Transgressão e punição no Génos dos Àtridas: representações acerca do 'sistema de conduta' na pólis dos atenienses (VIII-V séculos a. C.)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Talita Nunes
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/14510
Resumo: Desde o século VIII a.C. a personagem mítica Clitemnestra foi representada pelos artesãos e poetas gregos como uma mulher transgressora. Tal constatação foi possível por meio da análise das obras de Homero (VIII a.C.), Hagias (VIII a.C.), Hesíodo (VIII-VII a.C.), Estesícoro (VII-VI a.C) e Píndaro (VI-V a.C.), assim como pela iconografia arcaica na qual Clitemnestra foi representada. Por conseguinte, partimos da análise da „construção‟ desta tradição no imaginário helênico de forma a mostrar que a mesma foi acolhida pelos tragediógrafos e artesãos dos vasos cerâmicos de figuras vermelhas da Atenas do século V a.C . Deste modo, buscamos observar através de sua interação com os personagens masculinos (Agamêmnon, Egisto e Orestes) que a ela se relacionam dentro da temática da Oresteia o papel do gênero em determinar um ato como transgressor e em estabelecer repreensões e punições as transgressões. Isto posto, verificamos que os referidos personagens cometiam desvios aos valores de sophrosýne, timé e eusébeia - pertencentes ao „sistema de conduta‟ ateniense - tanto nas peças trágicas como na documentação imagética analisada. Ao efetuar transgressões a estes valores a heroína e os heróis transgridem igualmente os ideais de comportamento de masculino e feminino vigentes na pólis. Em nossa análise observamos que tais atos transgressivos eram repreendidos/punidos nas tragédias, assim como nas imagens sobre a cerâmica ática de figuras vermelhas. Ao examinar estas repreensões e punições presentes na documentação (Oréstia de Ésquilo; Electra de Sófocles; Electra, Ifigênia em Táuris e Orestes de Eurípides; bem como a imagética ática) verificamos que na Atenas do V séc.a.C. os atos desviantes cometidos por mulheres eram percebidos e submetidos a julgamento diferenciado quando comparado as transgressões praticadas pelos cidadãos masculinos
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Deste modo, buscamos observar através de sua interação com os personagens masculinos (Agamêmnon, Egisto e Orestes) que a ela se relacionam dentro da temática da Oresteia o papel do gênero em determinar um ato como transgressor e em estabelecer repreensões e punições as transgressões. Isto posto, verificamos que os referidos personagens cometiam desvios aos valores de sophrosýne, timé e eusébeia - pertencentes ao „sistema de conduta‟ ateniense - tanto nas peças trágicas como na documentação imagética analisada. Ao efetuar transgressões a estes valores a heroína e os heróis transgridem igualmente os ideais de comportamento de masculino e feminino vigentes na pólis. Em nossa análise observamos que tais atos transgressivos eram repreendidos/punidos nas tragédias, assim como nas imagens sobre a cerâmica ática de figuras vermelhas. Ao examinar estas repreensões e punições presentes na documentação (Oréstia de Ésquilo; Electra de Sófocles; Electra, Ifigênia em Táuris e Orestes de Eurípides; bem como a imagética ática) verificamos que na Atenas do V séc.a.C. os atos desviantes cometidos por mulheres eram percebidos e submetidos a julgamento diferenciado quando comparado as transgressões praticadas pelos cidadãos masculinosSince the 8th century B.C., the mythical character Clytemnestra has been represented by Greek artisans and poets as a transgressive woman. Such observation was possible through analyses of masterpieces like those of Homer (8th B.C.), Hagia (8th B.C.), Hesiod (8th B.C.), Stesichorus (7th – 6th B.C.) and Pindar (6th – 5th B.C.), as well as the archaic iconography in which Clytemnestra was represented. Thus, we set out to analyze the „construction‟ of that tradition in Hellenic imaginary in order to assume that it had also embraced by both tragedians and potters in 5th c. B.C. Athens. Therefore, based on Clytemnestra‟s interaction with male characters that were related to her inside the plot of Oresteia (Agamemnon, Aegisthus and Orestes), this work analyses gender role in establishing an act as transgressor and determining repressions and punishments to those transgressions. Keeping those points in mind, we have noticed that the characters committed deviations from the values of sophrosyne, time and eusebeia - included the Athenian „conduct system‟ - as much in tragic performances as in imagery analyzed here. By committing transgressions to those values, the heroine and heroes equally transgress the ideal male and female behaviors present in the polis. In our analysis, we observed that such transgressive acts were scolded/punished in the tragedies, as well as in the images about the atic ceramic. By scanning these reproaches and punishments (Oresteia by Aeschylus; Electra by Sophocles; Electra, Iphigenia in Tauris and Orestes by Euripides; likewise the atic imagery), we could verify that in the Classical Athens the deviating acts committed by women were noticed and fudged in a different way when compared to the transgressions committed by the male citizens419 f.NiteróiLima, Alexandre Carneiro CerqueiraTacla, Adriene BaronVieira, Ana Livia BomfimPereira, Ana Paula LopesMoraes, Alexandre Santos deSilva, Talita Nunes2020-07-28T13:33:30Z2020-07-28T13:33:30Z2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSILVA, Talita Nunes. Transgressão e punição no Génos dos Àtridas: representações acerca do 'sistema de conduta' na pólis dos atenienses (VIII-V séculos a. C.). 2016. 419 f. 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