Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Miza Carvalho dos
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15851
Resumo: Este trabalho é um diálogo com a palavra enunciada por Toumani Kouyaté, um djeli/griot da cultura mandinga. O exercício foi entrar pela porta da alteridade colocando-me diante de uma cultura outra e, escutando-a, abrir a possibilidade de conhecer melhor a mim mesma e também compreender melhor acerca das concepções de educação que hoje fundamentam meu trabalho como educadora. À medida que cotejo a minha vida à vida na cultura mandinga, quando cotejo minhas práticas pedagógicas com a visão de transmissão dos mandingas, vou percebendo-me encharcada de preconceitos, arrogâncias, racismo e fazendo uso de práticas narrativas mortificantes do outro. Busco então este encontro na tentativa de alargamento da minha visão dos processos formativos ao mesmo tempo em que conheço uma nova tradição. O trabalho tem raízes fincadas na filosofia da linguagem desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, portanto, esta pesquisa apresenta meu encontro com as palavras do griot Toumani Kouyaté, a partir de um diálogo de vozes. Na tentativa de honrar o princípio no qual o outro com quem encontro é um sujeito expressivo e falante, foi então necessária uma construção discursiva onde as enunciações dos interlocutores tivessem um tratamento estético para manter preservadas e vivas suas vozes. Outros princípios desenvolvidos por Bakhtin, Volochinov e Medviédev também balizaram esta escritura dialógica. Tais princípios estão descritos nas discussões sobre: relação autor-herói, palavra própria e palavra outra, cronotopo artístico e carnavalização. Diante deste percurso teórico-metodológico pergunto-me se a teoria e a metodologia são somente um modo de fazer pesquisa, ou, antes de tudo, são uma maneira de estar e ser no mundo. A opção de entrar pela porta da alteridade não é somente a ética da pesquisa, mas como nos ensina Bakhtin, a ética da vida, esta que não está separada de forma alguma da estética. Ao contrário, quanto mais profundo penetrarmos na pluralidade dos modos estéticos de ver o mundo, mais e mais o mundo se alarga, e mais e mais acordamos em nós a humanidade plural
id UFF-2_b794d9868175275978fc0dd8c29796e1
oai_identifier_str oai:app.uff.br:1/15851
network_acronym_str UFF-2
network_name_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository_id_str 2120
spelling Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandingaAlteridadeBakhtinCultura mandingaPalavra do griot/djeliKotebaEducaçãoCulturaFilosofia da linguagemMandingo (Povo africano)AlterityBakhtinMandinka cultureGriot/djeli wordKotebaEste trabalho é um diálogo com a palavra enunciada por Toumani Kouyaté, um djeli/griot da cultura mandinga. O exercício foi entrar pela porta da alteridade colocando-me diante de uma cultura outra e, escutando-a, abrir a possibilidade de conhecer melhor a mim mesma e também compreender melhor acerca das concepções de educação que hoje fundamentam meu trabalho como educadora. À medida que cotejo a minha vida à vida na cultura mandinga, quando cotejo minhas práticas pedagógicas com a visão de transmissão dos mandingas, vou percebendo-me encharcada de preconceitos, arrogâncias, racismo e fazendo uso de práticas narrativas mortificantes do outro. Busco então este encontro na tentativa de alargamento da minha visão dos processos formativos ao mesmo tempo em que conheço uma nova tradição. O trabalho tem raízes fincadas na filosofia da linguagem desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, portanto, esta pesquisa apresenta meu encontro com as palavras do griot Toumani Kouyaté, a partir de um diálogo de vozes. Na tentativa de honrar o princípio no qual o outro com quem encontro é um sujeito expressivo e falante, foi então necessária uma construção discursiva onde as enunciações dos interlocutores tivessem um tratamento estético para manter preservadas e vivas suas vozes. Outros princípios desenvolvidos por Bakhtin, Volochinov e Medviédev também balizaram esta escritura dialógica. Tais princípios estão descritos nas discussões sobre: relação autor-herói, palavra própria e palavra outra, cronotopo artístico e carnavalização. Diante deste percurso teórico-metodológico pergunto-me se a teoria e a metodologia são somente um modo de fazer pesquisa, ou, antes de tudo, são uma maneira de estar e ser no mundo. A opção de entrar pela porta da alteridade não é somente a ética da pesquisa, mas como nos ensina Bakhtin, a ética da vida, esta que não está separada de forma alguma da estética. Ao contrário, quanto mais profundo penetrarmos na pluralidade dos modos estéticos de ver o mundo, mais e mais o mundo se alarga, e mais e mais acordamos em nós a humanidade pluralCNPqThis work is a dialogue with the word uttered by Toumani, a djeli/griot from the Mandinka culture. The path was to enter through the door of alterity standing before another culture, listening to it and making possible a better self-understanding as well as a better comprehension about the educational conceptions, which support my practice as professor. As I compare my life to those amongst the Mandinka culture, as I estimate my own pedagogical practices to the light from the Mandinka perception of transmission, I realize how the prejudice, the arrogance and the racism are part of me and how my narrative is always intending to kill the other. So, I am searching for this encounter to enlarge my vision on the formative processes and to know a new tradition. This work has its roots in the philosophy of language developed by the Bakhtin Circle, therefore, it presents my meeting with the words from the griot Toumani Kouyaté in a multiple voices dialogue. Intending to honor the principle by which the other with whom I meet is a speaker and expressive subject I had to build a discourse where the enunciation of the interlocutors underwent an aesthetical treatment in order to maintain the voices lives and preserved. Other principles developed by Bakhtin, Volochínov and Medviédev also have guided this dialogical written. Such principles are described in discussions about the author-hero relations, the one’s own word and another’s word, the artistic chronotope and carnavalization. Facing this