Heterogeneidades do emprego feminino no brasil: bipolarização e polarização dos rendimentos do trabalho entre 1995 e 2015
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Data de Publicação: | 2020 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/24119 http://dx.doi.org/10.22409/PPGE.2020.d.13101687764 |
Resumo: | A bipolarização do emprego feminino é o termo utilizado por autoras da sociologia do trabalho para descrever a crescente segregação das mulheres em dois grupos de trabalhadoras, cada um deles marcado por características socioeconômicas e de empregabilidade situada em polos opostos. O objetivo desta tese é apresentar e conceituar o fenômeno da bipolarização conforme levantado pela literatura sociológica, propor uma metodologia de aferição, e estimar a bipolarização em sua dimensão do rendimento de todos os trabalhos para o Brasil. A principal hipótese é que o emprego feminino no país seja bipolarizado, e que a bipolarização teria aumentado a partir da década de 1990, conforme tendência apontada por Hirata (2002, 2009, 2010, 2011, 2015). Serão utilizadas três medidas para o cálculo da bipolarização: o índice de Foster-Wolfson (1992, 2010), e duas medidas formuladas a partir deste, propostas e calculadas para o Brasil por Lopes (2009) e Hoffman (2017). As medidas também foram estimadas segundo cor ou raça e subsetores do setor de serviços. Como parâmetro de comparação, todos os indicadores foram igualmente reproduzidos para os homens. Ao final, o trabalho propõe um exercício de estimação da polarização do rendimento de homens e mulheres. Em termos estatísticos, polarização e bipolarização são fenômenos diferentes. Daí o interesse em reservar a parte final da tese para a investigação da polarização. Esteban e Ray (1994) definiram polarização como o agrupamento da população em clusters de tamanho significativo, que admitem a formação de um número arbitrário de “polos”, e não apenas dois. Os membros de cada cluster devem possuir atributos semelhantes, e diferentes clusters devem ter membros com atributos diferentes. O método de aferição utilizado foi a estimação do índice de Duclos, Esteban e Ray (DER) (2004). Realizou-se ainda a decomposição do índice em subgrupos, conforme proposto por Araar (2008). A produção de todos os dados foi realizada através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os anos de 1995 a 2015, para a população de 18 a 64 anos. Os resultados da bipolarização contrariam a hipótese de trabalho. A bipolarização das mulheres é inferior àquela verificada para os homens, além de ter recuado durante o período analisado. Mas o resultado precisa ser relativizado: as mulheres brancas possuíam patamares mais elevados de bipolarização do que os homens pretos e pardos e do que as mulheres pretas e pardas. Há três hipóteses para a menor bipolarização feminina e para a queda da bipolarização em geral: 1- a elevação da mercantilização do trabalho das mulheres as teria aproximado do padrão de inserção masculino; 2- a bipolarização respondeu ao movimento de queda da desigualdade no Brasil; 3- a melhora dos indicadores educacionais e a expansão do acesso ao nível superior deslocou a fronteira entre as duas categorias de mulheres, levando a uma queda da distância entre elas. Para a polarização, os dados indicam que não houve grandes modificações, assim como não havia diferença significativa entre a polarização de homens e mulheres. Sua decomposição segundo subgrupos mostrou-se associada à divisão de grupos de escolaridade, posição na ocupação e subsetor dos serviços, não havendo diferença expressiva na relação da polarização de cada um dos sexos com tais grupos |
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A principal hipótese é que o emprego feminino no país seja bipolarizado, e que a bipolarização teria aumentado a partir da década de 1990, conforme tendência apontada por Hirata (2002, 2009, 2010, 2011, 2015). Serão utilizadas três medidas para o cálculo da bipolarização: o índice de Foster-Wolfson (1992, 2010), e duas medidas formuladas a partir deste, propostas e calculadas para o Brasil por Lopes (2009) e Hoffman (2017). As medidas também foram estimadas segundo cor ou raça e subsetores do setor de serviços. Como parâmetro de comparação, todos os indicadores foram igualmente reproduzidos para os homens. Ao final, o trabalho propõe um exercício de estimação da polarização do rendimento de homens e mulheres. Em termos estatísticos, polarização e bipolarização são fenômenos diferentes. Daí o interesse em reservar a parte final da tese para a investigação da polarização. Esteban e Ray (1994) definiram polarização como o agrupamento da população em clusters de tamanho significativo, que admitem a formação de um número arbitrário de “polos”, e não apenas dois. Os membros de cada cluster devem possuir atributos semelhantes, e diferentes clusters devem ter membros com atributos diferentes. O método de aferição utilizado foi a estimação do índice de Duclos, Esteban e Ray (DER) (2004). Realizou-se ainda a decomposição do índice em subgrupos, conforme proposto por Araar (2008). A produção de todos os dados foi realizada através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para os anos de 1995 a 2015, para a população de 18 a 64 anos. Os resultados da bipolarização contrariam a hipótese de trabalho. A bipolarização das mulheres é inferior àquela verificada para os homens, além de ter recuado durante o período analisado. Mas o resultado precisa ser relativizado: as mulheres brancas