Ganymédes José Santos de Oliveira e a série "A Inspetora" (1974-1988): investigando aspectos temáticos, históricos e editoriais da mais extensa obra brasileira de literatura infantojuvenil de gênero policial
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2015 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/11209 |
Resumo: | A presente dissertação examina a série "A Inspetora", do escritor paulista Ganymédes José Santos de Oliveira, que produziu para a editora carioca Ediouro, entre 1974 e 1988, quase 40 livros de bolso de mistério para jovens leitores em torno de uma turma de crianças moradoras de uma fazenda (a "Patota da Coruja de Papelão"). Além de coligir um detalhado perfil editorial e histórico da série junto aos arquivos da editora, que inclui tanto informações relativas a tiragens, formatos e reedições quanto investigações em torno do mistério envolvendo um dos livros do corpus, possivelmente silenciado pela própria editora durante os anos 70 (O Caso do Rei da Casa Preta), buscamos comparar também as narrativas com os parâmetros, regras e lógica próprios do gênero policial, no entendimento de teóricos como W. H. Auden, Todorov, Boileau-Narcejac, Otto Maria Carpeaux, Medeiros e Albuquerque e Sandra Reimão, entre outros. Ao redigirmos uma biografia do autor com base em entrevistas pouco divulgadas e correspondência ativa e passiva inédita descoberta durante a pesquisa no Arquivo Municipal de Casa Branca, procuramos ainda sugerir novas inflexões de leitura para o entendimento da carreira e obra de Ganymédes José, bem como chamar atenção para a relevância de seu trabalho no contexto da literatura infantojuvenil brasileira. Finalmente, tomando como base o primeiro volume da série, O Caso da Mula-sem-cabeça, oferecemos uma análise crítica e leitura do corpus destacando o que ele tem de mais curioso: 1) seu caráter tanto de literatura policial (onde se privilegia a razão e o intelecto como forma de desvendar crimes e mistérios) quanto de literatura de massa (os livros eram assinados de forma diferenciada pela autor e feitos por encomenda para a editora); 2) o curioso deslocamento do palco de suas narrativas de combate ao crime da cidade – que é o berço e quase mesmo a raison d' être do romance policial – para o campo; 3) um personagem principal (a Inspetora, a menina Eloísa) que alia a razão de um Sherlock Holmes à tradição clássica e um respeito às instituições (igreja, família, figuras de autoridade): diferentemente da prima Malu, vinda da capital São Paulo, Eloísa está sempre atenta às obrigatórias orações, ao respeito a pais e professores, à superioridade da cultura erudita e, finalmente, às vantagens da vida no campo contra todo o tumulto, violência e poluição das grandes cidades. Transparece, ao final de nosso trabalho, um autor que viveu para seus livros e que, na “Inspetora”, parecia resgatar o típico embate oitocentista entre a vida rural, a vida da tradição e dos valores cristãos e clássicos, e a vida urbana, a vida da velocidade e da tecnologia, dos valores modernos e menos humanistas |
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Ganymédes José Santos de Oliveira e a série "A Inspetora" (1974-1988): investigando aspectos temáticos, históricos e editoriais da mais extensa obra brasileira de literatura infantojuvenil de gênero policialGanymédes José Santos de OliveiraLiteratura infantojuvenil brasileiraLiteratura policialLiteratura de massaLiteratura infantojuvenil brasileiraFicção policialJosé, Ganymedes, 1936-1990; crítica e interpretaçãoGanymédes José Santos de OliveiraBrazilian child and young adult literatureCrime fictionMass literatureA presente dissertação examina a série "A Inspetora", do escritor paulista Ganymédes José Santos de Oliveira, que produziu para a editora carioca Ediouro, entre 1974 e 1988, quase 40 livros de bolso de mistério para jovens leitores em torno de uma turma de crianças moradoras de uma fazenda (a "Patota da Coruja de Papelão"). Além de coligir um detalhado perfil editorial e histórico da série junto aos arquivos da editora, que inclui tanto informações relativas a tiragens, formatos e reedições quanto investigações em torno do mistério envolvendo um dos livros do corpus, possivelmente silenciado pela própria editora durante os anos 70 (O Caso do Rei da Casa Preta), buscamos comparar também as narrativas com os parâmetros, regras e lógica próprios do gênero policial, no entendimento de teóricos como W. H. Auden, Todorov, Boileau-Narcejac, Otto Maria Carpeaux, Medeiros e Albuquerque e Sandra Reimão, entre outros. Ao redigirmos uma biografia do autor com base em entrevistas pouco divulgadas e correspondência ativa e passiva inédita descoberta durante a pesquisa no Arquivo Municipal de Casa Branca, procuramos ainda sugerir novas inflexões de leitura para