(Des)(re)territorialização dos catadores de materiais recicláveis em São Paulo: de territorialidades precárias às disputas no interior do território

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Asada, Alexandre Henrique
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/32315
Resumo: O presente trabalho trata sobre as recentes transformações na realidade dos catadores de materiais recicláveis em São Paulo, com a institucionalização da base da cadeia da reciclagem e a promulgação de recentes legislações que regulamentam a gestão de resíduos sólidos urbanos nas cidades, especialmente a lei 12.305/2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que abrem novos horizontes para a situação dos catadores de materiais recicláveis nas cidades do Brasil. De práticas econômicas como estratégia de sobrevivência a outras formas de apropriação da cidade realizadas por sujeitos deslocados de outros setores econômicos, de outras cidades ou até de outras regiões do país, os catadores de materiais recicláveis nas cidades são ditos atualmente “excluídos”, geograficamente “desterritorializados”, mas trata-se de uma situação histórica da sociedade brasileira, que foi intensificada nas últimas décadas devido à inserção do país numa nova ordem mundial competitiva do capitalismo global, na globalização neoliberal, que elevou o desemprego e a precarização do trabalho nas cidades do mundo periférico. A saída para essa situação precária de auto-organização dos pobres urbanos, “excluídos” economicamente, passa a ser a estratégia de formação de empreendimentos econômicos, associações e cooperativas, e melhorar a sua situação diante do mercado, com o apoio de ONGs, de parte do setor empresarial e do Estado. A estratégia e a formação do movimento social dos catadores de materiais recicláveis no Brasil se desenvolve, desta maneira, ao mesmo tempo do crescimento do terceiro setor no Brasil e da chamada “economia solidária”. Por conta disso, envolve-se nas contradições do campo do terceiro setor, entre as ONGs assistenciais e as vinculadas à responsabilidade social empresarial, que na década de 1990 também se misturam. Por outro lado, também entra no campo da “economia solidária”, que flerta com o terceiro setor, mas que tem estratégias próprias de inserção no mercado e de buscar apoios de políticas públicas sociais no governo federal. Por fim, a organização dos catadores permite a constituição de sujeitos políticos que demandam direitos e políticas públicas do Estado em seu favor, tanto na escala municipal quanto na federal. A presente dissertação surge depois de uma imersão nessa realidade contraditória e tenta descrever e analisar algumas nuanças, estratégias e práticas, identificar atores e sujeitos, e explicar processos e estratégias sociais e espaciais dos catadores e suas organizações na cidade de São Paulo. Especialmente, foca na descrição da tentativa de formação de uma rede de comercialização de cooperativas e associações de catadores e, em seguida, busca refletir como essa estratégia culmina numa disputa pelo território na cidade, uma vez que todos os conflitos e contradições aparecem na revisão participativa do Plano de Gestão Integrada dos resíduos Sólidos Urbanos (PGIRS) da cidade de São Paulo. As tensões e conflitos dos catadores com outros atores na cidade surgem na discussão da Revisão Participativa da PGIRS de São Paulo e expressam as contradições presentes também na Política Nacional de Resíduos Sólidos Urbanos (PNRS), em escala nacional, entre diferentes atores e suas intencionalidades, que se materializam de uma maneira velada na letra da lei. Por trás de toda a discussão entre maneiras de coleta, eficiência e tecnologia, e dos discursos de justiça social e “inclusão”, aparecem grupos populares que se apropriam do território da cidade com práticas econômicas diferente das hegemônicas e que disputam o apoio do Estado para o reconhecimento, a melhoria e a implementação de uma remuneração de suas práticas por um lado, enquanto que de outro aparecem indústrias que lucram em cima de um trabalho precário e mal remunerado, grupos estes que não se interessam por mudanças estruturais da economia e da sociedade. No escopo da dissertação isso vai ser entendido como uma disputa dentro do território da cidade, uma busca de reterritorialização e de reorganização do território da cidade e do Estado, por parte de grupos que foram historicamente subalternizados, contrastando com forças que pretendem manter o poder e a hegemonia dentro deste território. Ou seja, trata-se de uma reterritorialização que também está em disputa, uma guerra silenciosa, uma guerra de posição, como discutiu Gramsci.
