Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Roland, Camila Leão
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/8599
Resumo: Espeleotemas são depósitos minerais formados no interior de cavernas a partir de precipitação química. Os registros isotópicos de oxigênio (δ¹⁸O) e de carbono (δ¹³C) de estalagmites de composição carbonática funcionam como arquivos de variações paleoclimáticas e paleoambientais. Em estudos de monitoramento hidrogeoquímico realizados em diversas cavernas ao redor do mundo, os dados de δ¹⁸O de espeleotemas foram correlacionados com as variabilidades de insolação e às atividades de sistemas de monções. Já os dados de δ¹³C são altamente sensíveis ao fracionamento isotópico de carbono, induzido principalmente pela presença de cobertura vegetal. Contudo, ainda há pouco conhecimento sobre como o intemperismo químico das rochas e da cobertura pedológica do epicarste afetam a precipitação carbonática dentro das cavernas, e os registros isotópicos dos carbonatos dos espeleotemas. O presente trabalho tem como objetivo compreender como variações dos processos de intemperismo e de pedogênese afetam o sinal isotópico de δ¹⁸O, δ¹³C e, em adição, das razões isotópicas de estrôncio (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr) e de urânio (δ²³⁴U) em espeleotemas. As análises deste conjunto de proxies também fornecem, em última instância, interpretações relativas a respeito da cobertura vegetal sobre a caverna. O local estudado é a caverna Lapa Sem Fim (Luislândia, região norte de Minas Gerais), desenvolvida nos carbonatos da Formação Lagoa do Jacaré, pertencente ao Grupo Bambuí. A caverna já possui extenso banco de dados de δ¹⁸O e δ¹³C, além de datações urânio-tório (U-Th) realizadas anteriormente durante o período de monitoramento hidrogeoquímico. Todas as análises foram realizadas em um conjunto de quatro estalagmites (LSF3, LSF15, LSF16 e LSF19) que recobrem continuamente os últimos 28 mil anos. Os resultados das razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr foram confrontados com os dos demais membros do sistema, representados pela rocha encaixante e pelo perfil de solo sobre a caverna. A rocha encaixante apresenta valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr de 0,7083 ± 0,0008, enquanto que o solo apresenta amplo espectro de variação, entre 0,7299 e 0,8184. No intervalo entre 28 ka AP e 12 ka AP (AP: Antes do Presente, em referência ao ano de 1950), as razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr dos espeleotemas são próximas às da composição da rocha, oscilando entre 0,7083 e 0,7089. Valores substancialmente mais elevados são registrados durante o Holoceno, em torno de 0,7103, chegando a 0,7132 durante o Evento 8.2. O comportamento das razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr dos espeleotemas é coerente com os dados de δ¹³C, que apresentam forte empobrecimento isotópico durante o Holoceno, sugerindo a presença de cobertura vegetal. De modo semelhante, as razões δ²³⁴U, obtidas das datações dos quatro espeleotemas descrevem dois patamares de valores ao longo de 28 mil anos. Valores mais baixos de δ²³⁴U são registrados durante o Glacial e o Deglacial, seguindo de aumento abrupto durante o Holoceno. A interpretação conjunta dos proxies (δ¹³C, δ¹⁸O, ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e ²³⁴U) indica a mudança das condições ambientais sobre a Lapa Sem Fim. Durante o Glacial e o Deglacial os valores positivos de δ¹³C indicam menor fracionamento do carbono pela cobertura vegetal; o que é corroborado pelos menores valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e δ²³⁴U, que apontam para uma menor cobertura pedológica. Por sua vez, no Holoceno ocorre a situação inversa; o δ¹³C se apresenta negativo e os valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e δ²³⁴U são abruptamente maiores. Tal configuração é indicativa de desenvolvimento da cobertura pedológica sobre a caverna, com maior influência da vegetação nos registros isotópicos dos espeleotemas
id UFF-2_7d0c3f204345560f2f6c95a9cabc2b20
oai_identifier_str oai:app.uff.br:1/8599
network_acronym_str UFF-2
network_name_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository_id_str 2120