o entendimento da carreira e obra de Ganymédes José, bem como chamar atenção para a relevância de seu trabalho no contexto da literatura infantojuvenil brasileira. Finalmente, tomando como base o primeiro volume da série, O Caso da Mula-sem-cabeça, oferecemos uma análise crítica e leitura do corpus destacando o que ele tem de mais curioso: 1) seu caráter tanto de literatura policial (onde se privilegia a razão e o intelecto como forma de desvendar crimes e mistérios) quanto de literatura de massa (os livros eram assinados de forma diferenciada pela autor e feitos por encomenda para a editora); 2) o curioso deslocamento do palco de suas narrativas de combate ao crime da cidade – que é o berço e quase mesmo a raison d' être do romance policial – para o campo; 3) um personagem principal (a Inspetora, a menina Eloísa) que alia a razão de um Sherlock Holmes à tradição clássica e um respeito às instituições (igreja, família, figuras de autoridade): diferentemente da prima Malu, vinda da capital São Paulo, Eloísa está sempre atenta às obrigatórias orações, ao respeito a pais e professores, à superioridade da cultura erudita e, finalmente, às vantagens da vida no campo contra todo o tumulto, violência e poluição das grandes cidades. Transparece, ao final de nosso trabalho, um autor que viveu para seus livros e que, na “Inspetora”, parecia resgatar o típico embate oitocentista entre a vida rural, a vida da tradição e dos valores cristãos e clássicos, e a vida urbana, a vida da velocidade e da tecnologia, dos valores modernos e menos humanistasThe present dissertation examines the "A Inspetora" series, by Brazilian writer Ganymédes José Santos de Oliveira, who produced for publishing house Ediouro between 1974 and 1988 almost 40 crime pocket books aimed at young readers about a group of detective kids living at the countryside (the "Cardboard Owl Gang"). Apart from compiling an extensive and detailed profile on the historical and editorial aspects of the series using data prospected at Ediouro´s archives, which include information regarding pressing runs, formats and reissues as much as forays into the mystery around one of the books of the corpus, kept unpublished by the editor during the 70’s (O Caso do Rei da Casa Preta), we also aim at comparing the “Inspetora” narratives with the crime fiction parameters, logic and rules, as seen by scholars such as W. H. Auden, Todorov, Boileau-Narcejac, Otto Maria Carpeaux, Medeiros e Albuquerque and Sandra Reimão, among others. By presenting a biography of the author based on rare interviews and recently found epistolar material unearthed during our research at the Casa Branca’s City Archive, we propose new angles for approaching Ganymédes José and his work, as well as raising a flag that should draw more attention to the relevance of his writing in the context of Brazilian child-young adult literature. Finally, taking as starting point the inaugural volume of the series, O Caso da Mula-sem-cabeça, we offer a critical and analytical reading of the corpus bringing forth what is most peculiar in it: 1) its double aspect as crime fiction (in which one favours reason and intellect as the way to solve crimes and enigmas) and mass literature (being the books signed with pseudonym and produced as work-by-hire); 2) the curious displacement of the “stage” where the law-upholding stories take place, from the city – the craddle and even the raison d' être of the detective novel – to the countryside; 3) a main character (the Inspetora, the girl Eloísa) who allies the reasoning of a Sherlock Holmes to classic traditions and a respect to hegemonic institutions (church, family, figures of authority): very different from her cousin Malu, from capital São Paulo, Eloísa is always very careful with the mandatory prayers, with the respect due to parents and teachers, with the superiority of the erudite culture and, finally, with the advantages of the life in the countryside compared to all the turmoil, violence and pollution of the big cities. By the end of our work, shines through an author who lived for his books and who, in the “Inspetora” series, brings to life the typical 19th Century clash between rural life, tradition and Christian values and a urban life too fast and modern and technological, too devoid of humanist principles151 f.Farinaccio, PascoalPortilho, Carla FigueiredoMoura, André Muniz deFaria, Leonardo Nahoum Pache de2019-09-12T11:58:28Z2019-09-12T11:58:28Z2015info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/11209http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-02-09T00:36:59Zoai:app.uff.br:1/11209Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:59:00.731947Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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