Nômades digitais: um estudo etnográfico sobre trabalho móvel contemporâneo e estilo de vida
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/22652 |
Resumo: | O termo “nômade digital” surge no século XXI, designando profissionais-viajantes que têm como propósito desenvolver suas atividades e gerar renda enquanto se deslocam mundo afora. Esse estilo de vida, caracterizado por viagens constantes, ganha cada vez mais adeptos, que compartilham do ideal de uma rotina flexível, combinando trabalho e viagens, através do uso das ferramentas de comunicação móvel. Tais indivíduos apresentam e defendem o nomadismo digital como forma de escapar da rotina e de modelos de trabalho que consideram limitantes e alcançar realização pessoal, além de possibilidade de viajar pelo mundo sem limitações. O fenômeno tomou forma predominantemente através de plataformas de redes sociais online, principal cenário de construção simbólica desse estilo de vida, por meio de imagens e relatos que pintam um cenário idílico de como é viver como um nômade digital. Esta tese empreende uma abordagem etnográfica multi-situada desse grupo que busca viver em constante movimento. O objetivo é compreender quem são esses sujeitos “(hiper)móveis” – como classifica O’Regan (2008) – e o que seu estilo de vida nos revela sobre o mundo atual, principalmente nos campos do trabalho e das mobilidades de estilo de vida (COHEN et al, 2015). Mais especificamente, busca-se descrever o surgimento do fenômeno, bem como as transformações sociais que o tornaram possível, identificar suas principais características e interpretar as sociabilidades dos indivíduos e grupos que levam a cabo o estilo de vida nômade digital. Para isso, foi realizada pesquisa de campo com inspiração etnográfica na cidade de Barcelona entre outubro de 2018 e maio de 2019, que contou com observação participante e entrevistas em profundidade com 19 pessoas, além de observações nos ambientes online a partir dos quais o grupo se organizava. Foi possível observar como as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, aliadas às transformações do capitalismo – atualmente informacional e desterritorializado –, favorecem o surgimento de novas mobilidades, como apontado por Sheller e Urry (2006), e, consequentemente, novos estilos de vida que se pretendem móveis e flexíveis. Além disso, a viagem aparece como uma potencialidade sendo a ideia de liberdade e de poder mover-se central para o nomadismo digital, apontando para uma potência de movimento que é particular e cara ao grupo estudado. Sendo assim, este trabalho discute questões como o que significa “viver em movimento” nos dias de hoje e quais subjetividades se constroem a partir desse contexto de (hiper)mobilidades físicas e virtuais; o que há por trás do discurso de rejeição do trabalho corporativo (considerado imóvel, limitante) e da celebração de um estilo de vida flexível e trabalho dito independente, focado no indivíduo; e quais as possíveis consequências do fenômeno, tanto na esfera do indivíduo e das subjetividades quanto na esfera social mais ampla. Espera-se, assim, contribuir com o debate acerca dos estilos de vida e mobilidades contemporâneos, bem como as transformações atuais nos campos do trabalho e o papel das novas tecnologias nesse contexto. |
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Nômades digitais: um estudo etnográfico sobre trabalho móvel contemporâneo e estilo de vidaDigital nomads: an ethnographic study of contemporary mobile work and lifestyleNomadismo DigitalMobilidadesTecnologias de Informação e ComunicaçãoEstilo de VidaEtnografia Multi-SituadaEtnografia virtualNomadismoMobilidade de pessoalEstilo de vidaTecnologias de Informação e ComunicaçãoDigital NomadismMobilitiesInformation and Communication TechnologiesLifestyleMulti-sited EthnographyO termo “nômade digital” surge no século XXI, designando profissionais-viajantes que têm como propósito desenvolver suas atividades e gerar renda enquanto se deslocam mundo afora. Esse estilo de vida, caracterizado por viagens constantes, ganha cada vez mais adeptos, que compartilham do ideal de uma rotina flexível, combinando trabalho e viagens, através do uso das ferramentas de comunicação móvel. Tais indivíduos apresentam e defendem o nomadismo digital como forma de escapar da rotina e de modelos de trabalho que consideram limitantes e alcançar realização pessoal, além de possibilidade de viajar pelo mundo sem limitações. O fenômeno tomou forma predominantemente através de plataformas de redes sociais online, principal cenário de construção simbólica desse estilo de vida, por meio de imagens e relatos que pintam um cenário idílico de como é viver como um nômade digital. Esta tese empreende uma abordagem etnográfica multi-situada desse grupo que busca viver em constante movimento. O objetivo é compreender quem são esses sujeitos “(hiper)móveis” – como classifica O’Regan (2008) – e o que seu estilo de vida nos revela sobre o mundo atual, principalmente nos campos do trabalho e das mobilidades de estilo de vida (COHEN et al, 2015). Mais especificamente, busca-se descrever o surgimento do fenômeno, bem como as transformações sociais que o tornaram possível, identificar suas principais características e interpretar as sociabilidades dos indivíduos e grupos que levam a cabo o estilo de vida nômade digital. Para isso, foi realizada pesquisa de campo com inspiração etnográfica na cidade de Barcelona