A institucionalização das Ciências Biológicas na universidade brasileira: investigando sentidos nas matrizes curriculares de Ciências Naturais e História Natural (1934-1942)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Pedroso, Carla Vargas
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15782
Resumo: Esta tese investiga a institucionalização do campo de conhecimento de Ciências Biológicas como curso de graduação nas instituições universitárias em sua relação com o contexto brasileiro da primeira metade do século XX. A revisão de literatura mostrou que são poucos os estudos a respeito da história desses cursos e que o tema centralizado na origem deste, do ponto de vista educacional, ainda não se constitui objeto de pesquisas da área de educação e de Ciências Biológicas, tampouco vem ganhando a atenção de historiadores da educação. Assim, fez-se a opção por um estudo de cunho histórico e curricular conduzido por fundamentos epistêmicos de diversas discussões educacionais, tais como a construção social e histórica do currículo, a constituição de disciplinas escolares, a construção do conhecimento escolar, reformas, mudanças e estabilidades curriculares, e a história e cultura das instituições educativas. Defende-se que a efervescência político-econômica, o movimento de otimismo pela educação, o crescimento do espaço e da relevância da ciência para a sociedade brasileira, o fenômeno de institucionalização das universidades públicas, e numa esfera mais ampla, a constante arena de disputa por uma biologia autônoma e unificada, potencializaram a gestação dos primeiros projetos de cursos de Ciências Biológicas no País. As discussões sobre esses fatores foram organizadas sob os auspícios das questões nacionalistas e de modernização do Brasil, que desde o inicio do século XX se enredaram aos mais variados discursos e as mais diversas práticas, dentre elas, as educativas, as científicas e as universitárias. Deste modo, apontamentos a respeito da história da educação brasileira e do desenvolvimento da ciência Biologia são reunidos para desmistificar o processo de oficialização dos cursos de Ciências Biológicas. Ao mesmo tempo, corporificam-se esses pressupostos na análise dos cursos da Universidade de São Paulo e da Universidade do Distrito Federal, no período entre 1934 e 1942. Esses projetos de curso emergiram da análise empírica como fundamentais na compreensão da história das Ciências Biológicas na universidade, por serem os primeiros, por serem usados como referência na criação de outros cursos e pela posição política de suas instituições. Com essa perspectiva, os cursos foram interrogados quanto aos seus contextos internos e relações externas. Nesse caminho, atos legislativos, currículos, atas de reuniões, cartas pessoais, relatórios de atividades, depoimentos de professores e alunos, dentre outros, constituíram o corpus empírico. Na imersão de uma análise entrecruzada, os documentos escritos, orais e iconográficos possibilitaram insurgir interpretações para os princípios e atos que colocaram os projetos de curso em movimento. A partir das análises, compôs-se uma periodização dos cursos de graduação estabelecidos nas universidades brasileiras entre 1934 e 1972, respectivamente, quando a Universidade de São Paulo e a Universidade do Rio de Janeiro oficializam propostas desses cursos, e quando se estabelece o prazo máximo para transformar a denominação de todos os cursos brasileiros de História Natural em Ciências Biológicas (Parecer n.107/70). O segundo momento da investigação focalizou os cursos criados até o ano de 1942, quando, então, ocorre uma discrepância na nomenclatura das Ciências Biológicas ofertadas no ensino secundário e no ensino superior. Assim, questionou-se de que modo os cursos universitários criados a época, tendo como um de seus objetivos a formação dos quadros de atuação no ensino secundário, responderam a essa demanda. Fez-se então uma análise dos projetos de cursos de Ciências Naturais e História Natural da USP e da UDF, buscando compreendê-los a partir da criação dessas instituições, da organização da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na USP e da Escola de Ciências na UDF, bem como das aspirações dos sujeitos que participaram de seu cotidiano
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Assim, fez-se a opção por um estudo de cunho histórico e curricular conduzido por fundamentos epistêmicos de diversas discussões educacionais, tais como a construção social e histórica do currículo, a constituição de disciplinas escolares, a construção do conhecimento escolar, reformas, mudanças e estabilidades curriculares, e a história e cultura das instituições educativas. Defende-se que a efervescência político-econômica, o movimento de otimismo pela educação, o crescimento do espaço e da relevância da ciência para a sociedade brasileira, o fenômeno de institucionalização das universidades públicas, e numa esfera mais ampla, a constante arena de disputa por uma biologia autônoma e unificada, potencializaram a gestação dos primeiros projetos de cursos de Ciências Biológicas no País. As discussões sobre esses fatores foram organizadas sob os auspícios das questões nacionalistas e de modernização do Brasil, que desde o inicio do século XX se enredaram aos mais variados discursos e as mais diversas práticas, dentre elas, as educativas, as científicas e as universitárias. Deste modo, apontamentos a respeito da história da educação brasileira e do desenvolvimento da ciência Biologia são reunidos para desmistificar o processo de oficialização dos cursos de Ciências Biológicas. Ao mesmo tempo, corporificam-se esses pressupostos na análise dos cursos da Universidade de São Paulo e da Universidade do Distrito Federal, no período entre 1934 e 1942. Esses projetos de curso emergiram da análise empírica como fundamentais na compreensão da história das Ciências Biológicas na universidade, por serem os primeiros, por serem usados como referência na criação de outros cursos e pela posição política de suas instituições. Com essa perspectiva, os cursos foram interrogados quanto aos seus contextos internos e relações externas. Nesse caminho, atos legislativos, currículos, atas de reuniões, cartas pessoais, relatórios de atividades, depoimentos de professores e alunos, dentre outros, constituíram o corpus empírico. Na imersão