Reconstituição ambiental da planície costeira do Nordeste da Baía de Guanabara (RJ) a partir do Holoceno Médio e contribuições ao debate do Antropoceno

• Autor(a) principal: Abuchacra, Paula Ferreira Falheiro
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Tese
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28401
• topic: Delta de fundo de Baía; Manguezal; Evolução ambiental; Antropoceno e a Grande Aceleração; Geologia costeira; Holoceno; Manguezal; Desenvolvimento costeiro; Bay-head delta; Mangrove; Environmental evolution; Anthropocene and the Great Acceleration

A compreensão da evolução de ambientes costeiros é fundamental na construção de prognósticos futuros em resposta às mudanças climáticas e ao desenvolvimento das sociedades humanas. Este estudo avaliou a evolução sedimentar e paleoambiental do delta de fundo de baía no NE da Baía de Guanabarano Holoceno, em um transecto de aproximadamente 20 km de extensão (seis testemunhos). O registro do impacto da ocupação humana no pacote sedimentar do manguezal da Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirimfoi investigado em dois testemunhos;esses resultadoscontribuíram para a discussão da proposta de estabelecimento do Antropoceno a partir da ―Grande Aceleração‖ (pós 1950). Dados de granulometria, teor de CaCO3, carbono orgânico (Corg), nitrogênio total (Ntotal), razão C/N, δ13C, δ15N e datações de 14C, permitiram a elaboração de um modelo de evolução para este estudo. O modelo gerado sugere a existência de uma floresta de manguezal há 8200 anos AP no NE da Baía de Guanabara, que foirapidamente afogada/soterrada após o pulso de derretimento (Meltwater Pulse) associado ao ―Evento de Resfriamento de 8200 anos‖ e o estabelecimento de uma ampla e rasa baía (atual área emersa) durante transgressão. Durante a regressão forçada (~4500 anos AP) houve um acelerado avanço da linha de costa em um espaço de acomodação reduzido, que inibiu a recolonização do mangue ao longo de todo o delta de fundo de baía e favoreceu o desenvolvimento de um brejo herbáceo na retaguarda da atual área de manguezal da APA de Guapimirim. Nos últimos ~500 anos predominou a regressão normal combinada a transformação da paisagem em função do desenvolvimento socioeconômico da região. Para discussão do Antropoceno e avaliação ambiental do manguezal da APA de Guapimim foram consideradas datações por 210Pb, razão C/N, δ13C, δ15N, concentrações totais e fluxos de Corg, Ntotal, fósforo total (Ptotal) e a fração pseudo-total dos metais Pb, Cu, Zn, Ni, Cr e Fe, que apontaram que a pressão antropogênica,decorrente da ocupação das bacias dos rios Guapi-Macacu e Guaxindiba, podem ser observadas através da análise do registro sedimentar. O impacto mais acentuado do manguezal na margem do rio Guapi-Macacu foi identificado a partir de 1986 e no do rio Guaxindiba, a partir de 1960. A diferença temporal intraecossistêmica do impacto humano na própria floresta de manguezal da APA de Guapimirim, reflete o comportamento global observado nos sistemas costeiros, onde não é possível a demarcação de uma data inequívoca para o início do Antropoceno considerando os parâmetros estudados. Assim, os indicadores ambientais utilizados no presente estudo são bons marcadores regionais/locais das continuas transformações ambientais causadas pelahumanidade, mas não sãoideais para a demarcação do Antropoceno a partir da Grande Aceleração,caso a principal premissa seja o sincronismo e assinatura global de alta resolução.