spelling Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas GeraisEspeleotemasIntemperismo químicoPedogêneseRazões isótopicasIntemperismo químicoRazões isotópicosProdução intelectualEspeleotemasSpeleothemsChemical weatheringPedogenesisIsotopic ratiosEspeleotemas são depósitos minerais formados no interior de cavernas a partir de precipitação química. Os registros isotópicos de oxigênio (δ¹⁸O) e de carbono (δ¹³C) de estalagmites de composição carbonática funcionam como arquivos de variações paleoclimáticas e paleoambientais. Em estudos de monitoramento hidrogeoquímico realizados em diversas cavernas ao redor do mundo, os dados de δ¹⁸O de espeleotemas foram correlacionados com as variabilidades de insolação e às atividades de sistemas de monções. Já os dados de δ¹³C são altamente sensíveis ao fracionamento isotópico de carbono, induzido principalmente pela presença de cobertura vegetal. Contudo, ainda há pouco conhecimento sobre como o intemperismo químico das rochas e da cobertura pedológica do epicarste afetam a precipitação carbonática dentro das cavernas, e os registros isotópicos dos carbonatos dos espeleotemas. O presente trabalho tem como objetivo compreender como variações dos processos de intemperismo e de pedogênese afetam o sinal isotópico de δ¹⁸O, δ¹³C e, em adição, das razões isotópicas de estrôncio (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr) e de urânio (δ²³⁴U) em espeleotemas. As análises deste conjunto de proxies também fornecem, em última instância, interpretações relativas a respeito da cobertura vegetal sobre a caverna. O local estudado é a caverna Lapa Sem Fim (Luislândia, região norte de Minas Gerais), desenvolvida nos carbonatos da Formação Lagoa do Jacaré, pertencente ao Grupo Bambuí. A caverna já possui extenso banco de dados de δ¹⁸O e δ¹³C, além de datações urânio-tório (U-Th) realizadas anteriormente durante o período de monitoramento hidrogeoquímico. Todas as análises foram realizadas em um conjunto de quatro estalagmites (LSF3, LSF15, LSF16 e LSF19) que recobrem continuamente os últimos 28 mil anos. Os resultados das razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr foram confrontados com os dos demais membros do sistema, representados pela rocha encaixante e pelo perfil de solo sobre a caverna. A rocha encaixante apresenta valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr de 0,7083 ± 0,0008, enquanto que o solo apresenta amplo espectro de variação, entre 0,7299 e 0,8184. No intervalo entre 28 ka AP e 12 ka AP (AP: Antes do Presente, em referência ao ano de 1950), as razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr dos espeleotemas são próximas às da composição da rocha, oscilando entre 0,7083 e 0,7089. Valores substancialmente mais elevados são registrados durante o Holoceno, em torno de 0,7103, chegando a 0,7132 durante o Evento 8.2. O comportamento das razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr dos espeleotemas é coerente com os dados de δ¹³C, que apresentam forte empobrecimento isotópico durante o Holoceno, sugerindo a presença de cobertura vegetal. De modo semelhante, as razões δ²³⁴U, obtidas das datações dos quatro espeleotemas descrevem dois patamares de valores ao longo de 28 mil anos. Valores mais baixos de δ²³⁴U são registrados durante o Glacial e o Deglacial, seguindo de aumento abrupto durante o Holoceno. A interpretação conjunta dos proxies (δ¹³C, δ¹⁸O, ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e ²³⁴U) indica a mudança das condições ambientais sobre a Lapa Sem Fim. Durante o Glacial e o Deglacial os valores positivos de δ¹³C indicam menor fracionamento do carbono pela cobertura vegetal; o que é corroborado pelos menores valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e δ²³⁴U, que apontam para uma menor cobertura pedológica. Por sua vez, no Holoceno ocorre a situação inversa; o δ¹³C se apresenta negativo e os valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e δ²³⁴U são abruptamente maiores. Tal configuração é indicativa de desenvolvimento da cobertura pedológica sobre a caverna, com maior influência da vegetação nos registros isotópicos dos espeleotemasConselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoFundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de JaneiroSpeleothems are mineral deposits formed inside caves from chemical precipitation. The carbon (δ13C) and oxygen (δ18O) isotopic ratios of carbonate-bearing stalagmites are applied as archives of palaeoclimatic and palaeoenvironmental variations. Hidrogeochemical monitoring studies done in caves around the world correlated the δ18O values to the insolation forcing and to the activity of monsoons systems. On the other hand, the δ13C values are highly sensible to the carbon isotopic fractionation, which is mainly induced by the chemical weathering of the host rock. Nevertheless, little is known about how the host rock chemical weathering and the soil cover on the epikarst affect the carbonate precipitation inside the caves and, hence, the speleothems isotopic data. This study aims to assess the influence of chemical weathering of the host rock and the soil cover of a karstic system on the speleothems growth inside caves, through the variabilities of δ13C and δ18O values, and, in addition, the