possuíam patamares mais elevados de bipolarização do que os homens pretos e pardos e do que as mulheres pretas e pardas. Há três hipóteses para a menor bipolarização feminina e para a queda da bipolarização em geral: 1- a elevação da mercantilização do trabalho das mulheres as teria aproximado do padrão de inserção masculino; 2- a bipolarização respondeu ao movimento de queda da desigualdade no Brasil; 3- a melhora dos indicadores educacionais e a expansão do acesso ao nível superior deslocou a fronteira entre as duas categorias de mulheres, levando a uma queda da distância entre elas. Para a polarização, os dados indicam que não houve grandes modificações, assim como não havia diferença significativa entre a polarização de homens e mulheres. Sua decomposição segundo subgrupos mostrou-se associada à divisão de grupos de escolaridade, posição na ocupação e subsetor dos serviços, não havendo diferença expressiva na relação da polarização de cada um dos sexos com tais gruposThe bipolarization of female employment is the term introduced by authors of sociology of work to describe the growing segregation of women into two groups of workers, each of them featured by socioeconomic and employability characteristics located at opposite poles. The main objective of this thesis is to present and conceptualize the phenomenon of bipolarization as pointed out by the sociology literature and then, to propose a measurement methodology, and to estimate bipolarization based on the labour income for Brazil. The main hypothesis is that female employment in the country is bipolarized, and that bipolarization would have increased since the 1990s, according to the trend pointed by Hirata (2002, 2009, 2010, 2011, 2015). Three measures will be used to estimate bipolarization: the Foster-Wolfson index (1992, 2010), and two other measures proposed and calculated for Brazil by Lopes (2009) and Hoffman (2017). The measures were also estimated according to race and subsectors of the service sector. As a comparison parameter, all indicators were also reproduced for men. At its final chapter, the thesis proposes an exercise to estimate the income polarization of men and women. In statistical terms, polarization and bipolarization are different phenomena. Hence the interest in reserving the final part of the thesis for the investigation of polarization. Esteban and Ray (1994) defined polarization as the grouping of a population into clusters of significant size, which admit the formation of an arbitrary number of “poles”, and not of just two of them.The members of each cluster must have similar attributes, and different clusters must have members with different attributes. The measurement method was the estimation of the Duclos, Esteban and Ray (DER) index (2004). The index was further decomposed into subgroups, as proposed by Araar (2008). The production of all data was based on microdata of the National Household Sample Survey (PNAD) of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) for the years 1995 to 2015, for a population aged 18 to 64 years. The results of bipolarization contradict the working hypothesis: the bipolarization of women is lower than that observed for men, in addition to having decreased during the analyzed period. But the result needs to be put into perspective: white women had higher levels of bipolarization than black and brown men and black and brown women. There are three hypotheses for a lower female bipolarization and for a drop in bipolarization in general: 1- the increase in the commodification of women's work as it would have approached the male labour market insertion pattern; 2- bipolarization responded to the movement of falling inequality in Brazil; 3- the improvement of educational indicators and the expansion of access to higher education moved the border between the two categories, leading to a decrease in the distance between them. For the polarization, the data indicate that there were no major changes, as well as there was no difference between the polarization of men and women. The decomposition according to subgroups showed compatability with the division of schooling groups, position in occupation and subsector of services, but there was no significant difference in the relationship between the polarization of each sex and these groups159 f.Kerstenetzky, Celia de Andrade LessaMachado, Danielle CarusiGuedes, Moema de CastroGuimarães, Nadya AraujoWajnman, SimoneWaltenberg, Fábio Domingueshttp://lattes.cnpq.br/6237530724835625http://lattes.cnpq.br/0408002839687344http://lattes.cnpq.br/4329074392127607http://lattes.cnpq.br/5061844070320035http://lattes.cnpq.br/8696769275634217http://lattes.cnpq.br/7856703867955956http://lattes.cnpq.br/0543757051084793Viana, Elisa Alonso Monçores2021-12-30T19:51:08Z2021-12-30T19:51:08Z2020info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfVIANA, Elisa Alonso Monçores. Heterogeneidades do emprego feminino no brasil: bipolarização e polarização dos rendimentos do trabalho entre 1995 e 2015. 2020. 159 f. Tese (Doutorado Acadêmico em Economia) – Faculdade de Economia, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2020http://app.uff.br/riuff/handle/1/24119http://dx.doi.org/10.22409/PPGE.2020.d.13101687764CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-01-06T20:02:39Zoai:app.uff.br:1/24119Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:17:34.660576Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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