Quando os invisibilizados falam: lutas territoriais, violência institucionalizada e feita pelas mãos do poder privado nos conflitos por terra Brasil (1985-2017)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva Júnior, José Plácido da
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28192
Resumo: A sociedade brasileira é marcada pelos conflitos por terra. No entanto, grande partes dos que interpretam a questão agrária brasileira não levaram em conta os envolvidos nos conflitos, realizaram análises apriorísticas privilegiando o desenvolvimento do capitalismo. Compreender a questão agrária brasileira e a violência contra quem luta pela terra/território e pela reforma agrária a partir dos envolvidos nos conflitos por terra foi esforço feito nesta pesquisa. As leituras dos chamados clássicos da questão agrária, como também de pensadores brasileiros que dedicaram seus tempos a estudar a questão agrária brasileira são fundamentais para compreender como o campo brasileiro foi pensado e analisado. O conceito de Conflitos, espinha dorsal deste estudo, é fundamental para entender a questão agrária brasileira a partir dos envolvidos nos conflitos. Os conflitos por terra no Brasil são as contradições concretas, vividas no campo brasileiro. O caminho analítico onde o tempo e o espaço se encontram mostrou-se eficaz. Para análise dos conflitos pela terra no Brasil utilizamos os dados dos conflitos por terra do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da CPT. Foram 25.576 ocorrências de conflitos por terra nesses 33 anos estudado, 9.708 localidades com algum tipo de conflito, envolvendo 2.429.761 famílias, do Norte ao Sul e de Leste ao Oeste do Brasil. O fato é que, em média, todos os anos, 442 localidades têm conflitos, com 72.372 famílias envolvidas e 775 ocorrências registradas. Reafirmamos aqui que o conflito é a expressão, a parte visível e pública das contradições existentes entre grupos sociais e indivíduos, sendo, portanto, os conflitos por terra a expressão das contradições das relações sociais e de poder no campo brasileiro. Nos conflitos, não há apenas a negatividade (um grupo não é o outro ou um grupo contra o outro), mas, sobretudo, seu caráter positivo, capaz de indicar o que de novo surge destas relações conflituosas, o que um grupo subalternizado traz de novo ao vivenciar o conflito. O conceito de (Re) existência também toma sua relevância, pois a luta pela existência de povos e comunidades é a luta para garantir um jeito próprio de estar na terra, uma forma própria de territorialidade. Por mais que os grupos e movimentos sociais do campo tenham lutado para terem acesso à terra e para permanecerem nos territórios, o processo de desterritorialização camponesa marcou os últimos 33 anos de luta pela terra no Brasil. O outro processo em curso nos conflitos por terra é o de reterritorialização. Apesar de toda violência sofrida, pelo poder do Estado e pelo poder Privado, os grupos e movimentos sociais do campo insistem em viver e continuarem camponeses e povos originários. Pra quem acha que a questão agrária brasileira está resolvida, recomenda-se olhar para os que estão pondo o agrário brasileiro em questão.
