Uma genealogia dos modos de ser enfermeira e mulher no Brasil: por uma afirmação de um cuidado aterreirado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Paquiela, Eliane Oliveira de Andrade
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/34326
Resumo: Este trabalho tem como objetivo problematizar, baseado no método genealógico, os modos de ser enfermeira e mulher no Brasil a partir de mitos simbólicos. Para analisar os modos de existir enquanto mulheres e enfermeiras, utilizamos o referencial teórico-conceitual de autoras majoritariamente feministas, que nos ajudou a pensar possibilidades de desvios diante da passividade imposta pelos processos de silenciamentos, aniquilação cultural e existencial que historicamente se engendraram no Brasil e que reverberam na invisibilização das enfermeiras no campo da saúde. A metodologia utilizada nesse estudo se ancora no conceito de genealogia formulado pelo pensador francês Michel Foucault, que propõe uma análise crítica dos acontecimentos históricos constituídos pela modernidade, incitando-nos a refletir a partir de uma perspectiva histórica menor, dos saberes e práticas das enfermeiras brasileiras que foram oprimidas e silenciadas pela perspectiva historiográfica hegemônica. Assim, pensando a constituição da enfermeira brasileira e os jogos de forças constituídos socialmente, propomos a ética de um corpo aterreirado, inspiradas por uma perspectiva de mundo abrasileirado cujas práticas são de resistência à dominação. Portanto, o estudo possibilitou reconhecer que o corpo-mulher e o corpo-enfermeira foram atravessados historicamente por relações de força que forjaram práticas de enfermagem cunhadas na noção de caridade, vocação e maternagem. Tais características foram analisadas a partir das simbologias dos mitos de Lilith e Eva e suas representações, que nos apresentam corpos subversivos, despertando medo. Já o mito da Virgem Maria afirma uma suposta essência destinada à abnegação de si em nome do cuidado do outro. A tese aponta para a possibilidade de afirmação de um outro corpo inspirado no mito da Pombagira como aquele corpo potente, aterreirado, forjado na encruzilhada, e que comporta ensinamentos que escapam da objetificação e da individualização, propondo modos de ser mulher e enfermeira plurais, acolhedoras das outras, e com formas mais livres de ser, cuidar e existir.
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A metodologia utilizada nesse estudo se ancora no conceito de genealogia formulado pelo pensador francês Michel Foucault, que propõe uma análise crítica dos acontecimentos históricos constituídos pela modernidade, incitando-nos a refletir a partir de uma perspectiva histórica menor, dos saberes e práticas das enfermeiras brasileiras que foram oprimidas e silenciadas pela perspectiva historiográfica hegemônica. Assim, pensando a constituição da enfermeira brasileira e os jogos de forças constituídos socialmente, propomos a ética de um corpo aterreirado, inspiradas por uma perspectiva de mundo abrasileirado cujas práticas são de resistência à dominação. Portanto, o estudo possibilitou reconhecer que o corpo-mulher e o corpo-enfermeira foram atravessados historicamente por relações de força que forjaram práticas de enfermagem cunhadas na noção de caridade, vocação e maternagem. Tais características foram analisadas a partir das simbologias dos mitos de Lilith e Eva e suas representações, que nos apresentam corpos subversivos, despertando medo. Já o mito da Virgem Maria afirma uma suposta essência destinada à abnegação de si em nome do cuidado do outro. A tese aponta para a possibilidade de afirmação de um outro corpo inspirado no mito da Pombagira como aquele corpo potente, aterreirado, forjado na encruzilhada, e que comporta ensinamentos que escapam da objetificação e da individualização, propondo modos de ser mulher e enfermeira plurais, acolhedoras das outras, e com formas mais livres de ser, cuidar e existir.This work aims to problematize, based on the genealogical method, the ways of being a nurse and a woman in Brazil based on symbolic myths. To analyze the ways of existing as women and nurses, we used the theoretical-conceptual framework of mostly feminist authors, which helped us to think about possibilities of deviations in the face of the passivity imposed by the processes of silencing, cultural and existential annihilation that historically engendered in Brazil and that reverberate in the invisibility of nurses in the