Revirando o “Porto Maravilha”: luta pelo espaço e contradições urbanas na zona portuária do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Giannella, Letícia de Carvalho
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/33786
Resumo: No contexto da reestruturação produtiva do capital e do aprofundamento do ideário neoliberal, o espaço urbano vem sendo produzido sob a égide da financeirização da economia e da interpenetração cada vez maior do valor de troca sobre o valor de uso. As cidades, nesta conjuntura, são concebidas como empresas, e passam a funcionar sob a lógica das parcerias público-privadas. É dentro deste quadro político-econômico que assistimos à entrada da Operação Urbana Consorciada da Região do Porto do Rio, vulgarmente conhecida como Porto Maravilha, no espaço portuário da cidade do Rio de Janeiro. A investigação intencionou, assim, compreender as contradições deste processo à luz do materialismo histórico e dialético, representado por autores tais como Henri Lefèbvre e David Harvey, em diálogo com matrizes teóricas que passam pelo entendimento das relações de poder no processo de produção do espaço urbano, tais como as análises de Michel Foucault e John Holloway. Essas leituras são entrelaçadas com a experiência vivida pela autora no âmbito do Fórum Comunitário do Porto, de onde se conclui que a operação em questão se configura como uma estratégia para possibilitar a reprodução do capitalismo por meio da dominação sobre os usos históricos e atuais daquele espaço. Este processo, por sua vez, implica na construção/mobilização de distintas relações de poder e formas de luta que apresentam contradições entre si. A pesquisa evidenciou que essas lutas apresentam distintas táticas, estratégias e alinhamentos político-ideológicos. Entretanto, todas elas possuem em comum o fato de se tratar da luta pelo espaço, da luta do uso contra a troca, da apropriação contra a dominação. Ademais, foi demonstrado, por meio do recurso ao método regressivoprogressivo de Lefèbvre, que muitas das contradições que ora se apresentam no processo de luta são contradições produzidas no processo histórico de produção daquele espaço e não surgiram, portanto, na conjuntura atual. Por fim, a contradição que se instala entre moradores, de um lado, e instituições/organizações, de outro lado, deve ser ressignificada à medida que se compreende que a luta dos moradores é, no limite, a luta pela própria vida, inscrita no cotidiano. Trata-se de um exercício que procura apontar, deste modo, para a união dessas lutas, necessária em um cenário de extrema fragilidade e adversidade.
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A investigação intencionou, assim, compreender as contradições deste processo à luz do materialismo histórico e dialético, representado por autores tais como Henri Lefèbvre e David Harvey, em diálogo com matrizes teóricas que passam pelo entendimento das relações de poder no processo de produção do espaço urbano, tais como as análises de Michel Foucault e John Holloway. Essas leituras são entrelaçadas com a experiência vivida pela autora no âmbito do Fórum Comunitário do Porto, de onde se conclui que a operação em questão se configura como uma estratégia para possibilitar a reprodução do capitalismo por meio da dominação sobre os usos históricos e atuais daquele espaço. Este processo, por sua vez, implica na construção/mobilização de distintas relações de poder e formas de luta que apresentam contradições entre si. A pesquisa evidenciou que essas lutas apresentam distintas táticas, estratégias e alinhamentos político-ideológicos. Entretanto, todas elas possuem em comum o fato de se tratar da luta pelo espaço, da luta do uso contra a troca, da apropriação contra a dominação. Ademais, foi demonstrado, por meio do recurso ao método regressivoprogressivo de Lefèbvre, que muitas das contradições que ora se apresentam no processo de luta são contradições produzidas no processo histórico de produção daquele espaço e não surgiram, portanto, na conjuntura atual. Por fim, a contradição que se instala entre moradores, de um lado, e instituições/organizações, de outro lado, deve ser ressignificada à medida que se compreende que a luta dos moradores é, no limite, a luta pela própria vida, inscrita no cotidiano. Trata-se de um exercício que procura apontar, deste modo, para a união dessas lutas, necessária em um cenário de extrema fragilidade e adversidade.In the context of productive restructuring of capital and the deepening of neoliberal ideology, the urban space has been produced under the auspices of the financialisation of the economy and growing interpenetration of exchange value over use value. Under this conjuncture, cities are conceived as companies, and start to function under the logic of public –private partnerships. It is within this political and economic framework that we observe the entrance of the Urban Operation Consortium in the Port of Rio Region, usually known as Porto Maravilha (Wonder Port), in the docklands area of the city of Rio de Janeiro. Therefore, the intention of this research is to understand the contradictions of this process in the light of historical and dialectical materialism, represented by authors such as Henri Lefebvre and David Harvey, in dialogue with theoretical frameworks through the understanding of power relations in the process of production of urban space such as the analyzes of Michel Foucault and John Holloway. These readings are linked with the experience of the author in the scope of the Port Community Forum, from which is concluded that the operation in question is configured as a strategy to enable the reproduction of the capitalism through the domination over the historical and actual uses of that space. This process, in turn, implies the construction / mobilization of different power relations and forms of struggle that have contradictions within each other. The research showed that these struggles have different tactics, strategies and political-ideological alignments. However, they all have in common the fact that it is the struggle for the space, the struggle of the use against the exchange, the appropriation against the domination. Furthermore, it was demonstrated through the use of regressive-progressive method of Lefebvre, that many of the contradictions that occur in the struggle process are contradictions that are produced in the historical process of production of that space and did not appear, therefore, at the actual conjuncture. Finally, the contradiction that occurs between residents on the one hand, and institutions / organizations, on the other hand, must be resignified as it is understood that the struggle of the residents is, ultimately, the struggle for the life itself, present in the everyday. It is an exercise that attempts to point out, therefore, to the gathering of these struggles, necessary in a scenario of extreme fragility and adversity.308 p.Oliveira, Márcio Piñon deCosta, Rogério Haesbaert daCruz, Valter do CarmoGarcía, Fernanda Ester SánchezCardoso, Isabel Cristina da CostaRobira, Rosa Maria TelloGiannella, Letícia de Carvalho2024-07-30T17:05:20Z2024-07-30T17:05:20Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfGIANNELLA, Letícia de Carvalho. Revirando o “Porto Maravilha”: luta pelo espaço e contradições urbanas na zona portuária do Rio de Janeiro. 2015. 308 f. 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