“Linhas de investigação”: uma etnografia das técnicas e moralidades sobre “homicídios” na Polícia Civil da Região Metropolitana do Rio de Janeiro
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Data de Publicação: | 2016 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/9272 |
Resumo: | O Brasil é o país onde ocorre o maior número absoluto de homicídios no mundo. Em 2014, foram aproximadamente 60 mil casos registrados. No entanto, apenas 6% destas mortes são encaminhadas para a justiça, demonstrando um vácuo que promove a sensação de impunidade em relação ao “crime” de matar alguém. Uma das principais razões atribuídas a esta ineficácia na administração institucional de conflitos que resultam em morte é a ausência de investigação policial. Interessada nesse problema social, a presente tese toma os “homicídios” como categoria central para analisar os processos de investigação e tratamento institucional de mortes na região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. O texto está elaborado considerando a gestão e a gerência de mortos vítimas de “mortes matadas” e o encadeamento das práticas e lógicas em processo no âmbito da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo. O trabalho de campo nesta repartição burocrática e policial teve como objetivo compreender como sujeitos, coisas e fatos se relacionavam e interagiam entre si constituindo-se em “homicídios”. Deste modo, não se tem foco nos produtos ou resultados das “investigações”, mas nos processos observados em continuidade, no traçar e desenrolar cotidiano da técnica nomeada “linha de investigação”. A etnografia demonstra que tais processos estão orientados por uma “tecnologia de governo”, o inquérito policial, produzido pelas técnicas e moralidades que compõe o saber específico dos policiais. Tais agentes investidos dos poderes “de polícia” e “da polícia” exerciam seu conhecimento técnico e acionavam valores morais para elaborar procedimentos que definiam, pelo cartório, a verdade policial sobre mortos e mortes. O objetivo desta tese é compreender e discutir como ao longo de relações que envolvem o fluxo entre pessoas e coisas se constroem “homicídios”. Fios e traços que se encontram, se cruzam e se misturam, compondo e rompendo percursos, constituindo uma malha pela qual são traçadas e tecidas linhas diversas, preenchidas e vazadas pelas técnicas e moralidades dos policiais. |
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Interessada nesse problema social, a presente tese toma os “homicídios” como categoria central para analisar os processos de investigação e tratamento institucional de mortes na região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. O texto está elaborado considerando a gestão e a gerência de mortos vítimas de “mortes matadas” e o encadeamento das práticas e lógicas em processo no âmbito da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo. O trabalho de campo nesta repartição burocrática e policial teve como objetivo compreender como sujeitos, coisas e fatos se relacionavam e interagiam entre si constituindo-se em “homicídios”. Deste modo, não se tem foco nos produtos ou resultados das “investigações”, mas nos processos observados em continuidade, no traçar e desenrolar cotidiano da técnica nomeada “linha de investigação”. A etnografia demonstra que tais processos estão orientados por uma “tecnologia de governo”, o inquérito policial, produzido pelas técnicas e moralidades que compõe o saber específico dos policiais. Tais agentes investidos dos poderes “de polícia” e “da polícia” exerciam seu conhecimento técnico e acionavam valores morais para elaborar procedimentos que definiam, pelo cartório, a verdade policial sobre mortos e mortes. O objetivo desta tese é compreender e discutir como ao longo de relações que envolvem o fluxo entre pessoas e coisas se constroem “homicídios”. Fios e traços que se encontram, se cruzam e se misturam, compondo e rompendo percursos, constituindo uma malha pela qual são traçadas e tecidas linhas diversas, preenchidas e vazadas pelas técnicas e moralidades dos policiais.Brazil is the country where the highest absolute number of homicides occurs in the world. In 2014, there were approximately 60,000 watches. However, only 6% are killed are referred by a justice, demonstrating a vacuum that promote the sense of impunity regarding the "crime" of killing someone. One of the main reasons attributed to this inefficiency in the institutional administration of conflicts that result in death is the absence of police investigation. Interested in this social problem, I present "homicides" as a central category for the analysis of the processes of investigation and institutional treatment of deaths in the metropolitan region of Rio de Janeiro, Brazil. The text is elaborated considering a management and management of dead victims of "killed deaths" and the chain of practices and logics in the non-direct process of the Homicide Division of Niterói, Itaboraí and São Gonçalo. The field work in the bureaucratic and police division had as objective as subjects, things and facts were related and interacted among themselves constituting themselves in "homicides". Thus, it is not my focus on the products or results of the "investigations", but on the processes observed in continuity, on the everyday tracing and unfolding of the technique called "line of investigation". Ethnography demonstrates that the processes are guided by a "technology of government," the police inquiry, produced by techniques and morals that compose the specific knowledge of police. Such agents invested with the powers of "police" exercised their technical knowledge and triggered moral values to develop procedures, by paper work, a police truth about deaths and deaths. The purpose of this is the problem and the subject as a long of relationships involving the flow between people and things are built "homicide." Yarns and traces that meet, cross and mingle, composing and breaking paths, forming a mesh by which are brought and included, multiples lines, fullfied and leaked by techniques and morals of the police287f.NiteróiLima, Roberto Kant deVargas, JoanaFerreira, Letícia Carvalho de MesquitaGuedes, Simoni LahudPires, Lenin dos SantosEilbaum, LucíaMedeiros, Flavia2019-04-25T15:17:44Z2019-04-25T15:17:44Z2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfMEDEIROS, Flavia. “Linhas de investigação”: Uma etnografia das técnicas e moralidades sobre “homicídios” na Polícia Civil da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 2016. p.287. 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