Recuperação do Estoque de Carbono em manguezais replantados : um estudo de caso na APA de Guapi-Mirim, RJ

• Autor(a) principal: Corrêa, Thayná de Ciza Cantanhêde
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/31247
• topic: Carbono Azul; Carbono orgânico do Solo; Mudanças climáticas; Restauração ambiental; Áreas úmidas costeiras; Restauração ambiental; Carbono orgânico do solo; Carbono Azul; Mudança climática; Manguezal; Guapimirim (RJ); Blue carbon; Soil organic carbon; Climate change; Environmental restoration; Coastal wetlands

A emergência da crise climática reforça a necessidade da busca por estratégias e práticas que visem a mitigação dos gases do efeito estufa (GEEs) na atmosfera e de seus impactos advindos. Neste sentido, os manguezais são ecossistemas com alta capacidade de sequestro e retenção de carbono (C), em especial nos solos, sendo responsáveis pelo maior acúmulo de C no mundo e, assim, exercem um papel significativo para o combate e mitigação das mudanças climáticas. Apesar de sua relevância, as atividades antrópicas e o uso e ocupação do solo têm ameaçado a existência desse ecossistema, com a redução das áreas de manguezais e impactos no fornecimento de seus serviços ecossistêmicos no mundo todo. Desta forma, este estudo foi realizado em quatro (04) bosques de manguezais na Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim, localizados no recôncavo da Baía de Guanabara (RJ), sendo eles: uma área não vegetada (NV), dois (2) bosques replantados em 2013 (M7) e 2011 (M9) e um bosque recuperado naturalmente ao longo de 30 anos (R). Este trabalho objetiva avaliar o restabelecimento dos estoques de carbono nos solos e na biomassa vegetal em manguezais replantados. Nestes bosques foram avaliados parâmetros físico-químicos do solo (Eh, pH e granulometria), coletadas amostras de solo para análises laboratoriais (conteúdos de carbono e nitrogênio, estoques de C e assinaturas isotópicas δ13C e δ15N) e de dados de biomassa vegetal e de raízes e, posteriormente, foi feito sua análise estatística. Foi identificado que os solos variaram de condições redox sub-óxicas a anóxicas (média dos bosques variando entre -97 e +121 mV), com valores de pH levemente ácidos (valores médios entre 6,2 e 6,8 entre os bosques) e compostos majoritariamente por silte em todos os bosques analisados (valores médios variando entre 68,6 e 90,8%). Observou-se teores médios elevados de COT (entre 9,0 e 18,2%) e C/N (maiores que 15, valores médios entre 17,1 e 32,9) e empobrecidos de NT (valores médios entre 0,3 e 1,1%), δ 13C (valores médios entre -28,17 e -27,22‰) e δ 15N (valores médios entre 3,61 e 4,97‰) nos solos de todos os bosques, que correlacionados indicam que a matéria orgânica é originada, predominantemente, por plantas terrestres C3. Quanto aos resultados de estoque de C da biomassa vegetal, raízes e solos, é perceptível uma progressão temporal de maiores acúmulos de C conforme o aumento da idade dos bosques, com um destaque do estoque de C nos solos de todos os bosques (com ΣECS entre 712 a 1253,9 Mg C ha-1 e ΣECSeqv entre 559,3 e 1253,9 Mg C ha-1) e com diferença significativa do bosque R com os maiores valores de estoque de C (p < 0,05; ΣECS e ΣECSeqv de 1.253,9 Mg C ha-1), seguido por valores intermediários na biomassa vegetal (valores médios variando entre 79,8 e 150,8 Mg ha-1 e estoque de C entre 38,3 e 72,4 Mg C ha-1) e por fim, menores valores nas raízes (valores médios variando entre 53,4 e 85,3 Mg ha-1) e estoque de C entre 20,8 e 40,9 Mg C ha-1), com uma taxa de acúmulo média de C variando entre 11,4 e 16,8 e entre 7,6 e 9,5 Mg ha-1 ano-1 para a biomassa vegetal e raízes, respectivamente Conclui-se, a partir dos resultados observados, a relação da presença da vegetação com o sequestro de C, reforçando a importância na compreensão da dinâmica de C e a recuperação dos estoques de C nesses ecossistemas.