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As leituras dos chamados clássicos da questão agrária, como também de pensadores brasileiros que dedicaram seus tempos a estudar a questão agrária brasileira são fundamentais para compreender como o campo brasileiro foi pensado e analisado. O conceito de Conflitos, espinha dorsal deste estudo, é fundamental para entender a questão agrária brasileira a partir dos envolvidos nos conflitos. Os conflitos por terra no Brasil são as contradições concretas, vividas no campo brasileiro. O caminho analítico onde o tempo e o espaço se encontram mostrou-se eficaz. Para análise dos conflitos pela terra no Brasil utilizamos os dados dos conflitos por terra do Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da CPT. Foram 25.576 ocorrências de conflitos por terra nesses 33 anos estudado, 9.708 localidades com algum tipo de conflito, envolvendo 2.429.761 famílias, do Norte ao Sul e de Leste ao Oeste do Brasil. O fato é que, em média, todos os anos, 442 localidades têm conflitos, com 72.372 famílias envolvidas e 775 ocorrências registradas. Reafirmamos aqui que o conflito é a expressão, a parte visível e pública das contradições existentes entre grupos sociais e indivíduos, sendo, portanto, os conflitos por terra a expressão das contradições das relações sociais e de poder no campo brasileiro. Nos conflitos, não há apenas a negatividade (um grupo não é o outro ou um grupo contra o outro), mas, sobretudo, seu caráter positivo, capaz de indicar o que de novo surge destas relações conflituosas, o que um grupo subalternizado traz de novo ao vivenciar o conflito. O conceito de (Re) existência também toma sua relevância, pois a luta pela existência de povos e comunidades é a luta para garantir um jeito próprio de estar na terra, uma forma própria de territorialidade. Por mais que os grupos e movimentos sociais do campo tenham lutado para terem acesso à terra e para permanecerem nos territórios, o processo de desterritorialização camponesa marcou os últimos 33 anos de luta pela terra no Brasil. O outro processo em curso nos conflitos por terra é o de reterritorialização. Apesar de toda violência sofrida, pelo poder do Estado e pelo poder Privado, os grupos e movimentos sociais do campo insistem em viver e continuarem camponeses e povos originários. Pra quem acha que a questão agrária brasileira está resolvida, recomenda-se olhar para os que estão pondo o agrário brasileiro em questão.Brazilian society is marked by land conflicts. However, most of those who interpret the Brazilian agrarian question did not consider those who are involved in the conflicts, they carried out aprioristic analysis favoring the development of capitalism. Understanding the Brazilian agrarian issues and the violence against those who fight for land/territory and for agrarian reform from the perspective of the people involved in land conflicts was the aim of this research. The readings of the so-called classics of the agrarian issues, as well as of Brazilian thinkers who devoted their time to studying the Brazilian agrarian question, are fundamental to understand how the Brazilian countryside was thought and analyzed. The concept of conflicts, the backbone of this study, is fundamental to the understandingof Brazilian agrarian issues from the point of view of those involved in the conflicts. The conflicts over land in Brazil are the concrete contradictions experienced in the Brazilian countryside. The analytical path where time and space meet has proved effective. To analyze the conflicts over land in Brazil, we have used the data of the conflicts over the land of the Documentation Center Dom Tomás Balduino, of the Pastoral Commission of Land (CPT). There were 25.576 instances of land conflicts, during the period of 33 years researched; 9.708 places involved in some kind of conflict, as well as 2.429.761 families, from North to South and from East to West of Brazil. In fact, every year, on average, 442 localities deal with conflicts, a number of 72,372 families involved and 775 occurrences reported. We reaffirm here that the conflict is the expression, the visible and public part of the contradictions between social groups and individuals. Therefore, land conflicts are the expression of the contradictions of social relations and power in the Brazilian countryside. In conflicts, there is not only negativity (one group is not the other or one group against the other), but, above all, there is a positive character, which would show the newness that arises from the conflicting relations, the newness that would emerge from a subordinate group when experiencing the conflict. The concept of (re) existence also takes its relevance, as the struggle for the existence of people and communities means the struggle to guarantee a proper way of being in the land, a proper form of territoriality. Although the social groups and movements of the countryside had fought for their land and for remaining in their territories, the process of rural deterritorialization has occurred for the last 33 years of struggle for land in Brazil. The other process underway in land conflicts is that of re-territorialization. Despite all the violence caused by the state power and private power, the rural groups and social movements insist on living and remaining peasants, the same for the native peoples. For those who think the Brazilian agrarian issue is resolved, it is recommended to look at people and communities that are struggling for their land.191 p.Porto-Gonçalves, Carlos WalterCruz, Valter do CarmoPorto, José Renato Sant'AnnaCarneiro, Leonardo de OliveiraAlentejano, Paulo Roberto RaposoSilva Júnior, José Plácido da2023-03-13T18:54:58Z2023-03-13T18:54:58Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfSILVA JÚNIOR, José Plácido da. Quando os invisibilizados falam: lutas territoriais, violência institucionalizada e feita pelas mãos do poder privado nos conflitos por terra Brasil (1985-2017). 2019. 191 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.http://app.uff.br/riuff/handle/1/28192CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2023-03-13T18:55:02Zoai:app.uff.br:1/28192Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:10:42.156269Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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