Depois da catástrofe: para uma crítica da violência no Teatro de Plínio Marcos
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/27603 |
Resumo: | Essa pesquisa trata da análise crítica e interpretativa da dramaturgia de Plínio Marcos que representa as formas de violência e as relações de poder no lumpen e nas prisões. O estudo se concentra sobre o romance Querô, uma reportagem maldita, a adaptação teatral homônima, e o drama A mancha roxa. Para tanto, parte-se de duas instâncias de análise, a crítica do poder como violência (Gewalt) e as mutações estéticas do drama contemporâneo. Nas peças de Plínio Marcos, o poder institucional, através do aparelho prisional e da violência que o instaura e o mantém, investe sobre os corpos dos indivíduos marginalizados na produção de subjetividades danificadas, de acordo com Walter Benjamin, Giorgio Agamben, Idelber Avelar, Jeanne Marie Gagnebin, entre outros. Os diálogos entre os personagens, as cenas de violações, os relatos de fragmentos de vida, as projeções psicológicas e as rememorações indicam as estratégicas discursivas pelas quais a violência e a experiência traumática são representadas em cena. Além disso, ao estudar a voz das vítimas, apreendem-se as políticas de sobrevivência dos sujeitos ficcionais para resistirem à desumanização e ao extermínio no cárcere. Em termos compositivos, o contexto de exceção e de perda de cidadania é fundamental no processo de abertura da fábula teatral para textualidades que fazem uso da memória traumática dos personagens e da forma-testemunho. De acordo, os dramas de Plínio Marcos rejeitam a concepção sintagmática das ações, o “belo animal” de Aristóteles e Hegel, para assumirem uma configuração pós-catástrofe das cenas. Na composição, o passado de violências do personagem é agenciado no presente da enunciação por uma “dramaturgia do retorno” e por um processo descontínuo e disjuntivo das lembranças, segundo os pressupostos de Peter Szondi, Jean-Pierre Sarrazac, Jacques Rancière, Bertolt Brecht e Joseph Danan. Nesse caminho crítico, a imagem anatômica da unidade da fábula é deslocada para uma metáfora teratológica que propõe o mythos como reminiscência e testemunho, político e íntimo, do sujeito ficcional. A fábula é remontada em uma razão inorgânica e retrospectiva da sequência dos atos, consubstanciando um tratamento estético que caracteriza o que denominamos de dramaturgia pós-catástrofe. Por último, nos escritos dramáticos de Plínio Marcos percebe-se como a distopia e a estrutura de soberania das prisões são disseminadas para outros espaços marginais, como o lumpen, sendo espelhadas na ação policial e em outras figuras representativas do poder. |
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