O lulismo em perspectiva: uma análise de seu legado para o ensino médio brasileiro e para o ingresso no ensino superior

• Autor(a) principal: Almeida, Bernardo Leivas de
• Data de Publicação: 2019
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/21851
• topic: Ensino médio; Ensino técnico-profissionalizante; Ensino superior; Democratização; Desigualdades; Reforma do Ensino Médio; Democratização da educação; Ensino médio; Ensino superior; Política pública; Estratificação social; High school; Vocational education; Higher education level; Democratization; Inequalities; High School Reform

O objetivo deste trabalho é investigar em que medida o tipo de formação realizada em nível médio condiciona as possibilidades de ingresso e conclusão no ensino superior. Inicialmente interessava compreender se haveria diferenças significativas nos perfis de acesso e conclusão de jovens da rede estadual, privada e federal. Nossa hipótese era de que as possibilidades de ingresso e conclusão de egressos da rede estadual no ensino superior seriam menores se comparadas com estudantes das demais redes. Isso é o mesmo que relativizar a hipótese de um certo conjunto de autores. Segundo autores do campo do desenvolvimento e bem estar social, as políticas direcionadas para o ensino superior, em especial o REUNI, a Lei de Cotas e o PNAES, teriam sido responsáveis por ganhos de desenvolvimento e bem estar social em termos macroestruturais para a sociedade brasileira. Entretanto, pesquisadores debruçados sobre os padrões de estratificação horizontal do ensino superior brasileiro tem apresentado dados que demonstram que esse processo de ampliação do acesso ao ensino superior ocorreu sem, contudo, estremecer as bases mais profundas que sustentam as distorções desse nível de ensino. Entretanto, qual o motivo de partirmos de um panorama do ensino superior brasileiro se nos interessa o ensino médio? Ora, bastaria termos em mente que os ganhos em termos de retornos socioeconômicos, em termos de prestígios simbólico e cultural no Brasil impõe uma distância vertical entre, acima, uma formação em nível superior e, abaixo, uma formação de nível médio. Cabe agora um esclarecimento. Não obstante nossas motivações iniciais, os próprios percalços da pesquisa, das entrevistas e da revisão bibliográfica nos inclinaram a principal inflexão deste trabalho. Pareceu particularmente importante apresentar e analisar as disparidades não mais entre egressos da rede federal, privada ou estadual, mas sim entre jovens de formação na rede federal de ensino, no ensino técnico-profissionalizante e em nível estadual do ensino regular. Do mesmo modo, a motivação inicial por uma abordagem metodológica quantitativa foi deixada de lado. Com efeito, nossos resultados são frutos de pesquisa qualitativa em que, de um lado, combinou a análise de dados, documentos e teoria com, do outro, entrevistas realizadas com graduandos de Ciências Sociais e Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF). Nesse sentido, a contribuição deste trabalho pode ser sintetizada em quatro pontos. Primeiro, uma distorção da Lei de Cotas (2012) que, possivelmente, põe em legítima concorrência estudantes com backgrounds socioeconômico, familiar e educacional assimétricos. Segundo, parece que apresentamos uma compreensão mais precisa da Base Nacional Comum Curricular e da Reforma do Ensino Médio. Terceiro, a principal interlocução teórica aqui realizada entre dois campos do conhecimento distintos parece ter se mostrado um movimento interessante tanto para a literatura do desenvolvimento e bem estar social quanto para da estratificação horizontal do ensino superior. Por fim, vimos como a Lei de Cotas(2012) não apenas desempenha insatisfatoriamente o papel a ela atribuído, como é preciso avançarmos para mudanças mais profundas no sistema de ensino brasileiro se o que queremos é alcançar ganhos de bem estar social e desenvolvimento efetivos para a maioria da população brasileira