A Companhia de Jesus e os Pregadores Japoneses: missões jesuíticas e mediação religiosa 1549-1614
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/13884 |
Resumo: | A difusão do Evangelho no Japão começou com a chegada dos jesuítas em 1549. Donos de uma cultura peculiar e de uma estrutura social hierarquizada, os japoneses se tornaram alvos da admiração dos missionários, que chegaram a adjetiva-los de Brancos da Ásia. O Japão estava localizado na zona de periferia do império português, o que acarretou sérias complicações para a evangelização. Além da distância em relação à Goa e a falta de padres e de recursos, havia as disparidades culturais, religiosas e linguísticas, somadas a instabilidade política por conta da Sengoku-Jidai. No século XVI, os jesuítas utilizaram o modelo de cooperação com as elites locais e as diferentes estratégias de adaptação como meios de obter resultados consideráveis para o catolicismo nos arquipélagos de Kyushu e Honshu. No cotidiano dos padres, os percalços quase sempre foram superados com a ajuda dos nativos, levando Companhia de Jesus a pensar na elaboração de um corpo de auxiliares e catequistas, chamados de dógicos, com intuito de dar suporte linguístico e doutrinário aos padres. Entre 1549 e 1578, os catequistas foram largamente utilizados pelos jesuítas, no entanto, sua institucionalização veio somente a partir de 1579, quando Alessandro Valignano instituiu a política de formação desses indivíduos a partir de colégios e seminários. As manobras institucionais do visitador evidenciaram a predileção pelos dógicos, que a partir das décadas de 1580 e 1590 passaram por um processo de aprimoramento educacional com a criação de seminários e colégios no Japão e em Macau. Apesar do relativo sucesso das missões, o início do século XVII foi marcado pelos recuos nessas comunidades cristãs, em consequência da ascensão do xogunato Tokugawa. Entretanto, entre 1598 e 1614, período de atividade do bispo de Funai, D. Luís de Cerqueira, começaram a acontecer as primeiras ordenações de nativos no Japão com a criação do Seminário Diocesano de Nagasaki. Deste modo, o receio do fracasso do cristianismo por conta das reviravoltas políticas levou os jesuítas transformarem os dógicos em um clero nativo, garantindo a sobrevivência de suas comunidades mesmo no auge das perseguições religiosas. |
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No século XVI, os jesuítas utilizaram o modelo de cooperação com as elites locais e as diferentes estratégias de adaptação como meios de obter resultados consideráveis para o catolicismo nos arquipélagos de Kyushu e Honshu. No cotidiano dos padres, os percalços quase sempre foram superados com a ajuda dos nativos, levando Companhia de Jesus a pensar na elaboração de um corpo de auxiliares e catequistas, chamados de dógicos, com intuito de dar suporte linguístico e doutrinário aos padres. Entre 1549 e 1578, os catequistas foram largamente utilizados pelos jesuítas, no entanto, sua institucionalização veio somente a partir de 1579, quando Alessandro Valignano instituiu a política de formação desses indivíduos a partir de colégios e seminários. As manobras institucionais do visitador evidenciaram a predileção pelos dógicos, que a partir das décadas de 1580 e 1590 passaram por um processo de aprimoramento educacional com a criação de seminários e colégios no Japão e em Macau. Apesar do relativo sucesso das missões, o início do século XVII foi marcado pelos recuos nessas comunidades cristãs, em consequência da ascensão do xogunato Tokugawa. Entretanto, entre 1598 e 1614, período de atividade do bispo de Funai, D. Luís de Cerqueira, começaram a acontecer as primeiras ordenações de nativos no Japão com a criação do Seminário Diocesano de Nagasaki. Deste modo, o receio do fracasso do cristianismo por conta das reviravoltas políticas levou os jesuítas transformarem os dógicos em um clero nativo, garantindo a sobrevivência de suas comunidades mesmo no auge das perseguições religiosas.The spread of the gospel in Japan began with the arrival of the Jesuits in 1549. Owners of a peculiar culture and a hierarchical social structure, the Japanese became the target of the admiration of the missionaries, who came to adjectives from White of Asia. Japan was located in the periphery of the Portuguese empire, which caused serious complications for evangelization. Apart from the distance from Goa and the lack of priests and resources, there were cultural, religious and linguistic disparities, along with political instability on behalf of Sengoku-Jidai. In the sixteenth century, the Jesuits used the model of cooperation with local elites and different strategies of adaptation as a way to achieve considerable results for Catholicism in the Kyushu and Honshu archipelagos. In the daily life, the mishaps were almost always overcome with the help of the natives, leading Companhia de Jesus to think about the elaboration of a corps of auxiliaries and catechists, called dógicos, in order to give linguistic and doctrinal support to the parents. Between 1549 and 1578, the catechists were widely used by the Jesuits, however, their institutionalization came only from 1579, when Alessandro Valignano instituted the policy of training these individuals from colleges and seminaries. The institutional artifice of the visitor showed the predilection for the dógicos, who from the 1580s and 1590s underwent a process of educational improvement with the creation of seminars and colleges in Japan and Macao. Despite the relative success of the missions, the beginning of the seventeenth century was marked by retreats in these Christian communities, as a consequence of the rise of the Tokugawa shogunate. However, between 1598 and 1614, the period of activity of the Bishop of Funai, D. Luís de Cerqueira, began the first ordinations of natives in Japan with the creation of the Nagasaki Diocesan Seminary. In this way, the fear of Christianity's failure due to political upheavals led the Jesuits to transform the dógicos into a native clergy, guaranteeing the survival of their communities even at the height of religious persecution.319fNiteróiGarcia, Elisa FrühaufCruz, Bruna Dutra de Oliveira SoalheiroFaria, Patrícia Souza deRaminelli, Ronald JoséVainfas, RonaldoTavares, Célia Cristina da SilvaCalainho, Daniela BuonoFernantes, Eunícia Barros BarcelosLeão, Jorge Henrique Cardoso2020-06-03T15:53:47Z2020-06-03T15:53:47Z2017info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/13884Aluno de doutoradoopenAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-07-08T16:59:02Zoai:app.uff.br:1/13884Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:13:59.670658Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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