Sistemas Construídos e Memória Social: Uma Arqueologia Urbana?.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mello, Marco Antonio da Silva
Data de Publicação: 1984
Outros Autores: Vogel, Arno
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/12020
Resumo: O desenvolvimento das cidades e as transformações que provoca nos sistemas construídos, ao longo de diferentes períodos históricos, abre perspectivas para que se proceda a uma leitura arqueológica dos espaços urbanos. Esta pretende não só registrar a sucessão de padrões urbanísticos, mas estabelecer uma correlação entre as diferentes formas urbanas das quais foram preservados testemunhas e os modos de vida - as práticas quotidianas - que caracterizam esses ambientes. A idéia de propor uma arqueologia urbana começou a surgir em 1979, no Catumbi. O bairro estava, na época, sujeito a um processo de intervenção que por muito pouco não levou ao seu total desaparecimento. Havia uma pesquisa em curso cuja preocupação central eram as formas de apropriação dos espaços de uso coletivo para fins de lazer. O trabalho envolvia uma equipe integrada por profissionais de diferentes áreas - arquitetura, urbanismo, educação, sociologia e antropologia -, embora seu viés dominante fosse a perspectiva antropológica. Durante todo o período da pesquisa de campo percorremos o bairro em inúmeras caminhadas. Andamos até que soubéssemos de cor, não só os limites consensuais do seu território, os nomes e localização de suas vilas, ruas e logradouros públicos, mas ainda toda sorte de informações a respeito de suas realidade arquitetônica, da evolução urbana que tinha experimentado a partir do século XIX, bem como dos modos de vida que haviam caracterizado a comunidade de moradores nas diferentes épocas de sua existência. Boa parte dessas explorações tiveram o caráter de visitas guiadas. Isso era uma decorrência do próprio estilo de trabalho, pois desejávamos escrever uma etnografia que levasse em conta a versão dos próprios atores. Queríamos aprender. Tínhamos nossas teorias e sabíamos que eles tinham as deles. O problema era como juntar todas elas em uma versão abrangente capaz de explicar mais completamente as perguntas que nos ocupavam. Por isso nos deixamos guiar, ouvindo e registrando com atenção tudo que nos era contado a respeito do que consideravam relevante mostrar-nos. Logo a primeira caminhada nos proporcionou uma experiência curiosa, cujo alcance só se revelaria, por inteiro, algum tempo depois. E foi desse primeiro contato, dessa experiência inusitada que surgiu, mais tarde, a idéia da proposta de uma arqueologia do urbano.
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