Morrer e viver em um mar de "monstros": o imaginário helênico sobre a morte no mar (séculos VIII-IV a.C)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Joursdan, Camila Alves
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28036
Resumo: A morte chega para todos os homens, independente de status social, situação econômica, ações feitas em benefício e malefício de outros, experiências vividas. A mortalidade é um fato para os seres humanos. No entanto, a forma com que esse morto será tratado depende de status social, situação econômica, ações feitas em benefício e malefício de outros, experiências vividas. Para os gregos antigos não era diferente. A forma com que se morria, os serviços prestados à pólis, a função e o papel social que desempenhava, a posse de bens, tudo isso e mais eram refletidos em seu enterramento. Além disto, a morte e o morrer fomentavam um conjunto de ideias e inferiam valores no imaginário dos políades. O objetivo desta tese é analisar a relação dos helenos com a morte que ocorria no mar. Diferente da valorização dada à morte do guerreiro (a nomeada “bela morte”), a morte no mar estava relacionada a um conjunto de ideias que desvalorizavam aqueles que viviam e morriam no mar. Apesar da empreitada helênica de expansão ao redor da bacia mediterrânica, e mesmo além, utilizar o mar e a navegação como partes fundamentais do processo, no qual os helenos reconheceram as potencialidades deste meio, as “representações sociais” (conceito cunhado por Denise Jodelet) na documentação textual permaneceram no campo da desconfiança, empregando-lhe um valor ambivalente. O imaginário construído pelos helenos sobre a morte no mar está repleto de seres míticos que materializam os perigos reais da navegação. Assim, o mar que engana e leva à morte pode ser relacionado com kêtos, Caríbdis, Scylla e as sereias, pois de igual modo matam e destroem os corpos. Somente com os saberes, técnicas e astúcia – às vezes com intervenção divina – os navegantes conseguem – mas nem sempre – saírem ilesos e retornarem ao seu oîkos. Deste modo, nosso recorte abrange um corpus documental que perpassa o período arcaico e clássico (VIII-IV a.C.), tendo em vista as fragmentárias referências textuais que remetem à morte no mar. Também compondo este corpus temos a documentação imagética, cenas de vasos majoritariamente dos séculos VI à IV a.C. Para a análise desta documentação faremos uso, respectivamente, da metodologia de “grades de leitura” empregado por Françoise Frontisi-Ducroux e o método desenvolvido por Claude Bérard das “unidades formais mínimas”.
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Diferente da valorização dada à morte do guerreiro (a nomeada “bela morte”), a morte no mar estava relacionada a um conjunto de ideias que desvalorizavam aqueles que viviam e morriam no mar. Apesar da empreitada helênica de expansão ao redor da bacia mediterrânica, e mesmo além, utilizar o mar e a navegação como partes fundamentais do processo, no qual os helenos reconheceram as potencialidades deste meio, as “representações sociais” (conceito cunhado por Denise Jodelet) na documentação textual permaneceram no campo da desconfiança, empregando-lhe um valor ambivalente. O imaginário construído pelos helenos sobre a morte no mar está repleto de seres míticos que materializam os perigos reais da navegação. Assim, o mar que engana e leva à morte pode ser relacionado com kêtos, Caríbdis, Scylla e as sereias, pois de igual modo matam e destroem os corpos. Somente com os saberes, técnicas e astúcia – às vezes com intervenção divina – os navegantes conseguem – mas nem sempre – saírem ilesos e retornarem ao seu oîkos. Deste modo, nosso recorte abrange um corpus documental que perpassa o período arcaico e clássico (VIII-IV a.C.), tendo em vista as fragmentárias referências textuais que remetem à morte no mar. Também compondo este corpus temos a documentação imagética, cenas de vasos majoritariamente dos séculos VI à IV a.C. Para a análise desta documentação faremos uso, respectivamente, da metodologia de “grades de leitura” empregado por Françoise Frontisi-Ducroux e o método desenvolvido por Claude Bérard das “unidades formais mínimas”.Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e TecnológicoLa mort vient à tous les hommes, indépendamment du statut social, de la situation économique, des actions faites pour le bénéfice et le préjudice des autres, des expériences vécues. La mortalité est un fait pour les humains. Cependant, la façon dont cette mort sera traitée dépend du statut social, de la situation économique, des actions menées pour le bien et le préjudice des autres, des expériences vécues. Pour les anciens Grecs, ce n'était pas différent. La manière dont il est mort, les services rendus à la polis, le fonction et le rôle social qu'il a joué, la possession de les biens, tout cela et plus se sont reflétés dans son enterrement. De plus, la mort et le mourrir ont favorisé un ensemble d'idées et de valeurs dans l'imaginaire du gens qui ont vécu dans polis. L'objectif de cette thèse est d'analyser la relation entre les Hellènes avec la mort qui a eu lieu en mer. Différemment à la valorisation de la mort du guerrier (la «belle mort»), la mort en mer était liée à un ensemble d'idées qui dévaluaient ceux qui vivaient et mouraient en mer. Malgré les efforts helléniques à l’expansion autour du bassin méditerranéen, et même au-delà, utiliser la mer et la navigation comme éléments fondamentaux du processus, dans lequel les Hellènes ont reconnu le potentiel de cet environnement, les «représentations sociales» (concept développé par Denise Jodelet) dans la documentation textuelle sont restées dans le domaine de la méfiance, lui employant une valeur ambivalente. L'imaginaire construit par les Hellènes sur la mort en mer est rempli d'êtres mythiques qui matérialisent les dangers réels de la navigation. Ainsi, la mer qui trompe et mène à la mort peut être liée à kêtos, Charybdis, Scylla et aux sirènes, car ils tuent et détruisent les corps. Seulement avec les connaissances, les techniques et la ruse – parfois avec une intervention divine – les navigateurs peuvent – mais pas toujours – laissaient sains et saufs et revenir à leur oikos. Ainsi, notre corpus de documents qui imprègne la période archaïque et classique (VIII-IV av. J-C.), compte tenu des références textuelles fragmentaires qui se réfèrent à la mort en mer. Composant également ce corpus nous avons la documentation imagée, des scènes de vaisseaux principalement des siècles VI à IV av.J-C. Pour l'analyse de cette documentation, nous utiliserons respectivement la méthodologie des «grilles de lecture» employée par Françoise Frontisi-Ducroux et la méthode développée par Claude Bérard des «unités formelles minimales».490 p.Lima, Alexandre Carneiro CerqueiraVieira, Ana Lívia BomfimAraújo, Sônia Regina Rebel deMoraes, Alexandre Santos deGonçalves, Ana Teresa MarquesVenancio, Giselle MartinsJoursdan, Camila Alves2023-03-05T22:52:20Z2023-03-05T22:52:20Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfJOURSDAN, Camila Alves. Morrer e viver em um mar de "monstros": o imaginário helênico sobre a morte no mar (séculos VIII-IV a.C). 2019. 490f. 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