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De práticas econômicas como estratégia de sobrevivência a outras formas de apropriação da cidade realizadas por sujeitos deslocados de outros setores econômicos, de outras cidades ou até de outras regiões do país, os catadores de materiais recicláveis nas cidades são ditos atualmente “excluídos”, geograficamente “desterritorializados”, mas trata-se de uma situação histórica da sociedade brasileira, que foi intensificada nas últimas décadas devido à inserção do país numa nova ordem mundial competitiva do capitalismo global, na globalização neoliberal, que elevou o desemprego e a precarização do trabalho nas cidades do mundo periférico. A saída para essa situação precária de auto-organização dos pobres urbanos, “excluídos” economicamente, passa a ser a estratégia de formação de empreendimentos econômicos, associações e cooperativas, e melhorar a sua situação diante do mercado, com o apoio de ONGs, de parte do setor empresarial e do Estado. A estratégia e a formação do movimento social dos catadores de materiais recicláveis no Brasil se desenvolve, desta maneira, ao mesmo tempo do crescimento do terceiro setor no Brasil e da chamada “economia solidária”. Por conta disso, envolve-se nas contradições do campo do terceiro setor, entre as ONGs assistenciais e as vinculadas à responsabilidade social empresarial, que na década de 1990 também se misturam. Por outro lado, também entra no campo da “economia solidária”, que flerta com o terceiro setor, mas que tem estratégias próprias de inserção no mercado e de buscar apoios de políticas públicas sociais no governo federal. Por fim, a organização dos catadores permite a constituição de sujeitos políticos que demandam direitos e políticas públicas do Estado em seu favor, tanto na escala municipal quanto na federal. A presente dissertação surge depois de uma imersão nessa realidade contraditória e tenta descrever e analisar algumas nuanças, estratégias e práticas, identificar atores e sujeitos, e explicar processos e estratégias sociais e espaciais dos catadores e suas organizações na cidade de São Paulo. Especialmente, foca na descrição da tentativa de formação de uma rede de comercialização de cooperativas e associações de catadores e, em seguida, busca refletir como essa estratégia culmina numa disputa pelo território na cidade, uma vez que todos os conflitos e contradições aparecem na revisão participativa do Plano de Gestão Integrada dos resíduos Sólidos Urbanos (PGIRS) da cidade de São Paulo. As tensões e conflitos dos catadores com outros atores na cidade surgem na discussão da Revisão Participativa da PGIRS de São Paulo e expressam as contradições presentes também na Política Nacional de Resíduos Sólidos Urbanos (PNRS), em escala nacional, entre diferentes atores e suas intencionalidades, que se materializam de uma maneira velada na letra da lei. Por trás de toda a discussão entre maneiras de coleta, eficiência e tecnologia, e dos discursos de justiça social e “inclusão”, aparecem grupos populares que se apropriam do território da cidade com práticas econômicas diferente das hegemônicas e que disputam o apoio do Estado para o reconhecimento, a melhoria e a implementação de uma remuneração de suas práticas por um lado, enquanto que de outro aparecem indústrias que lucram em cima de um trabalho precário e mal remunerado, grupos estes que não se interessam por mudanças estruturais da economia e da sociedade. No escopo da dissertação isso vai ser entendido como uma disputa dentro do território da cidade, uma busca de reterritorialização e de reorganização do território da cidade e do Estado, por parte de grupos que foram historicamente subalternizados, contrastando com forças que pretendem manter o poder e a hegemonia dentro deste território. Ou seja, trata-se de uma reterritorialização que também está em disputa, uma guerra silenciosa, uma guerra de posição, como discutiu Gramsci.The present work aims to present the reality of the waste pickers in the city of São Paulo, that have been living under the institutionalization of the recycling industry base and the recent laws that regulates the urban solid waste administration in the cities of Brazil, specially the law 12.305/2010, the Solid Waste National Policy. This legislation could benefit the waste pickers and it promises to improve the life of the Brazilian waste pickers. These persons, deterritorialized from their places, some of them from the countryside or other regions of Brazil, other times from different activities in the same city, because of the loss of work in a globalized world, have being the “excluded” as some sociologists and the common sense named the phenomenon. But today this situation has been passing through political changes. The waste pickers are moving from a surviving strategy to a social practice that produces appropriation of the city to that social group. The situation of this kind of