field of health. The methodology used in this study is anchored in the concept of genealogy formulated by the French thinker Michel Foucault, who proposes a critical analysis of the historical events constituted by modernity, encouraging us to reflect from a smaller historical perspective, on the knowledge and practices of Brazilian nurses. that were oppressed and silenced by the hegemonic historiographical perspective. Thus, thinking about the constitution of the Brazilian nurse and the socially constituted games of forces, we propose the ethics of a grounded body, inspired by an Afro-Brazilian world perspective whose practices are of resistance to domination. Therefore, the study made it possible to recognize that the body-woman and the body-nurse were historically crossed by power relations that forged nursing practices based on the notion of charity, vocation and mothering. Such characteristics were analyzed from the symbology of the myths of Lilith and Eve and their representations, which present us with subversive bodies, arousing fear. The myth of the Virgin Mary, on the other hand, affirms a supposed essence destined to self-sacrifice in the name of caring for the other. The thesis points to the possibility of affirming another body inspired by the myth of Pombagira as that powerful body, forged at the crossroads, and which contains teachings that escape objectification and individualization, proposing ways of being a woman and a plural nurse, welcoming to others. , and with freer ways of being and existing.Este trabajo tiene como objetivo problematizar, a partir del método genealógico, las formas de ser enfermera y mujer en Brasil a partir de mitos simbólicos. Para analizar los modos de existir como mujeres y enfermeras, utilizamos el marco teórico-conceptual de autoras mayoritariamente feministas, lo que nos ayudó a pensar posibilidades de desvíos frente a la pasividad que imponen los procesos de silenciamiento, aniquilamiento cultural y existencial que históricamente engendrados en Brasil y que repercuten en la invisibilidad de los enfermeros en el campo de la salud. La metodología utilizada en este estudio está anclada en el concepto de genealogía formulado por el pensador francés Michel Foucault, quien propone un análisis crítico de los hechos históricos constituidos por la modernidad, incitándonos a reflexionar desde una perspectiva histórica más pequeña, sobre los saberes y prácticas de Enfermeros brasileños que fueron oprimidos y silenciados por la perspectiva historiográfica hegemónica. Así, pensando en la constitución del enfermero brasileño y los juegos de fuerzas socialmente constituidos, proponemos la ética del cuerpo fundamentado, inspirada en una perspectiva del mundo afrobrasileño cuyas prácticas son de resistencia a la dominación. Por lo tanto, el estudio permitió reconocer que el cuerpo-mujer y el cuerpo-enfermera fueron históricamente atravesados por relaciones de poder que forjaron prácticas de enfermería pautadas en la noción de caridad, vocación y maternidad. Tales características fueron analizadas a partir de la simbología de los mitos de Lilith y Eva y sus representaciones, que nos presentan cuerpos subversivos, suscitando miedo. El mito de la Virgen María, en cambio, afirma una supuesta esencia destinada al autosacrificio en nombre del cuidado del otro. La tesis apunta a la posibilidad de afirmar otro cuerpo inspirado en el mito de Pombogira como ese cuerpo poderoso, forjado en la encrucijada, y que contiene enseñanzas que escapan a la objetivación y la individualización, proponiendo formas de ser mujer y enfermera plural, acogedora del otro y con formas más libres de ser y existir.91 f.Abrahão, Ana Lúciahttp://lattes.cnpq.br/7027005675544329http://lattes.cnpq.br/5370174020095054Paquiela, Eliane Oliveira de Andrade2024-08-20T17:13:29Z2024-08-20T17:13:29Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfPAQUIELA, Eliane Oliveira de Andrade. Uma genealogia dos modos de ser enfermeira e mulher no Brasil: por uma afirmação de um cuidado aterreirado. 2022. 91 f. Tese (Doutorado em Ciências do Cuidado em Saúde) - Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2022.https://app.uff.br/riuff/handle/1/34326CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2024-08-20T17:13:33Zoai:app.uff.br:1/34326Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-20T17:13:33Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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