variations of strontium (87Sr/86Sr) and uranium (δ234U) isotopic ratios. These proxies can provide interpretations about the pedogenic processes, as well as the presence of vegetation above the cave. The study site is the Lapa Sem Fim Cave, which is located at the nothern part of Minas Gerais, and developed in the Lagoa do Jacaré Formation, belonging to the Bambuí Group. Previous hidrogeochemical monitoring studies have provided an extensive database of δ13C and δ18O values and uranium-thorium (U-Th) ages. All analyses were done in a composite of four stalagmites (LSF3, LSF15, LSF16 e LSF19) which continuously cover the last 28 thousand years. The 87Sr/86Sr results were compared to the 87Sr/86Sr ratios from the other end members, which are the host carbonate rock and the soil cover. Host rock showed 87Sr/86Sr values of 0.7083 ± 0.0008, whereas soil cover has a wide range, from 0.7299 to 0.8184. Between 28 kyr BP and 12 kyr BP (BP: Before Present, in reference the year of 1950), 87Sr/86Sr ratios of the speleothems are close to the host rock isotopic composition, fluctuating between 0.7083 and 0.7089. Substantially higher 87Sr/86Sr values are recorded during the Holocene, around 0.7103. Abrupt increases are observed at during the Holocene, with 87Sr/86Sr ratios reaching values of 0.7132 during the 8.2 Event. These increases are consistent with the speleothems δ13C values, which show a strong isotopic fractionation, due to the formation of the soil cover and to the presence of vegetation. Similarly, the δ234U ratios, which come from the speleothems U-Th ages, show two levels of values along 28 thousand years; during the Glacial and Deglacial periods they are low, and shift during the Holocene. The general interpretation based on the four proxies (δ13C, δ18O, 87Sr/86Sr and δ234U) points to the environmental changes above the Lapa Sem Fim cave; during the Glacial and Deglacial periods, the positive δ13C values show a low fractionation, due to the scant soil cover and vegetation, which is confirmed by the low 87Sr/86Sr and δ234U records. On the other hand, the δ13C values are negative, and the 87Sr/86Sr and δ234U are much higher along the Holocene. These abrupt changes on the speleothems isotopic records indicate the environmental changes, from dry to humid, also the development of a pedogenic cover above the caveNiteróiStríkis, Nicolás MisailidisRamos, Renato Rodriguez CabralCarvalho, Carla Regina AlvesNóbrega, Gabriel Nutohttp://lattes.cnpq.br/0850591354929484http://lattes.cnpq.br/3472432536871948http://lattes.cnpq.br/4557680514419881http://lattes.cnpq.br/8978430252253325http://lattes.cnpq.br/5874908096941660Roland, Camila Leão2019-02-15T17:49:17Z2019-02-15T17:49:17Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/8599Aluno de MestradoopenAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-06-30T18:02:15Zoai:app.uff.br:1/8599Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:05:01.640096Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
dc.title.none.fl_str_mv Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
title Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
spellingShingle Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
Roland, Camila Leão
Espeleotemas
Intemperismo químico
Pedogênese
Razões isótopicas
Intemperismo químico
Razões isotópicos
Produção intelectual
Espeleotemas
Speleothems
Chemical weathering
Pedogenesis
Isotopic ratios
title_short Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
title_full Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
title_fullStr Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
title_full_unstemmed Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
title_sort Utilização de análises isotópicas multiproxy (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr, δ²³⁴U, δ¹³C, δ¹⁸O) na reconstituição paleoclimática e paleoambiental do Centro-Leste do Brasil, norte de Minas Gerais
author Roland, Camila Leão
author_facet Roland, Camila Leão
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Stríkis, Nicolás Misailidis
Ramos, Renato Rodriguez Cabral
Carvalho, Carla Regina Alves
Nóbrega, Gabriel Nuto
http://lattes.cnpq.br/0850591354929484
http://lattes.cnpq.br/3472432536871948
http://lattes.cnpq.br/4557680514419881
http://lattes.cnpq.br/8978430252253325
http://lattes.cnpq.br/5874908096941660
dc.contributor.author.fl_str_mv Roland, Camila Leão
dc.subject.por.fl_str_mv Espeleotemas
Intemperismo químico
Pedogênese
Razões isótopicas
Intemperismo químico
Razões isotópicos
Produção intelectual
Espeleotemas
Speleothems
Chemical weathering
Pedogenesis
Isotopic ratios
topic Espeleotemas
Intemperismo químico
Pedogênese
Razões isótopicas
Intemperismo químico
Razões isotópicos
Produção intelectual
Espeleotemas
