As práticas intersetoriais no programa saúde na escola (PSE) de Niterói-RJ

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Cavalari Neto, Ranulfo
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/9354
Resumo: A abordagem do tema da saúde na escola, bem como sua articulação com a Educação enquanto setor possui muitas histórias contadas, cada uma contextualizada em interesses políticos e ideológicos específicos de cada momento sócio-histórico. No Brasil, o Programa Saúde na Escola (PSE), enquanto estratégia do Ministério da Saúde (MS) visa contribuir para a formação integral dos estudantes da rede pública da educação básica por meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde. O objetivo desse trabalho foi analisar como o PSE do município de Niterói-RJ construiu sua prática intersetorial da saúde com a educação, sob a ótica dos gestores e profissionais do município. Sob a perspectiva da Teoria da Produção Social da Saúde, a pesquisa procurou responder a seguinte questão norteadora: como são planejadas e executadas as práticas intersetoriais do Programa Saúde na Escola (PSE)? Por meio de uma pesquisa qualitativa foram realizados grupos focais com gestores e profissionais do PSE, entrevistas semiestruturadas com professores, diretores e profissionais da saúde que atuam no Programa, e, observação participante tanto nas reuniões dos grupos de trabalho do PSE como em uma das escolas prioritárias. Optou-se pela Análise de Conteúdo e as categorias empíricas que emergiram foram: saúde escolar na formação inicial; a saúde, o educar e o cuidar; precarização do trabalho e da vida; planejamento; educação em saúde; prevenção das doenças e promoção da saúde; e, intersetorialidade. Porém, a categoria que mais chamou a atenção foi a precarização do trabalho e da vida, principalmente relacionada ao Programa Médico de Família (PMF) e ao enfrentamento cotidiano das violências no território. Sobre a metodologia das intervenções do PSE de Niterói notou-se que os fundamentos teóricos e metodológicos de educação em saúde apresentaram as causas e os efeitos de práticas hegemônicas e contra hegemônicas. A avaliação antropométrica e as ações voltadas à higiene dos escolares foram as mais evidenciadas. Observou-se a influência de uma prática pedagógica tradicional, onde o individuo é responsabilizado por sua saúde. A tutoria dos profissionais nas intervenções realizadas com as crianças e suas famílias e a estratégia de persuasão baseada no risco prevaleceram. Porém, ao mesmo tempo, foram exemplificadas ações utilizando-se de metodologias lúdicas, sendo observado o protagonismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) na realização de tais ações. A intersetorialidade, reconhecida como potência do PSE se operada por meio do diálogo e da parceria, ainda encontra limites, sendo sugerido ao setor Saúde que o PSE não funcione na lógica de “apagar incêndio” de demandas do setor e, à Educação assumir lado a lado o compromisso com o PSE nos espaços de construção coletiva como os Grupos de Trabalho Intersetorial Municipal (GTI-M) e Intersetorial Regionalizado (GTI-R). Conclui-se que as condições de vida e de trabalho encontradas em Niterói foram determinantes para a construção do PSE no município, apesar de todas as dificuldades de formação e de articulação entre os setores, pontes estão sendo construídas pelos supervisores e profissionais do PMF, professoras e diretoras das escolas, assim como as redes colaborativas fortalecidas intra e intersetorialmente
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Sob a perspectiva da Teoria da Produção Social da Saúde, a pesquisa procurou responder a seguinte questão norteadora: como são planejadas e executadas as práticas intersetoriais do Programa Saúde na Escola (PSE)? Por meio de uma pesquisa qualitativa foram realizados grupos focais com gestores e profissionais do PSE, entrevistas semiestruturadas com professores, diretores e profissionais da saúde que atuam no Programa, e, observação participante tanto nas reuniões dos grupos de trabalho do PSE como em uma das escolas prioritárias. Optou-se pela Análise de Conteúdo e as categorias empíricas que emergiram foram: saúde escolar na formação inicial; a saúde, o educar e o cuidar; precarização do trabalho e da vida; planejamento; educação em saúde; prevenção das doenças e promoção da saúde; e, intersetorialidade. Porém, a categoria que mais chamou a atenção foi a precarização do trabalho e da vida, principalmente relacionada ao Programa Médico de Família (PMF) e ao enfrentamento cotidiano das violências no território. Sobre a metodologia das intervenções do PSE de Niterói notou-se que os fundamentos teóricos e metodológicos de educação em saúde apresentaram as causas e os efeitos de práticas hegemônicas e contra hegemônicas. A avaliação antropométrica e as ações voltadas à higiene dos escolares foram as mais evidenciadas. Observou-se a influência de uma prática pedagógica tradicional, onde o individuo é responsabilizado por