B19V positivos na ausência de IgM anti-B19V e DNA-B19V, ou apresentavam anticorpos IgG de alta avidez quando o teste de IgM resultou inconclusivo. Os oito pacientes suscetíveis foram aqueles que testaram negativos para os marcadores sorológicos e moleculares. Ainda assim, o status da infecção pelo B19V não pode ser esclarecido para sete pacientes: um DNA-B19V/IgG anti-B19V negativo e IgM-anti-B19V inconclusivo, dois DNA-B19V negativo e IgM inconclusivo/IgG positivo, com avidez de IgG intermediária, e outros quatro DNA-B19V/IgM anti-B19V negativos e IgG-antiB19V inconclusivo. Estes resultados demonstram que a prevalência de anticorpos nesta população é comparável à encontrada em comunidades urbanas densamente povoadas do nosso país, e corroboram a necessidade de utilizar mais de uma metodologia para a identificação do B19V como agente etiológico, bem como para a distinção do status da infecção. |
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Diagnóstico laboratorial da infecção pelo parvovírus humano B19 em pacientes com malária na região amazônicaParvovírus B19MaláriaDiagnóstico laboratorialInfecção recenteInfecção passadaParvovirus B19 humanoMaláriaRegião AmazônicaTécnicas de laboratório clínicoHuman parvovirus B19Laboratory diagnosisRecent infectionPast infectionA infecção pelo Parvovírus Humano B19 (B19V) é comum, tem distribuição mundial e apresenta padrão epidemiológico cíclico a cada 4-5 anos, caracterizado pelo aumento dos casos de eritema infeccioso, uma doença exantemática aguda da infância. O diagnóstico laboratorial da infecção se baseia na detecção de anticorpos IgM/IgG antiB19V e/ou do genoma viral (DNA-B19V) no soro dos pacientes. Porém, tal diagnóstico ainda é um desafio devido a reatividade cruzada de anticorpos IgM e resultados inconclusivos, e pelo fato da detecção do DNA não indicar presença de partícula infecciosa. Este trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico laboratorial da infecção pelo B19V em pacientes com malária de modo a determinar a utilidade dos métodos imunológicos e moleculares para diferenciar infecção recente e passada por B19V. Um total de 152 soros de indivíduos residentes no município de Oiapoque, Amapá, coletados entre 2014 e 2015, com confirmação laboratorial de malária, foram utilizados. Os soros foram testados para a presença de anticorpos IgM e IgG antiB19V por ensaio imunoenzimático (EIE) comercial. As amostras IgM inconclusivas/IgG positivas foram testadas para avidez de anticorpos IgG. Para detecção e quantificação do DNA-B19V foi realizada a reação em cadeia da polimerase convencional (cPCR) e quantitativa (qPCR), com olignonucleotídeos que amplificam uma região do gene que codifica a proteína não estrutural. Os anticorpos IgG foram detectados em mais de 70% (116/152) das amostras. A prevalência destes anticorpos aumentou de 43% em crianças <10 anos para cerca de 90% em indivíduos >49 anos. Utilizando apenas os métodos sorológicos, a infecção recente por B19V (IgM+/IgG-/+; IgM inconclusiva/IgG de baixa avidez) foi diagnosticada em 51,3% (78/152) e a infecção passada (IgM-/IgG+) em cerca de 37% (56/152) dos pacientes. O DNA-B19V foi detectado em 6% (9/150) dos soros pela cPCR e em 20,4% (31/150) pela qPCR. A carga viral variou de 1,1x104 – 5,5x106 UI/mL (média: 3,1x105 UI/mL). Foi possível detectar viremia em pacientes com sorologia negativa para B19V por ambos cPCR e qPCR. Utilizando os métodos sorológicos e moleculares, a infecção recente por B19V foi definida pelos seguintes parâmetros: IgM anti-B19V positiva, baixa avidez de anticorpos IgG e/ou detecção e quantificação de B19V-DNA, e pode ser confirmada para aproximadamente 60% (88/152) dos pacientes. Considerou-se infecção passada para 32,2% (49/152) dos pacientes que testaram IgG anti-B19V positivos na ausência de IgM anti-B19V e DNA-B19V, ou apresentavam anticorpos IgG de alta avidez quando o teste de IgM resultou inconclusivo. Os oito pacientes suscetíveis