methodological and theoretical discourse, I wonder if the theory and the methodology are just a way to make a work, or instead, they are a mode to be in the world. The option for enter through the door of alterity is not just a question of ethic in research, but as taught Bakhtin, it is a problem of ethic in the very life which by no means is disassociate of the aesthetic. In fact, the more we deep penetrate in the plurality of aesthetical modes to view the world more the world enlarges and more we wake up on us the plural humanity134 f.Mello, Marisol Barenco deMello, Marisol Barenco dePassos, Mailsa Carla PintoOstetto, Luciana EsmeraldaValle, Maria Teresa Esteban dohttp://lattes.cnpq.br/0972341059826790http://lattes.cnpq.br/5491565846910379http://lattes.cnpq.br/5491565846910379http://lattes.cnpq.br/9865045321306211http://lattes.cnpq.br/7470127128501920http://lattes.cnpq.br/9777735988809472Santos, Miza Carvalho dos2020-11-10T18:56:54Z2020-11-10T18:56:54Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfSANTOS, Miza Carvalho dos. Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga. 2018. 134 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.https://app.uff.br/riuff/handle/1/15851openAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2021-11-18T18:48:57Zoai:app.uff.br:1/15851Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202021-11-18T18:48:57Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
dc.title.none.fl_str_mv Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
title Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
spellingShingle Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
Santos, Miza Carvalho dos
Alteridade
Bakhtin
Cultura mandinga
Palavra do griot/djeli
Koteba
Educação
Cultura
Filosofia da linguagem
Mandingo (Povo africano)
Alterity
Bakhtin
Mandinka culture
Griot/djeli word
Koteba
title_short Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
title_full Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
title_fullStr Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
title_full_unstemmed Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
title_sort Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga
author Santos, Miza Carvalho dos
author_facet Santos, Miza Carvalho dos
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Mello, Marisol Barenco de
Mello, Marisol Barenco de
Passos, Mailsa Carla Pinto
Ostetto, Luciana Esmeralda
Valle, Maria Teresa Esteban do
http://lattes.cnpq.br/0972341059826790
http://lattes.cnpq.br/5491565846910379
http://lattes.cnpq.br/5491565846910379
http://lattes.cnpq.br/9865045321306211
http://lattes.cnpq.br/7470127128501920
http://lattes.cnpq.br/9777735988809472
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos, Miza Carvalho dos
dc.subject.por.fl_str_mv Alteridade
Bakhtin
Cultura mandinga
Palavra do griot/djeli
Koteba
Educação
Cultura
Filosofia da linguagem
Mandingo (Povo africano)
Alterity
Bakhtin
Mandinka culture
Griot/djeli word
Koteba
topic Alteridade
Bakhtin
Cultura mandinga
Palavra do griot/djeli
Koteba
Educação
Cultura
Filosofia da linguagem
Mandingo (Povo africano)
Alterity
Bakhtin
Mandinka culture
Griot/djeli word
Koteba
description Este trabalho é um diálogo com a palavra enunciada por Toumani Kouyaté, um djeli/griot da cultura mandinga. O exercício foi entrar pela porta da alteridade colocando-me diante de uma cultura outra e, escutando-a, abrir a possibilidade de conhecer melhor a mim mesma e também compreender melhor acerca das concepções de educação que hoje fundamentam meu trabalho como educadora. À medida que cotejo a minha vida à vida na cultura mandinga, quando cotejo minhas práticas pedagógicas com a visão de transmissão dos mandingas, vou percebendo-me encharcada de preconceitos, arrogâncias, racismo e fazendo uso de práticas narrativas mortificantes do outro. Busco então este encontro na tentativa de alargamento da minha visão dos processos formativos ao mesmo tempo em que conheço uma nova tradição. O trabalho tem raízes fincadas na filosofia da linguagem desenvolvida pelo Círculo de Bakhtin, portanto, esta pesquisa apresenta meu encontro com as palavras do griot Toumani Kouyaté, a partir de um diálogo de vozes. Na tentativa de honrar o princípio no qual o outro com quem encontro é um sujeito expressivo e falante, foi então necessária uma construção discursiva onde as enunciações dos interlocutores tivessem um tratamento estético para manter preservadas e vivas suas vozes. Outros princípios desenvolvidos por Bakhtin, Volochinov e Medviédev também balizaram esta escritura dialógica. Tais princípios estão descritos nas discussões sobre: relação autor-herói, palavra própria e palavra outra, cronotopo artístico e carnavalização. Diante deste percurso teórico-metodológico pergunto-me se a teoria e a metodologia são somente um modo de fazer pesquisa, ou, antes de tudo, são uma maneira de estar e ser no mundo. A opção de entrar pela porta da alteridade não é somente a ética da pesquisa, mas como nos ensina Bakhtin, a ética da vida, esta que não está separada de forma alguma da estética. Ao contrário, quanto mais profundo penetrarmos na pluralidade dos modos estéticos de ver o mundo, mais e mais o mundo se alarga, e mais e mais acordamos em nós a humanidade plural
publishDate 2018
dc.date.none.fl_str_mv 2018
2020-11-10T18:56:54Z
2020-11-10T18:56:54Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv SANTOS, Miza Carvalho dos. Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga. 2018. 134 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.
https://app.uff.br/riuff/handle/1/15851
identifier_str_mv SANTOS, Miza Carvalho dos. Os reinos invisibilizados: um encontro com a palavra mandinga. 2018. 134 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2018.
url https://app.uff.br/riuff/handle/1/15851
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv openAccess
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv openAccess
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron:UFF
instname_str Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron_str UFF
institution UFF
reponame_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
collection Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)
repository.mail.fl_str_mv riuff@id.uff.br
_version_ 1807838781983686656