Viuvez e cotidiano das mulheres em meados dos oitocentos : (Pernambuco, 1842-1853)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Braga, Carolina de Toledo
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28214
Resumo: O objetivo dessa pesquisa é estudar as mulheres em estado de viuvez que viveram entre os anos 1842 e 1853 no Recife em meio a Insurreição Praieira, com foco nas participações delas no mundo do trabalho e nas suas lutas pela sobrevivência. Analisei o fenômeno da viuvez feminina no século XIX tanto nas classes mais abastadas da sociedade como nas classes pobres, especificamente entre as trabalhadoras. Como fonte foram utilizados anúncios de dois jornais em circulação à época, o Diario Novo e o Diario de Pernambuco, além de inventários e a legislação civil então em vigor. O estudo analisa como se constitui o protagonismo feminino diante da viuvez e como se procede a quebra da normatização dos papéis sociais nessas situações. Esse protagonismo é percebido pela atuação dessas mulheres nas questões relacionadas ao mundo do trabalho cotidiano, na independência financeira e no exercício do poder. Assim, colocar em movimento o conceito de patriarcado e patriarcalismo (cruzando a análise das fontes com a historiografia, os estudos feministas e de gênero) foi um caminho teórico essencial para a pesquisa. Busquei entender como as mulheres conduziam os negócios após a morte dos maridos e como utilizavam-se da viuvez enquanto título para consolidar um status social no mundo do trabalho. Um dos caminhos também foi entender as representações existentes na época sobre a viuvez - os usos e tradições do luto, as mudanças de ritos e comportamentos dessas mulheres. E, voltando o olhar para a constituição do mercado matrimonial da época, definir as estratégias de sobrevivência das viúvas após a morte dos maridos. Para isso foram levantadas questões sobre viuvez, herança, partilha, dote e acesso à propriedade na legislação civil utilizada na época, as Ordenações Filipinas. Adentrando no campo das análises microssociais, essa dissertação investiga a trajetória de Umbelina Coelho da Silva Ribeiro Roma depois da morte do marido dela, Luiz Ignácio Ribeiro Roma (1848), durante a Insurreição Praieira. Ela passou a ser conhecida pelo título de Viúva Roma e assumiu as propriedades do “seu cazal”, no vocabulário da época, uma loja de livros e a Typographia Imparcial – que mudou de nome para Typographia da Viúva Roma. A partir da trajetória de Umbelina e das viúvas professoras de primeiras letras, essa pesquisa busca apontar a participação política ativa de mulheres no mundo letrado em meados oitocentistas na província de Pernambuco.
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Esse protagonismo é percebido pela atuação dessas mulheres nas questões relacionadas ao mundo do trabalho cotidiano, na independência financeira e no exercício do poder. Assim, colocar em movimento o conceito de patriarcado e patriarcalismo (cruzando a análise das fontes com a historiografia, os estudos feministas e de gênero) foi um caminho teórico essencial para a pesquisa. Busquei entender como as mulheres conduziam os negócios após a morte dos maridos e como utilizavam-se da viuvez enquanto título para consolidar um status social no mundo do trabalho. Um dos caminhos também foi entender as representações existentes na época sobre a viuvez - os usos e tradições do luto, as mudanças de ritos e comportamentos dessas mulheres. E, voltando o olhar para a constituição do mercado matrimonial da época, definir as estratégias de sobrevivência das viúvas após a morte dos maridos. Para isso foram levantadas questões sobre viuvez, herança, partilha, dote e acesso à propriedade na legislação civil utilizada na época, as Ordenações Filipinas. Adentrando no campo das análises microssociais, essa dissertação investiga a trajetória de Umbelina Coelho da Silva Ribeiro Roma depois da morte do marido dela, Luiz Ignácio Ribeiro Roma (1848), durante a Insurreição Praieira. Ela passou a ser conhecida pelo título de Viúva Roma e assumiu as propriedades do “seu cazal”, no vocabulário da época, uma loja de livros e a Typographia Imparcial – que mudou de nome para Typographia da Viúva Roma. A partir da trajetória de Umbelina e das viúvas professoras de primeiras letras, essa pesquisa busca apontar a participação política ativa de mulheres no mundo letrado em meados oitocentistas na província de Pernambuco.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe research aims to examine the survival strategies of widows, free, freed and enslaved, in the context of a political effervescence coming from the last liberal rebellion from the Brazilian Empire, the Praieira Insurrection, in the 1840s, that takes place in the Province of Pernambuco, in the north of the country (currently a north-east state). This way, widows will be analysed as a representation filter, to think about the experiences of women on their own in Brazil's slavery patronage-based society. Drawing from newspapers articles and announcements from the two most important diary newspapers of the time, which are Diario Novo and Diario de Pernambuco, from dead husbands’ inventories and civil legislation of the time, findings suggest that widows were active in the public sphere, also inserted in the worlds of business, politics, letter and labour. The research is into the field of Social History and Gender Studies, proposing to show that women were present in the public sphere, heating the economy with daily-life practices in urban centers. It mains objectives include understanding how the female protagonism against the widowhood is constituted and also how the social normalization roles are broken inside these situations. The concept of patriarchy has been undescore and problematized as a teorethical way to understood those broken roles and rules. Umbelina Coelho da Silva was Widow Roma, who was also known as Umbelina Ribeiro Roma or Umbelina Coelho da S. Roma, lived in Recife in middle 19thcentury. Her husband Luiz Ignácio Ribeiro Roma had died in the context of the Praieira Insurrection by december 1848. His death was meaningful to her, she assumed the “couple’s” business, a library and a typography. Besides administering the business, she changed the typography’s name to Tipografia da Viúva Roma (freedom translation: Widow Roma’s Typography). Widows became owners, managers and editors of the typographics offices. To understand how they acted on world of letter, this research underlines women active participation on the words of politics and letters in mid eigthteen hundreds Pernambuco.171 p.Castro, Hebe Maria Mattos Gomes deMuaze, Mariana FerreiraCarvalho, Marcus Joaquim Maciel deBraga, Carolina de Toledo2023-03-15T12:40:32Z2023-03-15T12:40:32Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfBRAGA, Carolina de Toledo. 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