entre outubro de 2018 e maio de 2019, que contou com observação participante e entrevistas em profundidade com 19 pessoas, além de observações nos ambientes online a partir dos quais o grupo se organizava. Foi possível observar como as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, aliadas às transformações do capitalismo – atualmente informacional e desterritorializado –, favorecem o surgimento de novas mobilidades, como apontado por Sheller e Urry (2006), e, consequentemente, novos estilos de vida que se pretendem móveis e flexíveis. Além disso, a viagem aparece como uma potencialidade sendo a ideia de liberdade e de poder mover-se central para o nomadismo digital, apontando para uma potência de movimento que é particular e cara ao grupo estudado. Sendo assim, este trabalho discute questões como o que significa “viver em movimento” nos dias de hoje e quais subjetividades se constroem a partir desse contexto de (hiper)mobilidades físicas e virtuais; o que há por trás do discurso de rejeição do trabalho corporativo (considerado imóvel, limitante) e da celebração de um estilo de vida flexível e trabalho dito independente, focado no indivíduo; e quais as possíveis consequências do fenômeno, tanto na esfera do indivíduo e das subjetividades quanto na esfera social mais ampla. Espera-se, assim, contribuir com o debate acerca dos estilos de vida e mobilidades contemporâneos, bem como as transformações atuais nos campos do trabalho e o papel das novas tecnologias nesse contexto.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe term “digital nomad” appears in the 21st century, designating travelling professionals who seek to engage in work activities and generate income while moving around the world. This lifestyle, characterized by constant travel, gathers more adepts each day who share the ideal of a flexible routine combining work and travel made possible by mobile communication tools. Such individuals present and advocate for digital nomadism as a way of escaping 9-5 routines and working models they consider limiting, achieving personal fulfilment, as well as the possibility of traveling around the world without limitations. The phenomenon took shape predominantly through social networking sites, which is the main scenario for symbolic construction of this lifestyle, where they post images and descriptions that create an idyllic scenario of how it is like to live as a digital nomad. This thesis is the result of a multi-sited ethnographic study of this group of people who seek a life of constant movement. The objective is to understand who these “(hyper)mobile” subjects are – as classified by O’Regan (2008) – and what their lifestyle reveals about contemporary western societies, especially in the fields of work and lifestyle mobility (COHEN et al, 2015). More specifically, it seeks to describe the emergence of the phenomenon, as well as the social transformations that made it possible, identify its main characteristics and interpret the sociabilities of individuals and groups that carry out the digital nomad lifestyle. For this purpose, field research with ethnographic inspiration was carried out in Barcelona, Spain, between October 2018 and May 2019, with participant observation and in-depth interviews with 19 people, as well as observation in online platforms the group used to organize their activities. It was possible to observe how the new Information and Communication Technologies, combined with the transformations of capitalism – currently informational and deterritorialized – favour the emergence of new mobilities, as pointed out by Sheller and Urry (2006), and, consequently, new lifestyles that are intended to be mobile and flexible. Moreover, travel appears as a potentiality, being the idea of freedom and the possibility to move anywhere any time central to digital nomadism, which indicates a potentiality of movement that is particular and dear to the group studied. Thus, this work discusses issues such as: what “living on the move” means today and which subjectivities are constructed from this context of physical and virtual (hyper)mobilities; what lies behind the discourse of rejection of corporate work (considered immobile, limiting) and the celebration of a flexible lifestyle and self-employed, individual-focused work; and what are the possible consequences of the phenomenon, both in the individual and in the wider social spheres. I therefore expect to contribute to the debate on contemporary lifestyles and mobility, as well as the current changes in the fields of work and the role of new technologies in this context.203f.Barros, CarlaPolivanov, BeatrizCampanella, BrunoNogueira, Maria Alice de FariaCasaqui, VanderPiera, Elisendahttp://lattes.cnpq.br/5254298622042704Santos, Patrícia Matos dos2021-07-16T14:27:08Z2021-07-16T14:27:08Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSANTOS, Patrícia Matos dos. Nômades digitais: um estudo etnográfico sobre trabalho móvel contemporâneo e estilo de vida. 2020. 203f. Tese (Doutorado em Comunicação) - Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020.https://app.uff.br/riuff/handle/1/22652Aluno de Doutoradohttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-08-24T18:08:58Zoai:app.uff.br:1/22652Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:52:51.455717Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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