Caminhos da recepção surrealista no Brasil e na Argentina: criação e crítica em Murilo Mendes e Julio Cortázar
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/9508 |
Resumo: | Este trabalho realiza uma leitura crítica de parte das produções poéticas de Murilo Mendes e Julio Cortázar desde a perspectiva do diálogo travado com o repertório de ideias surrealistas e os recuos e investidas que estabelecem com os contextos literários brasileiro e argentino. Os livros Poliedro (1965-1966), Retratos-Relâmpago (1965-1966) e Conversa Portátil (1931-1974), de Murilo Mendes e La vuelta al día en ochenta mundos (1967), Último round (1969) e Territorios (1978), de Julio Cortázar se constituem de textualidades fragmentárias e heterogêneas nas quais a aliança entre crítica e criação articula um espaço de simultânea transgressão das formas dadas e configuração de uma intertextualidade intensa que dilata a leitura e nos lança à aproximação com outras produções artísticas. Nesta abertura a outros textos, pudemos pensar as diversas formas de por em ação as práticas que problematizam os paradigmas iniciais com os quais o surrealismo sai à cena no contexto das vanguardas históricas. O caminho dinâmico que estas produções percorrem nos leva a observar tanto a pertinência deste conjunto de práticas como a retomada crítica de certas linhas de frente que o constituía. Procuramos, assim, estudar a força crítico-criativa que manteve aceso um investimento experimental e evidenciou as dicotomias e contradições que surgiam neste processo. Dentre estas práticas, o questionamento do Livro, das noções de autoria e de estilo convencionais e das possibilidades da palavra poética mobilizam as tensões entre o arbitrário e o deliberado e a autonomia artística e sua possibilidade de integração na vida cotidiana. As junções improváveis que a aposta surrealista incita desdobrarão questões relativas ao espessor temporal de sua empresa e o aspecto sempre relacional que marca a dinâmica de seleções e reconstruções de sua recepção, assim como os problemas das perspectivas de leitura que cindem o movimento entre uma opção ideológica, vinculada à heterodoxia, e outra estética, à ortodoxia. A partir e para além dos textos de Murilo e Cortázar, buscamos perseguir e construir roteiros possíveis da recepção crítica do surrealismo na tentativa de evidenciar ressonâncias entre os problemas que surgem da análise do corpus literário e os que circulam no campo cultural brasileiro e argentino. Entre o ruído das polêmicas e os silêncios, os caminhos do surrealismo revelam fissuras na homogeneidade dos discursos vigentes |
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Caminhos da recepção surrealista no Brasil e na Argentina: criação e crítica em Murilo Mendes e Julio CortázarMurilo MendesJulio CortázarSurrealismoRecepçãoSurrealismo (literatura)RecepçãoMendes, Murilo, 1901-1975 crítica e interpretaçãoCortázar, Julio, 1914-1984 crítica e interpretaçãoRecepciónSurrealismReceptionEste trabalho realiza uma leitura crítica de parte das produções poéticas de Murilo Mendes e Julio Cortázar desde a perspectiva do diálogo travado com o repertório de ideias surrealistas e os recuos e investidas que estabelecem com os contextos literários brasileiro e argentino. Os livros Poliedro (1965-1966), Retratos-Relâmpago (1965-1966) e Conversa Portátil (1931-1974), de Murilo Mendes e La vuelta al día en ochenta mundos (1967), Último round (1969) e Territorios (1978), de Julio Cortázar se constituem de textualidades fragmentárias e heterogêneas nas quais a aliança entre crítica e criação articula um espaço de simultânea transgressão das formas dadas e configuração de uma intertextualidade intensa que dilata a leitura e nos lança à aproximação com outras produções artísticas. Nesta abertura a outros textos, pudemos pensar as diversas formas de por em ação as práticas que problematizam os paradigmas iniciais com os quais o surrealismo sai à cena no contexto das vanguardas históricas. O caminho dinâmico que estas produções percorrem nos leva a observar tanto a pertinência deste conjunto de práticas como a retomada crítica de certas linhas de frente que o constituía. Procuramos, assim, estudar a força crítico-criativa que manteve aceso um investimento experimental e evidenciou as dicotomias e contradições que surgiam neste processo. Dentre estas práticas, o questionamento do Livro, das noções de autoria e de estilo convencionais e das possibilidades da palavra poética mobilizam as tensões entre o arbitrário e o deliberado e a autonomia artística e sua possibilidade de integração na vida cotidiana. As junções improváveis que a aposta surrealista incita desdobrarão questões relativas ao espessor temporal de sua empresa e o aspecto sempre relacional que marca a dinâmica de seleções e reconstruções de sua recepção, assim como os problemas das perspectivas de leitura que cindem o movimento entre uma opção ideológica, vinculada à heterodoxia, e outra estética, à ortodoxia. A partir e para além dos textos de Murilo e Cortázar, buscamos perseguir e construir roteiros possíveis da recepção crítica do surrealismo na tentativa de evidenciar ressonâncias entre os problemas que surgem da análise do corpus literário e os que circulam no campo cultural brasileiro e argentino. Entre o ruído das polêmicas e os silêncios, os caminhos do surrealismo revelam fissuras na homogeneidade dos discursos vigentesConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ)Este trabajo realiza una lectura crítica de parte de las producciones poéticas de Murilo Mendes y Julio Cortázar desde la perspectiva