urban poverty, of these “economic excluded people”, is changing. They are using a strategy of self organization, creating associations and cooperatives, to improve their situation in the market with the support of non governmental organizations (known as ONGs in Brazil), part of the entrepreneurs and the State. The strategy develops itself in a contradictory reality, because the formation of the waste pickers social movement are linked with the increase of the ONGs in Brazil and with the birth of the economia solidária (solidary economy) movement. That is why the waste pickers and their movement suffers with the same contradictions presents in the field of ONGs, in which there are different interests like the contradicti on between the ONGs aligned with the ideology and practice of social responsability in opposition with that other types of ONGs that, in Brazil, have a history connected with the social base movements and the Liberation Theology. On the other hand, in the environment of the “solidarity economy” they also live contradictions because the strategy of this sector of the economy, the popular economic sector, that is to try to get into the capitalist market, with its distortions (a monopolistic and capitalistic market, it is always good to remember), and not to change it at all. At the same time, they demand social policies of the federal government. As a consequence, it is necessary to understand that, at least, this political organization of waste pickers made possible the formation of their identity as a collective, as a social movement, and allow the society to understand them as a political group that can demand policies for the State. This present dissertation tries to analyze the economic and spatial strategies of these social actors and tries to understand the structures, process and the subjective experiences. Particularly, I have tried to start out from the reality of some waste pickers in cooperative societies in the south of the city when they were trying to build a network to commercialize together the recycling materials. The difficulties and the conflicts that the groups of waste pickers live everyday are the conflicts and dilemmas that emerged also in the IV Municipal Environment Conference and were been discussed and analyzed at the time. That is the reason why in this Conference occurs the participatory revision of the Waste Management Municipal Plan in the city of São Paulo, which reflects the contradictions of the society and the difficulties and conflicts that exists in the legislation of Solid Waste National Policy. At that moment, above the discussion of the higher technology and the most efficient practice to organize the service of the waste collection, the struggle among the different actors in the city, with different levels of power, was the moment in which the different political interests appeared and in which the conflicts arose. At one side it is the subjects that appropriates of and use the territory to their self reproduction, a social use of the territory. They fight inside the State and inside the territory of the city for rights, for political policies and to improve the condition of their work and their situation in the city. On the other side, it is the actors that use the territory for the reproduction of the capital, groups that explore the precarious work of these people which receives a very low wage and that do not want to change the social and the economic structure. In this dissertation that process will be explained as a struggle inside the territory of the city and inside the territory of the National State. This struggle is a search for a reterritorialization in the city, and in the National State, put in action by a historical subaltern group that fights against the hegemonic power in the territory. Which means that the territory is also in dispute, and the subaltern groups fight inside it a silent war, a positional war, as Gramsci once said.277 f.Paula, José Carlos Milléo dehttp://lattes.cnpq.br/5325673785668171Moreira, Ruyhttp://lattes.cnpq.br/6590336518796945Martins, Flávia Elaine da Silvahttp://lattes.cnpq.br/3099336524347389Santos, Renato Emerson Nascimento doshttp://lattes.cnpq.br/7260305303021981http://lattes.cnpq.br/4983898264419605Asada, Alexandre Henrique2024-02-20T16:34:25Z2024-02-20T16:34:25Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfASADA, Alexandre Henrique. (Des)(re)territorialização dos catadores de materiais recicláveis em São Paulo: de territorialidades precárias às disputas no interior do território. 2015. 277 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.http://app.uff.br/riuff/handle/1/32315CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2024-02-20T16:34:29Zoai:app.uff.br:1/32315Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-02-20T16:34:29Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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