Expansão urbana na bacia de drenagem e acumulação de carbono orgânico e nutrientes em solos de manguezais (Estado do Rio de Janeiro, Brasil): desafios da eutrofização à análise de carbono azul

• Autor(a) principal: Nascimento, Emanuel Francisco Santos do
• Data de Publicação: 2023
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28017
• topic: Manguezal; Sequestro de Carbono; Enriquecimento de nutrientes; Uso e cobertura da Terra; Rio de Janeiro; Eutrofização; Carbono orgânico; Manguezal; Crescimento urbano; Mangrove; Carbon Sequestration; Nutrient Enrichment; Land use and Land Cover; Rio de Janeiro

Manguezais são ecossistemas costeiros altamente produtivos, constituindo um dos mais relevantes reservatórios globais de carbono (C) sob a forma de matéria orgânica. Nas últimas décadas, intensas alterações antropogênicas nas bacias de drenagem costeiras têm se refletido em importantes alterações nesses ecossistemas. Especialmente o avanço da urbanização não acompanhada por infraestrutura sanitária, levou ao enriquecimento de nutrientes (eutrofização) da zona costeira. Para compreender o impacto das atividades antrópicas sobre a acumulação de C e nutrientes foi avaliado o efeito das mudanças de uso e cobertura da terra sobre as taxas de acumulação de C orgânico total (COT), nitrogênio total (NT) e fósforo (PT, PI e Porg) em solos de manguezais ao longo do último século. Neste sentido, comparamos ecossistemas em um gradiente de alterações antropogênicas na bacia de drenagem, analisando testemunhos nas zonas entre-marés inferior (seaward) e superior (landward). Assim, 6 testemunhos de solo de ~50 cm de comprimento foram coletados nos manguezais de Saco de Mamanguá (M1), Guapimirim (M2) e Guaratiba (M3) no estado do Rio de Janeiro. Os testemunhos foram datados a partir do chumbo-210 em excesso (210Pbex), através do modelo da taxa de suprimento constante (CRS) para acessar as taxas de acumulação sedimentar recentes (~100 anos). Para as taxas de acumulação, foram analisados conteúdos de COT, NT, PT, PI e Porg, e também os isótopos estáveis de δ13C e δ15N para identificar a origem da matéria orgânica. Confirmando resultados de estudos anteriores, as florestas de manguezal localizadas em bacias de drenagem sob menor impacto antropogênico apresentaram taxas de acumulação de COT ~1,1 a 4,7 menores. No entanto, nos ecossistemas mais impactados as taxas de acumulação de nutrientes foram até ~70 vezes mais elevadas, indicando intensa degradação desses ambientes e consequente perda de seus serviços ecossistêmicos. Neste sentido, indicamos que os estudos sobre a temática do carbono azul não podem ser dissociados das análises de eutrofização, já que aumentos dos estoques de C podem estar relacionados a uma intensificação da poluição pelo enriquecimento de nutrientes. Finalmente, realizamos uma compilação das taxas de acumulação em solos de manguezais em diferentes localidades, e os resultados sugeriram uma relação positiva entre o aumento da acumulação de COT e nutrientes. Estes resultados corroboram o argumento de que a acumulação de COT é significativamente mais elevada em manguezais situados em zonas costeiras submetidas ao aporte de efluentes enriquecidos de N e P, quando comparados aos ecossistemas prístinos. Em áreas sob grandes pressões antropogênicas, como a zona costeira do Rio de Janeiro, os manguezais podem fornecer um importante serviço de apreensão e estocagem de C e nutrientes, reforçando a importância de políticas de conservação desses ecossistemas.