del diálogo establecido con el repertorio de ideas surrealistas y las embestidas y repliegues que estas establecen con los contextos literarios brasileño y argentino. Los libros Poliedro (1965-1966), Retratos-Relâmpago (1965-1966) y Conversa Portátil (1931-1974), de Murilo Mendes y La vuelta al día en ochenta mundos (1967), Último round (1969) y Territorios (1978), de Julio Cortázar, se constituyen de textualidades fragmentarias y heterogéneas en las que la alianza entre crítica y creación articula un espacio de simultánea transgresión de las formas dadas y configuración de una intertextualidad intensa que dilata la lectura y nos lanza hacia la aproximación a otras producciones artísticas. En esta apertura a otros textos, pudimos pensar las diversas formas de poner en acción las prácticas que problematizan los paradigmas iniciales con los que el surrealismo salió a la escena en el contexto de las vanguardias históricas. El camino dinámico que estas producciones recorren nos lleva a observar tanto la pertinencia de este conjunto de prácticas como la retomada crítica de ciertas líneas de avance que lo constituía. Buscamos, de esta manera, estudiar la fuerza crítico-creativa que mantuvo encendida una inversión experimental y evidenció las dicotomías y contradicciones que surgían en este proceso. Dentro de estas prácticas, el cuestionamiento del Libro, de las nociones de autoría y estilo convencionales y de las posibilidades de la palabra poética mobilizan las tensiones entre lo arbitrario y lo deliberado y la autonomía artística y su posibilidad de integración en la vida cotidiana. Las convergencias improbables que la apuesta surrealista incita se desdoblan en cuestiones relativas al espesor temporal de su empresa y al aspecto siempre relacional que marca la dinámica de selecciones y reconstrucciones de su recepción, así como los problemas de las perspectivas de lectura que escinden el movimento entre una opción ideológica, vinculada a la heterodoxia, y otra estética, a la ortodoxia. A partir y más allá de los textos de Murilo y Cortázar, buscamos perseguir y construir guiones posibles de la recepción crítica del surrealismo con el objetivo de evidenciar las resonancias entre los problemas que surgen del análisis del corpus literario y los que circulan en el campo cultural brasileño y argentino. Entre el ruido de las polémicas y los silencios, los caminos del surrealismo en ambos países revelan fisuras en la homogeneidad de los discursos vigentesThis study makes a critical reading of part of the poetic production of Murilo Mendes and Julio Cortázar from the perspective of the dialogue between the repertoire of surrealistic ideas and the setbacks and advances that are established with the Brazilian and Argentinean literary context. The books Poliedro (1965-1966), Retratos-Relâmpago (1965-1966) and Conversa Portátil (1931-1974), from Murilo Mendes and La vuelta al día en ochenta mundos (1967), Último round (1969) e Territorios (1978) from Julio Cortázar are fragmentary and heterogeneous textualities in which the alliance between the critic and the creation articulates a space of simultaneous transgression of the commom sense forms and the configuration of an intense intertextuality which dilates the reading and bring us closer with other artistic productions. The openness to other texts, made us think about the different ways in which we could pursue the practices that question the initial paradigm in which the surrealism comes out in the context of historical vanguards. The dynamic path in the course of these productions, leads us to observe the relevance of this set of practices as well as the critical resumption of certain issues present in the surrealist begginings. Our aim was to study the critical-creative force that kept lit an experimental investment and highlighted the dichotomies and contradictions that arouse in this process. Among these practices, the questioning of the book, the authorship notions and conventional style and the possibilities of the poetic word, mobilize the tensions between the arbitrary and the deliberated, and the artistic autonomy and its possible integration in everyday life. The unlikely combinations that the surrealistic bet makes, unfold issues related to temporal extent of its enterprise and its relational aspect, characterized by the dynamic selections and reconstruction of its reception, as well as, the problems of the reading perspectives that separate the movement between an ideological choice, linked to heterodoxy and other aesthetic, linked with the orthodoxy. From and beyond Murilo and Cortázar's texts, we seek to pursue and build possible routes of Surrealism critical reception in an attempt to show resonances between the problems arising from the analysis of the literary corpus and the ones circulating in the Brazilian and Argentinean cultural fields. Between the noise and the silence of the controversies, the paths of Surrealism reveal fissures in the homogeneity of current discoursesGelado, Gladys VivianaWiller, Cláudio JorgeMoraes, Marcelo Jacques deCarrizo, Silvina LilianaPedrosa, Célia de Moraes RegoLemus, Víctor Manuel RamosLabriola, Rodrigo FernándezPessôa, Bárbara Nayla Piñeiro de Castro2019-05-17T13:35:39Z2019-05-17T13:35:39Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/9508openAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-12-17T18:52:34Zoai:app.uff.br:1/9508Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:00:09.901304Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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