foram aqueles que testaram negativos para os marcadores sorológicos e moleculares. Ainda assim, o status da infecção pelo B19V não pode ser esclarecido para sete pacientes: um DNA-B19V/IgG anti-B19V negativo e IgM-anti-B19V inconclusivo, dois DNA-B19V negativo e IgM inconclusivo/IgG positivo, com avidez de IgG intermediária, e outros quatro DNA-B19V/IgM anti-B19V negativos e IgG-antiB19V inconclusivo. Estes resultados demonstram que a prevalência de anticorpos nesta população é comparável à encontrada em comunidades urbanas densamente povoadas do nosso país, e corroboram a necessidade de utilizar mais de uma metodologia para a identificação do B19V como agente etiológico, bem como para a distinção do status da infecção.Human Parvovirus B19 (B19V) infection is a common event during childhood and has exhibited a cyclical pattern of occurrence every 4 to 5 years, which is then reflected by an increased number of erythema infectiosum, an acute exanthematous disease of childhood. Laboratory diagnosis of B19V infection is mainly based on the detection of specific IgM/IgG antibodies and/or the viral genome (B19V-DNA) in the patient's serum. However, the cross-reactivity of IgM antibodies and equivocal results, as well as the finding that the presence of viral DNA does not indicate the presence of a viable infectious particle, make the accurate diagnosis of B19V infection a challenge. The aim of this study was to perform the laboratory diagnosis of B19V infection in patients with malaria, in order to determine the utility of serological and molecular methods for distinguishing past from recent B19V infection. A total of 152 serum samples, collected during 2014 and 2015, from patients with a laboratory diagnosis of malaria living in the municipality of Oiapoque, Amapá State, were analysed. The sera were tested for the presence of IgM and IgG anti-B19V antibodies by commercial enzyme-linked immunosorbent assay. Those samples with equivocal IgM/positive IgG results were tested for IgG avidity. B19V-DNA detection and quantification were performed by conventional (cPCR) or quantitative (qPCR) polymerase chain reaction assay using primers that amplify a fragment of the non-structural region. Anti-B19V IgG antibodies were detected in more than 70% (116/152) of the serum samples. Antibody prevalence increased with age, rose from 43% in children aged 7-9 years to almost 90% in those aged > 49 years. Using serological tests only, recent B19V infection (IgM+/IgG-/+; IgM equivocal/low avidity IgG) was diagnosed in 51,3% (78/152) and past infection (IgM-/IgG+) in approximately 37% (56/152) of the patients. B19V-DNA was detected in 6% (9/150) of the sera by cPCR and in 20,4% (31/150) by qPCR. The viral load ranged from 1,1x104 – 5,5x106 UI/mL (mean, 3,1x105 UI/mL). Both cPCR and qPCR were able to detect viremia in some patients who tested negative for serology. Using serological and molecular assays, B19V infection was defined by the following parameters: IgM positive, low avidity IgG and/or B19V-DNA positive, and could be confirmed in about 60% (88/152) of the patients. Past infection was considered in 32,2% (49/152) of the patients who tested IgG positive/IgM negative/ B19-DNA negative or those with high IgG avidity and equivocal IgM results. Eight patients who tested negative by both serological and molecular methods remained susceptible. But, for seven patients the status of B19V infection could not be determined: one was B19V-DNA/IgG negative and IgM equivocal, two were B19V-DNA negative and IgG positive/IgM inconclusive with low IgG avidity, and a futher four tested B19V-DNA/IgM negative and IgG equivocal. These results show that the prevalence of anti-B19V IgG antibodies in this popilation is similar to that found in crowded cities in our country, and confirm the need of both serological and molecular methods for the proper diagnosis of B19V infection, as well for distinguishing between past from recent infection.72 f.Garcia, Rita de Cássia Nasser Cubelhttp://lattes.cnpq.br/3569129805118204Alves , Arthur Daniel RochaMacedo, Débora Familiar Rodrigueshttp://lattes.cnpq.br/4363953068617366Motta, Ester dos Santos2024-03-20T14:32:51Z2024-03-20T14:32:51Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfMOTTA, Ester dos Santos. Diagnóstico laboratorial da infecção pelo parvovírus humano B19 em pacientes com malária na região amazônica. 