Agronegócio, publicidade e os desafios da sustentabilidade: uma avaliação crítica no Agro nas mídias que o sugerem como o mais conveniente modelo socioambiental

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Nelis, Fúlvia Cristiny Tereza
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/29146
Resumo: Neste estudo, são abordadas as motivações ideológicas por trás do reconhecimento do agronegócio como o modelo socioambiental mais apropriado para a agropecuária no Brasil. Utilizando perspectivas da história, filosofia e sociologia, o objetivo é realizar uma avaliação crítica desse modelo e compreender a expressão ideológica presente na publicidade do setor, considerando seu contexto histórico e material. Com essa abordagem, procura­se identificar os valores culturais e econômicos que são velados e justificados nos meios de comunicação, que propagam o discurso do agronegócio. Este trabalho, está amparado nos pressupostos teóricos metodológicos da indústria cultural e pensadores de matriz marxista são utilizados na análise da dimensão ideológica. O recorte cronológico do trabalho relaciona­se com a consolidação de uma relação estratégica entre agentes privados e o Estado no setor do agronegócio, sobretudo após 1990, quando a categoria se estabelece como um fenômeno político definitivo e a mobilização na esfera pública da noção de agronegócio e de suas ideias­forças adquirem diferentes intuitos, a depender das fases do setor. O agronegócio foi abordado não somente como uma atividade econômica, mas também como um fenômeno político que engloba um conjunto de relações de poder que podem influenciar a disseminação de ideias­força no senso comum, como a ideia de que ele é sustentável. No entanto, as crises ambientais geram um estranhamento nos mecanismos da "superestrutura", resultando em imprecisões na aplicação do termo sustentabilidade. Nesse sentido, um importante desafio desta pesquisa é propor uma compreensão do processo atual de adaptação do referencial de economia verde pelo agronegócio e contribuir para essa discussão. Para isso, foi empregado um método discursivo e analítico que envolveu a abordagem de diversos produtos da "superestrutura" como novelas, videoclipes, shows, exposições, feiras, postagens em redes sociais, entrevistas, reportagens e peças publicitárias. Essa abordagem possibilitou indiretamente um mapeamento amplo dos mecanismos da indústria cultural que adotam um discurso convergente com a renovação e adaptação da imagem do "agro". Com base nas conclusões do estudo, pode­se afirmar que a sustentabilidade do agronegócio é influenciada pelo Plano ABC, e que a promoção de práticas sustentáveis na esfera pública é principalmente baseada nas técnicas e tecnologias desenvolvidas no âmbito desse plano. Para ocultar os interesses específicos relacionados ao crescimento econômico e à acumulação de capital, enquanto minimiza os desafios socioambientais, é necessário utilizar processos de formação de consenso que se baseiam na espetacularização de ideiaschave do setor, como produtividade, competitividade, identidade nacional, cultural e desenvolvimento sustentável. Como resultado, esses temas são difundidos e repetidos sistematicamente por meio de imagens e discursos na mídia e em eventos, afetando a percepção da sociedade em relação ao agronegócio, sem considerar as questões socioambientais envolvidas.