sua saúde. A tutoria dos profissionais nas intervenções realizadas com as crianças e suas famílias e a estratégia de persuasão baseada no risco prevaleceram. Porém, ao mesmo tempo, foram exemplificadas ações utilizando-se de metodologias lúdicas, sendo observado o protagonismo da Universidade Federal Fluminense (UFF) na realização de tais ações. A intersetorialidade, reconhecida como potência do PSE se operada por meio do diálogo e da parceria, ainda encontra limites, sendo sugerido ao setor Saúde que o PSE não funcione na lógica de “apagar incêndio” de demandas do setor e, à Educação assumir lado a lado o compromisso com o PSE nos espaços de construção coletiva como os Grupos de Trabalho Intersetorial Municipal (GTI-M) e Intersetorial Regionalizado (GTI-R). Conclui-se que as condições de vida e de trabalho encontradas em Niterói foram determinantes para a construção do PSE no município, apesar de todas as dificuldades de formação e de articulação entre os setores, pontes estão sendo construídas pelos supervisores e profissionais do PMF, professoras e diretoras das escolas, assim como as redes colaborativas fortalecidas intra e intersetorialmenteThe approach to the theme of health in school, as well as its articulation with Education as a sector has many stories told, each one contextualized in specific political and ideological interests of each socio-historical moment. In Brazil, the Programa Saúde na Escola (PSE), as a strategy of the Ministry of Health (MH) aims to contribute to the integral training of students in the public basic education network through prevention, promotion and health care. The objective of this study was to analyze how the PSE of the city of Niterói-RJ constructed its intersectoral practice of health with education, from the perspective of the managers and professionals of the municipality. From the perspective of the Theory of Social Production of Health, the research sought to answer the following guiding question: how are the intersectoral practices of the PSE planned and executed? Through a qualitative research, focus groups were conducted with PSE managers and professionals, semi-structured interviews with teachers, directors and health professionals who work in the Program, and participant observation both in the meetings of the PSE working groups and in one of the schools priorities. Content Analysis was chosen and the empirical categories that emerged were: school health in initial training; health, education and care; precariousness of work and life; planning; Health education; disease prevention and health promotion; and, intersectoriality. However, the category that most attracted attention was the precariousness of work and life, mainly related to the Programa Médico de Família (PMF) and the daily confrontation of violence in the territory. On the methodology of interventions of the PSE of Niterói it was noticed that the theoretical and methodological foundations of health education presented the causes and effects of hegemonic and anti-hegemonic practices. The anthropometric evaluation and the actions directed to the hygiene of the students were the most evidenced. It was observed the influence of a traditional pedagogical practice, where the individual is responsible for his health. The mentoring of professionals in interventions with children and their families and the strategy of risk-based persuasion prevailed. However, at the same time, actions were exemplified using playful methodologies, and the role played by the Universidade Federal Fluminense (UFF) in the implementation of such actions was observed. The intersectoriality, recognized as a power of the PSE if operated through dialogue and partnership, still finds limits, and it is suggested to the Health sector that the PSE does not work in the logic of "putting out fire" demands of the sector and, to take on the commitment to the PSE in collective spaces such as Grupos de Trabalho Intersetorial Municipal (GTI-M) and Regionalizado (GTI-R). It is concluded that the living and working conditions found in Niterói were determinant for the construction of the PSE in the municipality, despite all the difficulties of formation and articulation between the sectors, bridges are being built by the supervisors and professionals of the PMF, teachers and school principals, as well as collaborative networks strengthened intra and intersectorally151 f.NiteróiBerger, Sônia Maria DantasSilva, Carlos dos SantosPesce, Renata PiresAlves, Marilene MarinoCollier, Luciana Santoshttp://lattes.cnpq.br/2326887131568390http://lattes.cnpq.br/8153894424364049http://lattes.cnpq.br/0018476397900794http://lattes.cnpq.br/1292347815751175http://lattes.cnpq.br/9783402896476355Cavalari Neto, Ranulfo2019-05-02T12:57:54Z2019-05-02T12:57:54Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfCAVALARI NETO, Ranulfo. As práticas intersetoriais no programa saúde na escola (PSE) de Niterói-RJ. 2019. 151 f. 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