Personagens em processo: narração em Better Call Saul
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/22456 |
Resumo: | Nossa tese busca entender como se realiza a presença e se cumpre a função de um personagem secundário em Breaking Bad, Saul Goodman (Bob Odenkirk). Adjuvante pavonesco do direito (i)legal do protagonista, Walter White (Bryan Cranston), buscamos delinear o que isso significa precisamente. A posteriori, adensamos nosso corpus com outra obra, Better Call Saul, spin-off do primeira, atuando também como sua prequela, posto que sua trama ocorre anos antes dos eventos contados no primeiro seriado. Nele, Goodman ganha sua própria história, focada em seu declínio moral entre Jimmy McGill, seu nome de batismo, e Saul Goodman – advogado criminoso, em sua definição peculiar de si. A partir desse recorte trabalhamos sobre o estatuto do personagem ficcional, na tentativa de compreender como eles foram historicamente rebaixados a meros seres de papel enquanto vivem vidas bastante complexas nas mentes de seus fãs. Sendo multicromáticos, nos termos de James Phelan, os personagens possuem três dimensões principais, duas das quais são as mais importantes para nosso escopo de pesquisa: i) a sintética, ou seja, o tracejado de aspectos ou adjetivos que os constituem enquanto existentes por si próprios; ii) a temática, que se efetua na progressão temporal, onde encontramos, no desfecho, a finalidade de seu pacote aspectual. Dessa maneira, analisamos, por exemplo, a hybris – conceito que pode ser definido como uma arrogância descomedida, e averiguamos que ela é a verdadeira nêmesis ou inimigo de ambos nossos titulares. Ainda, investigamos o regimento do narrador, apontando ele como o responsável pela alocação desses elementos sintéticos a fim de apresentar seu próprio ponto de vista, sua torção sobre a história – ou ótica. Desse modo, é a narração que acopla a arrogância de nossos heróis com a noção de destruição, configurando assim sua efetivação temática: pois lidamos com uma dupla de seres ambiciosos e esnobes em dois mundos nos quais esses predicados são recompensados com a pior das fortunas. Exploramos todas essas questões num texto entrelaçado entre a dramaturgia, fonte dos adjetivos e da estratégia textual que conforma o próprio narrador e sua encenação, dos milimétricos mises-en-shot das obras, que as elevam ao patamar das grandes produções. Por fim, destacamos que os personagens possuem tempos de existência diferentes, ainda que possam aparentar estarem física e contiguamente lado a lado. Um desses modos de existir se concretiza no tempo sucessivo – da supracitada progressão, das causas e efeitos, atos, arcos, até o destino implacável do fim. O outro é uma disposição de acúmulo de espaço, num tempo que não se move, somente se expande sem a obrigação de se concluir ou modificar. E, em consequência, examinamos como Saul Goodman, um mesmo personagem, trafega naturalmente entre esses estados: estando, de forma respectiva, no primeiro em seu próprio show e no segundo em Breaking Bad. |
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A partir desse recorte trabalhamos sobre o estatuto do personagem ficcional, na tentativa de compreender como eles foram historicamente rebaixados a meros seres de papel enquanto vivem vidas bastante complexas nas mentes de seus fãs. Sendo multicromáticos, nos termos de James Phelan, os personagens possuem três dimensões principais, duas das quais são as mais importantes para nosso escopo de pesquisa: i) a sintética, ou seja, o tracejado de aspectos ou adjetivos que os constituem enquanto existentes por si próprios; ii) a temática, que se efetua na progressão temporal, onde encontramos, no desfecho, a finalidade de seu pacote aspectual. Dessa maneira, analisamos, por exemplo, a hybris – conceito que pode ser definido como uma arrogância descomedida, e averiguamos que ela é a verdadeira nêmesis ou inimigo de ambos nossos titulares. Ainda, investigamos o regimento do narrador, apontando ele como o responsável pela alocação desses elementos sintéticos a fim de apresentar seu próprio ponto de vista, sua torção sobre a história – ou ótica. Desse modo, é a narração que acopla a arrogância de nossos heróis com a noção de destruição, configurando assim sua efetivação temática: pois lidamos com uma dupla de seres ambiciosos e esnobes em dois mundos nos quais esses predicados são recompensados com a pior das fortunas. Exploramos todas essas questões num texto entrelaçado entre a dramaturgia, fonte dos adjetivos e da estratégia textual que conforma o próprio narrador e sua encenação, dos milimétricos mises-en-shot das obras, que as elevam ao patamar das grandes produções. Por fim, destacamos que os personagens possuem tempos de existência diferentes, ainda que possam aparentar estarem física e contiguamente lado a lado. Um desses modos de existir se concretiza no tempo sucessivo – da supracitada progressão, das causas e efeitos, atos, arcos, até o destino implacável do fim. O outro é uma disposição de acúmulo de espaço, num tempo que não se move, somente se expande sem a obrigação de se concluir ou modificar. E, em consequência, examinamos como Saul Goodman, um mesmo personagem, trafega naturalmente entre esses estados: estando, de forma respectiva, no primeiro em seu próprio show e no segundo em Breaking Bad.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorBreaking Bad, Saul Goodman (Bob Odenkirk), is fulfilled. A flamboyant helper to the (i)legal rights of the protagonist, Walter White (Bryan Cranston), we seek to outline precisely what this means. Furthermore, we densified our corpus with another work, Better Call Saul, a spin-off of the first, also acting as its prequel, since its plot occurs years before the events told in the first series. In it, Goodman gains his own story, focused on his moral decline between Jimmy McGill, his birth name, and Saul Goodman – a criminal lawyer, in his peculiar definition of himself. From this research focus, we work on the status of the fictional character, in an attempt to understand how they were historically demoted to mere paper beings while living quite complex lives in the minds of their fans. Being multichromatic, in James Phelan's terms, the characters have three main dimensions, two of which are of the most important for the scope to our research: i) the synthetic, that is, the dashed of aspects or adjectives that constitute them while existents on their own; ii) the thematic, which takes place in temporal progression, where we find, in the outcome, the purpose of their aspectual package. In this way, we analyze, for example, hybris - a concept that can be defined as an unreasonable arrogance, and find out that it is the true nemesis or enemy of both our protagonists. Besides, we investigate the narrator's statute, pointing him as responsible for the allocation of these synthetic elements to present his point of view, his twist on history - or optics. Thus, it is the narration that couples the arrogance of our heroes with the notion of destruction, thus configuring their thematic effectuation: because we deal with a pair of ambitious and snobbish beings in two worlds in which these predicates are rewarded with the worst of fortunes. We explore all of these issues in a text interwoven between dramaturgy, the source of adjectives, and the textual strategy that shapes the narrator himself, and the staging, of the millimetric mises-en-shot of the works, which elevates them to the level of great productions. Finally, we highlight that the characters have different times of existence, although they may appear to be physically and contiguously side by side. One of these ways of existing takes shape in the successive time – from the aforementioned progression, from causes and effects, acts, arcs, to the relentless fate of the end. The other is an arrangement of accumulation of space, in a time that does not move, only expands without the obligation to become complete or modified. As a result, we examine how Saul Goodman, the same character, travels naturally between these states: being, respectively, in the first condition in his own show and in the second in Breaking Bad.207f.Picado, BenjamimCastellano, MaykaSilva, MarcelCastro, Maria GuilherminaRocha, Simone Mariahttp://lattes.cnpq.br/3641470786909705Anchieta, Wanderley2021-07-01T18:45:48Z2021-07-01T18:45:48Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfANCHIETA, Wanderley. Personagens em processo: narração em Better Call Saul. 2021. 207 f. 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