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Este trabalho, está amparado nos pressupostos teóricos metodológicos da indústria cultural e pensadores de matriz marxista são utilizados na análise da dimensão ideológica. O recorte cronológico do trabalho relaciona­se com a consolidação de uma relação estratégica entre agentes privados e o Estado no setor do agronegócio, sobretudo após 1990, quando a categoria se estabelece como um fenômeno político definitivo e a mobilização na esfera pública da noção de agronegócio e de suas ideias­forças adquirem diferentes intuitos, a depender das fases do setor. O agronegócio foi abordado não somente como uma atividade econômica, mas também como um fenômeno político que engloba um conjunto de relações de poder que podem influenciar a disseminação de ideias­força no senso comum, como a ideia de que ele é sustentável. No entanto, as crises ambientais geram um estranhamento nos mecanismos da "superestrutura", resultando em imprecisões na aplicação do termo sustentabilidade. Nesse sentido, um importante desafio desta pesquisa é propor uma compreensão do processo atual de adaptação do referencial de economia verde pelo agronegócio e contribuir para essa discussão. Para isso, foi empregado um método discursivo e analítico que envolveu a abordagem de diversos produtos da "superestrutura" como novelas, videoclipes, shows, exposições, feiras, postagens em redes sociais, entrevistas, reportagens e peças publicitárias. Essa abordagem possibilitou indiretamente um mapeamento amplo dos mecanismos da indústria cultural que adotam um discurso convergente com a renovação e adaptação da imagem do "agro". Com base nas conclusões do estudo, pode­se afirmar que a sustentabilidade do agronegócio é influenciada pelo Plano ABC, e que a promoção de práticas sustentáveis na esfera pública é principalmente baseada nas técnicas e tecnologias desenvolvidas no âmbito desse plano. Para ocultar os interesses específicos relacionados ao crescimento econômico e à acumulação de capital, enquanto minimiza os desafios socioambientais, é necessário utilizar processos de formação de consenso que se baseiam na espetacularização de ideiaschave do setor, como produtividade, competitividade, identidade nacional, cultural e desenvolvimento sustentável. Como resultado, esses temas são difundidos e repetidos sistematicamente por meio de imagens e discursos na mídia e em eventos, afetando a percepção da sociedade em relação ao agronegócio, sem considerar as questões socioambientais envolvidas.This study addresses the ideological motivations behind the recognition of agribusiness as the most appropriate socio­environmental model for agriculture in Brazil. Using perspectives from history, philosophy, and sociology, the objective is to critically evaluate this model and understand the ideological expression present in the sector's advertising, considering its historical and material context. With this approach, we seek to identify the cultural and economic values that are veiled and justified in the media, which propagate the discourse of agribusiness. This work is based on the theoretical methodological assumptions of the cultural industry, and Marxist thinkers are used in the analysis of the ideological dimension. The chronological cut of the work is related to the consolidation of a strategic relationship between private agents and the State in the agribusiness sector, especially after 1990, when the category establishes itself as a definitive political phenomenon and the mobilization in the public sphere of the notion of agribusiness and its idea­forces acquire different purposes depending on the phases of the sector. Agribusiness was addressed not only as an economic activity but also as a political phenomenon that encompasses a set of power relations that can influence the dissemination of idea­forces in the common sense, such as the idea that it is sustainable. However, environmental crises generate a strangeness in the mechanisms of the "superstructure," resulting in inaccuracies in the application of the term sustainability. In this sense, an important challenge of this research is to propose an understanding of the current process of adapting the green economy framework by agribusiness and contribute to this discussion. To this end, a discursive and analytical method was employed that involved the approach of various products of the "superstructure" such as novels, music videos, concerts, exhibitions, fairs, social media posts, interviews, reports, and advertisements. This approach indirectly made it possible to broadly map the mechanisms of the cultural industry that adopt a discourse convergent with the renewal and adaptation of the "agro" image. Based on the study's conclusions, it can be stated that the sustainability of agribusiness is influenced by the ABC Plan, and that the promotion of sustainable practices in the public sphere is mainly based on the techniques and technologies developed within this plan. To conceal the specific interests related to economic growth and capital accumulation while minimizing socioenvironmental challenges, it is necessary to use consensus formation processes that are ba sed on the spectacularization of key ideas of the sector, such as productivity, competitiveness, national and cultural identity, and sustainable development. As a result, these themes are systematically disseminated and repeated through images and discourses in the media and events, affecting society's perception of agribusiness, without considering the socio ­ environmental issues involved.157 p.Carrara, Ozanan Vicentehttp://lattes.cnpq.br/3736847157377437Silva, Douglas Mansur dahttp://lattes.cnpq.br/1812859470131233Veiga, Adamo Bouças Escossia dahttp://lattes.cnpq.br/4983552520282395Couto, André Luiz Fariahttp://lattes.cnpq.br/3630345263335152Assis, Lúcia Maria dehttp://lattes.cnpq.br/8169985059176655http://lattes.cnpq.br/6330121270553215Nelis, Fúlvia Cristiny Tereza2023-06-19T14:17:07Z2023-06-19T14:17:07Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfNELIS, Fúlvia Cristiny Tereza. Agronegócio, publicidade e os desafios da sustentabilidade: uma avaliação crítica no agro nas mídias que o sugerem como o mais conveniente modelo socioambiental. 2023. 157 f. 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