Speleothems
Chemical weathering
Pedogenesis
Isotopic ratios
description Espeleotemas são depósitos minerais formados no interior de cavernas a partir de precipitação química. Os registros isotópicos de oxigênio (δ¹⁸O) e de carbono (δ¹³C) de estalagmites de composição carbonática funcionam como arquivos de variações paleoclimáticas e paleoambientais. Em estudos de monitoramento hidrogeoquímico realizados em diversas cavernas ao redor do mundo, os dados de δ¹⁸O de espeleotemas foram correlacionados com as variabilidades de insolação e às atividades de sistemas de monções. Já os dados de δ¹³C são altamente sensíveis ao fracionamento isotópico de carbono, induzido principalmente pela presença de cobertura vegetal. Contudo, ainda há pouco conhecimento sobre como o intemperismo químico das rochas e da cobertura pedológica do epicarste afetam a precipitação carbonática dentro das cavernas, e os registros isotópicos dos carbonatos dos espeleotemas. O presente trabalho tem como objetivo compreender como variações dos processos de intemperismo e de pedogênese afetam o sinal isotópico de δ¹⁸O, δ¹³C e, em adição, das razões isotópicas de estrôncio (⁸⁷Sr/⁸⁶Sr) e de urânio (δ²³⁴U) em espeleotemas. As análises deste conjunto de proxies também fornecem, em última instância, interpretações relativas a respeito da cobertura vegetal sobre a caverna. O local estudado é a caverna Lapa Sem Fim (Luislândia, região norte de Minas Gerais), desenvolvida nos carbonatos da Formação Lagoa do Jacaré, pertencente ao Grupo Bambuí. A caverna já possui extenso banco de dados de δ¹⁸O e δ¹³C, além de datações urânio-tório (U-Th) realizadas anteriormente durante o período de monitoramento hidrogeoquímico. Todas as análises foram realizadas em um conjunto de quatro estalagmites (LSF3, LSF15, LSF16 e LSF19) que recobrem continuamente os últimos 28 mil anos. Os resultados das razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr foram confrontados com os dos demais membros do sistema, representados pela rocha encaixante e pelo perfil de solo sobre a caverna. A rocha encaixante apresenta valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr de 0,7083 ± 0,0008, enquanto que o solo apresenta amplo espectro de variação, entre 0,7299 e 0,8184. No intervalo entre 28 ka AP e 12 ka AP (AP: Antes do Presente, em referência ao ano de 1950), as razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr dos espeleotemas são próximas às da composição da rocha, oscilando entre 0,7083 e 0,7089. Valores substancialmente mais elevados são registrados durante o Holoceno, em torno de 0,7103, chegando a 0,7132 durante o Evento 8.2. O comportamento das razões ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr dos espeleotemas é coerente com os dados de δ¹³C, que apresentam forte empobrecimento isotópico durante o Holoceno, sugerindo a presença de cobertura vegetal. De modo semelhante, as razões δ²³⁴U, obtidas das datações dos quatro espeleotemas descrevem dois patamares de valores ao longo de 28 mil anos. Valores mais baixos de δ²³⁴U são registrados durante o Glacial e o Deglacial, seguindo de aumento abrupto durante o Holoceno. A interpretação conjunta dos proxies (δ¹³C, δ¹⁸O, ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e ²³⁴U) indica a mudança das condições ambientais sobre a Lapa Sem Fim. Durante o Glacial e o Deglacial os valores positivos de δ¹³C indicam menor fracionamento do carbono pela cobertura vegetal; o que é corroborado pelos menores valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e δ²³⁴U, que apontam para uma menor cobertura pedológica. Por sua vez, no Holoceno ocorre a situação inversa; o δ¹³C se apresenta negativo e os valores de ⁸⁷Sr/⁸⁶Sr e δ²³⁴U são abruptamente maiores. Tal configuração é indicativa de desenvolvimento da cobertura pedológica sobre a caverna, com maior influência da vegetação nos registros isotópicos dos espeleotemas
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018
2019-02-15T17:49:17Z
2019-02-15T17:49:17Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://app.uff.br/riuff/handle/1/8599
Aluno de Mestrado
url https://app.uff.br/riuff/handle/1/8599
identifier_str_mv Aluno de Mestrado
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv openAccess
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv openAccess
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Niterói
publisher.none.fl_str_mv Niterói
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron:UFF
instname_str Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron_str UFF
institution UFF
reponame_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
collection Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)
repository.mail.fl_str_mv riuff@id.uff.br
_version_ 1811823655451099136