de uma análise entrecruzada, os documentos escritos, orais e iconográficos possibilitaram insurgir interpretações para os princípios e atos que colocaram os projetos de curso em movimento. A partir das análises, compôs-se uma periodização dos cursos de graduação estabelecidos nas universidades brasileiras entre 1934 e 1972, respectivamente, quando a Universidade de São Paulo e a Universidade do Rio de Janeiro oficializam propostas desses cursos, e quando se estabelece o prazo máximo para transformar a denominação de todos os cursos brasileiros de História Natural em Ciências Biológicas (Parecer n.107/70). O segundo momento da investigação focalizou os cursos criados até o ano de 1942, quando, então, ocorre uma discrepância na nomenclatura das Ciências Biológicas ofertadas no ensino secundário e no ensino superior. Assim, questionou-se de que modo os cursos universitários criados a época, tendo como um de seus objetivos a formação dos quadros de atuação no ensino secundário, responderam a essa demanda. Fez-se então uma análise dos projetos de cursos de Ciências Naturais e História Natural da USP e da UDF, buscando compreendê-los a partir da criação dessas instituições, da organização da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras na USP e da Escola de Ciências na UDF, bem como das aspirações dos sujeitos que participaram de seu cotidianoConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoThis thesis investigates the institutionalization of the field of knowledge of Biological Sciences as undergraduate course in universities in its relationship with the Brazilian context of the first half of the twentieth century. The literature review showed that there are few studies about the history of these courses and that the topic centered on the origin of this, from the educational point of view, is not yet the object of research in the area of education and Biological Sciences, nor has it been gaining the attention of historians of education. Thus, it was made the choice of a historical and curricular study led by epistemic foundations of several educational discussions, such as the social and historical construction of the curriculum, the constitution of school disciplines, the construction of school knowledge, reforms, changes and curricular stabilities, and the history and culture of educational institutions. It is argued that the political and economic turmoil, the optimistic movement for education, growth of space and relevance of science to Brazilian society, the phenomenon of institutionalization of public universities, and in a broader sphere, the constant arena of dispute by an autonomous and unified biology, potentiated the gestation of the first projects of Biological Sciences courses in the country. Discussions on these factors were organized under the auspices of nationalist and modernization issues in Brazil, which since the beginning of the twentieth century have become entangled in the most varied discourses and the most diverse practices, among them, educational, scientific and university ones. Thus, notes about the history of Brazilian education and the development of Biology science are gathered to demystify the process of officialization of Biological Sciences courses. At the same time, these assumptions are embodied in the analysis of the courses of the University of São Paulo and the University of the Federal District, in the period between 1934 and 1942. These course projects emerged from the empirical analysis as fundamental in understanding the history of biological sciences at the university, because they are the first, because they are used as a reference in the creation of other courses and by the political position of their institutions. From this perspective, the courses were questioned about their internal contexts and external relations. In this way, legislative acts, curricula, meeting minutes, personal letters, activity reports, teacher and students testimonials, among others, constitute the empirical corpus. In the immersion of a cross-over analysis, the written, oral and iconographic documents made it possible to instigate interpretations for the principles and acts that put the course projects in motion. From the analyzes, a periodization of the undergraduate courses established in the Brazilian universities was compiled, between 1934 and 1972, respectively, when the University of São Paulo and the University of Rio de Janeiro officially make proposals of these courses, and when establishing the maximum term to transform the denomination of all the Brazilian courses of Natural History in Biological Sciences (Opinion n.107 / 70). The second moment of the investigation focused on the courses created until the year 1942, when, then, a discrepancy occurs in the nomenclature of the Biological Sciences offered in the secondary education and in the higher education. Thus, it was questioned how the university courses created at that time, having as one of its objectives the formation of the working cadres in secondary education, responded to this demand. An analysis was made of the Natural Science and Natural History courses at USP and UDF, seeking to understand them through the creation of these institutions, the organization of the Faculty of Philosophy, Sciences and Letters at USP and the School of Sciences In the UDF, as well as the aspirations of the subjects who participated in their daily lives259 f.Selles, Sandra EscovedoSchueler, Alessandra Frota Martinez deAyres, Ana Cléa Braga MoreiraTavares, Daniele Aparecida de LimaHora, Dayse Martinshttp://lattes.cnpq.br/1616003270703659http://lattes.cnpq.br/3684922991380169Pedroso, Carla Vargas2020-11-03T18:29:20Z2020-11-03T18:29:20Z2017info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfPedroso, Carla Vargas. A institucionalização das Ciências Biológicas na universidade brasileira: investigando sentidos nas matrizes curriculares de Ciências Naturais e História Natural (1934-1942). 2017. 259 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, 2017.https://app.uff.br/riuff/handle/1/15782openAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-12-01T20:58:40Zoai:app.uff.br:1/15782Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:47:38.950310Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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