Dimensões da participação política indígena na formação do Estado Nacional Brasileiro: revoltas em Pernambuco e Alagoas (1817-1848)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dantas, Mariana Albuquerque
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15955
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo central analisar as diferentes dimensões da participação de indígenas nas quatro principais revoltas ocorridas em Pernambuco e Alagoas na primeira metade do século XIX, que foram a Insurreição de 1817, a Confederação do Equador (1824), a Guerra dos Cabanos ou Cabanada (1832-1835) e a Praieira (1848). Embora grupos indígenas de várias aldeias tenham se envolvido nos conflitos armados, os aldeados em Jacuípe, Barreiros e Cimbres tiveram participação mais intensa. Essas revoltas são entendidas como momentos cruciais do processo de formação do Estado nacional brasileiro, pois nelas estavam sendo discutidos os diversos projetos políticos defendidos por diferentes segmentos das elites. Mesmo tendo sido iniciadas por membros das elites provinciais, as revoltas se constituíram enquanto espaços de participação política dos indígenas envolvidos pois, na maioria das vezes, conseguiam atrelar suas necessidades e expectativas mais específicas aos interesses mais amplos tantos de líderes rebeldes, quanto dos da repressão. As motivações dos indígenas, em grande parte dos casos, estavam relacionadas à manutenção do território das aldeias e à defesa da administração desses espaços da maneira que melhor lhes conviesse. Em outras situações, os índios foram coagidos a participar dos conflitos por meio de recrutamentos forçados realizados tanto por potentados locais não indígenas, quanto por um líder indígena, cujo objetivo era defender seus interesses particulares. Apesar dessas situações de participação forçada, o envolvimento de índios nas revoltas ocorreu em torno de conflitos entre índios e não índios pelas terras das aldeias. Esses espaços tinham papel central da vida dos indígenas aqui estudados, pois neles, durante o período colonial, vivenciaram o primeiro processo de territorialização e reelaboraram suas identidades e culturas. Nesse sentido, as aldeias foram constituídas enquanto espaços apropriados pelos indígenas, onde protagonizaram sua ressocialização diante do contexto colonial. No século XIX, a partir das aldeias, os indígenas elaboraram suas redes de relacionamentos com não índios, baseadas em alianças ou inimizades que se transformavam a depender das circunstâncias políticas, e construíram espaços informais e formais de participação política na formação do Estado nacional brasileiro
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Mesmo tendo sido iniciadas por membros das elites provinciais, as revoltas se constituíram enquanto espaços de participação política dos indígenas envolvidos pois, na maioria das vezes, conseguiam atrelar suas necessidades e expectativas mais específicas aos interesses mais amplos tantos de líderes rebeldes, quanto dos da repressão. As motivações dos indígenas, em grande parte dos casos, estavam relacionadas à manutenção do território das aldeias e à defesa da administração desses espaços da maneira que melhor lhes conviesse. Em outras situações, os índios foram coagidos a participar dos conflitos por meio de recrutamentos forçados realizados tanto por potentados locais não indígenas, quanto por um líder indígena, cujo objetivo era defender seus interesses particulares. Apesar dessas situações de participação forçada, o envolvimento de índios nas revoltas ocorreu em torno de conflitos entre índios e não índios pelas terras das aldeias. Esses espaços tinham papel central da vida dos indígenas aqui estudados, pois neles, durante o período colonial, vivenciaram o primeiro processo de territorialização e reelaboraram suas identidades e culturas. Nesse sentido, as aldeias foram constituídas enquanto espaços apropriados pelos indígenas, onde protagonizaram sua ressocialização diante do contexto colonial. No século XIX, a partir das aldeias, os indígenas elaboraram suas redes de relacionamentos com não índios, baseadas em alianças ou inimizades que se transformavam a depender das circunstâncias políticas, e construíram espaços informais e formais de participação política na formação do Estado nacional brasileiroCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorAs central purpose, this work aims at analyzing different dimensions of indigenous groups participation from four major revolts occurred in Pernambuco and Alagoas in the first half of the Nineteenth Century, which were: Insurreição de 1817, Confederação do Equador (1824), Guerra dos Cabanos or Cabanada (1832-1835) and Praieira (1848). Although indigenous groups from many villages have been involved in armed conflicts, villagers from Jacuípe, Barreiros and Cimbres had a more intense participation. These conflicts are seen as crucial moments in the process of the Brazilian National State consolidation, because at that time were being discussed several political projects supported by different segments of the elite. Despite the uprisings were initiated by members of the provincial elite, they also constituted a space of political participation for those indigenous groups and in most cases, the groups could align their specific needs and expectations with the interests of many rebel leaders and repression’s purpose. The native’s motivations, in most cases, were related to the maintenance of the villagers territory and to the defense in keeping the administration of these spaces in ways that could best suit the indigenous groups. In other situations, Indians were compelled to participate in the dispute through forced recruitment carried out by non-indigenous local leaders, as by an indigenous leader, whose goal was to defend their particular aspirations. Despite these situations of forced indigenous participation, the involvement of indians in the uprisings occurred around conflicts between indians and non-indians in order to keep themselves in the lands of the villages. These territories served as central role in the lives of indigenous studied here, mainly during the colonial period, when those groups experienced the first process of territorizalização and reinvention of their identities and cultures. In this sense, the villages were established as suitable spaces by the indians, where indians experienced their rehabilitation in face of the colonial context. In the Nineteenth Century, the indigenous elaborated their social networks with non-indians, based on alliances or enmities that turned to depend on political circumstances, and built informal and formal spaces of political participation in the formation of the Brazilian State321 f.NiteróiAlmeida, Maria Regina Celestino deCarvalho, Marcus Joaquim Maciel deMoreira, Vânia Maria LosadaCastro, Hebe Maria da Costa Mattos Gomes deGarcia, Elisa FrühaufOliveira, João Pacheco deDantas, Mariana Albuquerque2020-11-15T19:21:13Z2020-11-15T19:21:13Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfDANTAS, Mariana Albuquerque. Dimensões da participação política indígena na formação do Estado Nacional Brasileiro: revoltas em Pernambuco e Alagoas (1817-1848). 2015. 321 f. 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