2023. 72 f. 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A infecção pelo Parvovírus Humano B19 (B19V) é comum, tem distribuição mundial e apresenta padrão epidemiológico cíclico a cada 4-5 anos, caracterizado pelo aumento dos casos de eritema infeccioso, uma doença exantemática aguda da infância. O diagnóstico laboratorial da infecção se baseia na detecção de anticorpos IgM/IgG antiB19V e/ou do genoma viral (DNA-B19V) no soro dos pacientes. Porém, tal diagnóstico ainda é um desafio devido a reatividade cruzada de anticorpos IgM e resultados inconclusivos, e pelo fato da detecção do DNA não indicar presença de partícula infecciosa. Este trabalho teve como objetivo realizar o diagnóstico laboratorial da infecção pelo B19V em pacientes com malária de modo a determinar a utilidade dos métodos imunológicos e moleculares para diferenciar infecção recente e passada por B19V. Um total de 152 soros de indivíduos residentes no município de Oiapoque, Amapá, coletados entre 2014 e 2015, com confirmação laboratorial de malária, foram utilizados. Os soros foram testados para a presença de anticorpos IgM e IgG antiB19V por ensaio imunoenzimático (EIE) comercial. As amostras IgM inconclusivas/IgG positivas foram testadas para avidez de anticorpos IgG. Para detecção e quantificação do DNA-B19V foi realizada a reação em cadeia da polimerase convencional (cPCR) e quantitativa (qPCR), com olignonucleotídeos que amplificam uma região do gene que codifica a proteína não estrutural. Os anticorpos IgG foram detectados em mais de 70% (116/152) das amostras. A prevalência destes anticorpos aumentou de 43% em crianças <10 anos para cerca de 90% em indivíduos >49 anos. Utilizando apenas os métodos sorológicos, a infecção recente por B19V (IgM+/IgG-/+; IgM inconclusiva/IgG de baixa avidez) foi diagnosticada em 51,3% (78/152) e a infecção passada (IgM-/IgG+) em cerca de 37% (56/152) dos pacientes. O DNA-B19V foi detectado em 6% (9/150) dos soros pela cPCR e em 20,4% (31/150) pela qPCR. A carga viral variou de 1,1x104 – 5,5x106 UI/mL (média: 3,1x105 UI/mL). Foi possível detectar viremia em pacientes com sorologia negativa para B19V por ambos cPCR e qPCR. Utilizando os métodos sorológicos e moleculares, a infecção recente por B19V foi definida pelos seguintes parâmetros: IgM anti-B19V positiva, baixa avidez de anticorpos IgG e/ou detecção e quantificação de B19V-DNA, e pode ser confirmada para aproximadamente 60% (88/152) dos pacientes. Considerou-se infecção passada para 32,2% (49/152) dos pacientes que testaram IgG anti-B19V positivos na ausência de IgM anti-B19V e DNA-B19V, ou apresentavam anticorpos IgG de alta avidez quando o teste de IgM resultou inconclusivo. Os oito pacientes suscetíveis foram aqueles que testaram negativos para os marcadores sorológicos e moleculares. Ainda assim, o status da infecção pelo B19V não pode ser esclarecido para sete pacientes: um DNA-B19V/IgG anti-B19V negativo e IgM-anti-B19V inconclusivo, dois DNA-B19V negativo e IgM inconclusivo/IgG positivo, com avidez de IgG intermediária, e outros quatro DNA-B19V/IgM anti-B19V negativos e IgG-antiB19V inconclusivo. Estes resultados demonstram que a prevalência de anticorpos nesta população é comparável à encontrada em comunidades urbanas densamente povoadas do nosso país, e corroboram a necessidade de utilizar mais de uma metodologia para a identificação do B19V como agente etiológico, bem como para a distinção do status da infecção. |
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