Mecanismos de dominação e resistência no campo do indigenismo : a luta do movimento indígena pelos territórios étnicos na região do Baixo Tapajós
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/28403 |
Resumo: | Esta tese busca compreender o racismo colonial anti-indígena no campo do indigenismo, como um conjunto de dispositivos que, historicamente, foram estruturados para operar no processo de desterritorialização objetiva e subjetiva de grupos étnicos e de seus territórios específicos. Para tanto, têm-se como sujeitos desta pesquisa os treze povos indígenas da região dos municípios de Santarém, Belterrra e Aveiro, que se articulam no e pelo Conselho Indígena dos rios Tapajós e Arapiuns (CITA) contra as diversas práticas de dominação hegemônica (apropriação, uso e controle do território, do corpo e dos saberes indígenas). Estes treze povos, no seu cotidiano, enfrentam o racismo dominante anti-indígena na região, que aqui é apresentado como principal fator responsável pelas tensões políticas, culturais, sociais e territoriais que dinamizam e são dinamizados pelos conflitos de interesses contraditórios, enviesados por agentes do Estado, do mercado, de igrejas e de grupos ambientalistas. O protagonismo do CITA atua de forma organizada e articulada em redes de movimentos sociais, constituindo se no principal sujeito de pressão política e de r-existência identitária e territorial da região. A metodologia de pesquisa concentrou-se no recorte espaço-temporal de análise, o período de gestão do CITA entre 2014-2016, que tinha como coordenação cinco jovens universitários de diferentes territórios indígenas. Durante a pesquisa de campo foram incluídas técnicas de participação (participante) e observação (observante) para identificar e acompanhar o desdobramento de dispositivos de controle social e territorial dos grupos hegemônicos (pautado na colonialidade do poder), tendo como base a perspectiva da governamentalidade agambeniana e a teoria de campo bourdieuniana como diretrizes para o mapeamento dos dispositivos que levam os agentes das tramas multiterritoriais pensarem e agirem (ações práticas) em favor dos seus interesses no campo de forças do indigenismo. O objetivo de ter trazido à tona uma reflexão sobre a colonialidade nas práticas contraditórias das políticas sociais e territoriais introduzidas pelos diferentes tipos de indigenismo na RBTA, não só nos permitiu dar visibilidade aos mecanismos de dominação, mas também ao atual plano de ação e r-existência dos associados ao CITA, como estratégia socioespacial na produção e afirmação de um "indianismo" transterritorial multiescalar, objetivado por "novo(s)" projeto(s) e proposições de ethos indígena(s) como horizonte de possibilidades à re-territorialização multiétnica na defesa e garantia de direitos plurais identitários (trans-individuais) para e com os dezoito territórios indígenas que se autoafirmam na região do baixo rio Tapajós e Arapiuns. |
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Estes treze povos, no seu cotidiano, enfrentam o racismo dominante anti-indígena na região, que aqui é apresentado como principal fator responsável pelas tensões políticas, culturais, sociais e territoriais que dinamizam e são dinamizados pelos conflitos de interesses contraditórios, enviesados por agentes do Estado, do mercado, de igrejas e de grupos ambientalistas. O protagonismo do CITA atua de forma organizada e articulada em redes de movimentos sociais, constituindo se no principal sujeito de pressão política e de r-existência identitária e territorial da região. A metodologia de pesquisa concentrou-se no recorte espaço-temporal de análise, o período de gestão do CITA entre 2014-2016, que tinha como coordenação cinco jovens universitários de diferentes territórios indígenas. Durante a pesquisa de campo foram incluídas técnicas de participação (participante) e observação (observante) para identificar e acompanhar o desdobramento de dispositivos de controle social e territorial dos grupos hegemônicos (pautado na colonialidade do poder), tendo como base a perspectiva da governamentalidade agambeniana e a teoria de campo bourdieuniana como diretrizes para o mapeamento dos dispositivos que levam os agentes das tramas multiterritoriais pensarem e agirem (ações práticas) em favor dos seus interesses no campo de forças do indigenismo. O objetivo de ter trazido à tona uma reflexão sobre a colonialidade nas práticas contraditórias das políticas sociais e territoriais introduzidas pelos diferentes tipos de indigenismo na RBTA, não só nos permitiu dar visibilidade aos mecanismos de dominação, mas também ao atual plano de ação e r-existência dos associados ao CITA, como estratégia socioespacial na produção e afirmação de um "indianismo" transterritorial multiescalar, objetivado por "novo(s)" projeto(s) e proposições de ethos indígena(s) como horizonte de possibilidades à re-territorialização multiétnica na defesa e garantia de direitos plurais identitários (trans-individuais) para e com os dezoito territórios indígenas que se autoafirmam na região do baixo rio Tapajós e Arapiuns.Esta tesis busca comprender el racismo colonial en el campo del indigenismo, como un conjunto de dispositivos que, históricamente, fueron estructurados para operar en el proceso de desterritorialización objetiva y subjetiva de grupos étnicos y de sus territorios específicos. Para ello, se tiene como sujeto de esta investigación a los trece pueblos indígenas de la región de los municipios de Santarém, Belterrra y Aveiro, que se articulan en el Consejo Indígena de los ríos Tapajós y Arapiuns (CITA) frente a las diversas prácticas de dominación hegemónica (apropiación, uso y control territorial, del cuerpo y de saberes). Estos trece pueblos, en su cotidiano, enfrentan el racismo anti-indígena dominante en la región, que aquí es presentado como principal factor responsable por las tensiones políticas, culturales, sociales y territoriales que dan origen y dinamizan los conflictos de intereses contradictorios sesgados por agentes del Estado del mercado, de las iglesias y de los grupos ecologistas. El protagonismo del CITA actúa de forma organizada y articulada en redes de movimientos sociales constituyéndose en el principal sujeto de presión política y de r-existencia de sua identidad y territorial na región. La metodología de investigación se concentró en el recorte espacio-temporal de análisis, que comprendió el período de gestión del CITA entre 2014-2016, coordinado por cinco jóvenes universitarios. Durante la investigación de campo se adoptaron técnicas de participación (participante) y observación (observante) para identificar los dispositivos de control social de los grupos hegemónicos, teniendo como base la perspectiva de la gubernamentalidad agambeniana como directriz para el mapeo de los dispositivos que llevan a los agentes de las tramas multiterritoriales pensar y actuar (acciones prácticas) en el campo de fuerzas del indigenismo. El objetivo de traer a la luz una reflexión sobre la colonialidad de las prácticas y contradicciones territoriales de los diferentes tipos de indigenismo en boga, permite (re)diseñar el actual plan de acción del CITA, como estrategia de un "indianismo" de orden local, objetivado por "nuevo(s) proyecto(s) de ethos indígena(s) como horizonte de posibilidades a la re-territorialización multiétnica en la defensa y garantía de derechos plurales identitarios (transterritoriales) hacia los dieciocho territorios indígenas de la región del bajo río Tapajós.295 p.Cruz, Valter do CarmoAlmeida, Alfredo Wagner Berno deOliveira, Denilson Araujo deArruzzo, Roberta CarvalhoMorais, Maria de JesusLima, Marcos Vinícius da Costa2023-03-29T17:47:35Z2023-03-29T17:47:35Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfLIMA, Marcos Vinícius da Costa. 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