Avaliação da profilaxia de tuberculose no pós-transplante hepático em área endêmica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Agoglia, Luciana Vanessa
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/11777
Resumo: Os pacientes submetidos a transplante hepático (TH) têm maior risco de desenvolver tuberculose (TB) por reativação de foco latente, cursando com maior gravidade e letalidade. Entretanto, a hepatotoxicidade do tratamento da TB latente (profilaxia) levanta questões quanto ao seu risco/benefício. O objetivo deste estudo foi avaliar o uso da isoniazida como profilaxia para TB no pós-TH em uma área endêmica. Foi realizada análise observacional prospectiva histórica dos pacientes adultos submetidos ao TH primário por doença hepática crônica desde outubro de 2001 a dezembro de 2010 no Hospital Geral de Bonsucesso (Rio de Janeiro) mediante revisão de prontuários. Foram selecionados aqueles que tinham indicação de profilaxia, e os que não a realizaram (apesar de indicada) constituíram o grupo controle. O desfecho primário foi o diagnóstico de TB, e o secundário o de hepatotoxicidade pela isoniazida. Dos 414 pacientes submetidos a TH neste período restaram 214 após a aplicação dos critérios de exclusão, dos quais 60 tinham indicação de profilaxia e 21 (35%) a iniciaram. Houve suspensão do fármaco antes de seis meses em seis casos (hepatotoxicidade de 28%, ou de 5%, se aplicados os critérios pré-estabelecidos pela literatura, que só foram satisfeitos por um paciente). No grupo que completou a profilaxia não houve nenhum caso de TB, já no grupo controle, que incluiu os pacientes em que a profilaxia foi suspensa, houve 1 caso (não houve significância estatística). Entre os 154 pacientes sem indicação de profilaxia, ocorreram outros 2 casos de TB (incidência na população geral do estudo de 1,4%). Entre os 214 pacientes estudados houve maior número de casos de TB em indivíduos que tinham simultaneamente PPD positivo e história/imagem de TB prévia (RR=37,5, IC 95% 2,81- 498,81, P=0,006). O mesmo ocorreu nos indivíduos não submetidos à profilaxia (RR=33,50, IC 95% 2,52-445,34, P=0,0078), nos quais verificou-se também que a ocorrência de TB no pós-TH não mostrou diferença significativa entre os que tinham PPD positivo e negativo, mas sim entre os que tinham ou não imagem/história de TB prévia (RR=11,93, IC 95% 1,20-118,34, P=0,034). Quando os fatores de risco para o desenvolvimento de TB foram avaliados isoladamente em todos os pacientes, verificou-se que os pacientes com PPD positivo não tinham maior risco de desenvolver TB que os com PPD negativo, o que não aconteceu nos pacientes com e sem história/imagem de TB prévia (RR=12,88, IC 95% 1,29-127,68, P=0,029). Concluiu-se que: 1) A imagem sugestiva de TB prévia e a história de TB com tratamento inadequado são bons preditores de TB no pós-TH e justificam a profilaxia com isoniazida após o TH, mesmo em pacientes com PPD negativo. 2) A presença de imagem radiográfica e/ou história sugestiva de TB prévia associada a um PPD reator foi o melhor preditor de TB no pós TH. 3) Nosso estudo não encontrou evidências suficientes para valorizar a presença isolada de PPD positivo como marcador de infecção latente. 4) A hepatotoxicidade da profilaxia com isoniazida em pacientes pós-TH é preocupante, mas não impeditiva
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Foram selecionados aqueles que tinham indicação de profilaxia, e os que não a realizaram (apesar de indicada) constituíram o grupo controle. O desfecho primário foi o diagnóstico de TB, e o secundário o de hepatotoxicidade pela isoniazida. Dos 414 pacientes submetidos a TH neste período restaram 214 após a aplicação dos critérios de exclusão, dos quais 60 tinham indicação de profilaxia e 21 (35%) a iniciaram. Houve suspensão do fármaco antes de seis meses em seis casos (hepatotoxicidade de 28%, ou de 5%, se aplicados os critérios pré-estabelecidos pela literatura, que só foram satisfeitos por um paciente). No grupo que completou a profilaxia não houve nenhum caso de TB, já no grupo controle, que incluiu os pacientes em que a profilaxia foi suspensa, houve 1 caso (não houve significância estatística). Entre os 154 pacientes sem indicação de profilaxia, ocorreram outros 2 casos de TB (incidência na população geral do estudo de 1,4%). Entre os 214 pacientes estudados houve maior número de casos de TB em indivíduos que tinham simultaneamente PPD positivo e história/imagem de TB prévia (RR=37,5, IC 95% 2,81- 498,81, P=0,006). O mesmo ocorreu nos indivíduos não submetidos à profilaxia (RR=33,50, IC 95% 2,52-445,34, P=0,0078), nos quais verificou-se também que a ocorrência de TB no pós-TH não mostrou diferença significativa entre os que tinham PPD positivo e negativo, mas sim entre os que tinham ou não imagem/história de TB prévia (RR=11,93, IC 95% 1,20-118,34, P=0,034). Quando os fatores de risco para o desenvolvimento de TB foram avaliados isoladamente em todos os pacientes, verificou-se que os pacientes com PPD positivo não tinham maior risco de desenvolver TB que os com PPD negativo, o que não aconteceu nos pacientes com e sem história/imagem de TB prévia (RR=12,88, IC 95% 1,29-127,68, P=0,029). Concluiu-se que: 1) A imagem sugestiva de TB prévia e a história de TB com tratamento inadequado são bons preditores de TB no pós-TH e justificam a profilaxia com isoniazida após o TH, mesmo em pacientes com PPD negativo. 2) A presença de imagem radiográfica e/ou história sugestiva de TB prévia associada a um PPD reator foi o melhor preditor de TB no pós TH. 3) Nosso estudo não encontrou evidências suficientes para valorizar a presença isolada de PPD positivo como marcador de infecção latente. 4) A hepatotoxicidade da profilaxia com isoniazida em pacientes pós-TH é preocupante, mas não impeditivaPatients undergoing liver transplantation (LT) have a higher risk of developing tuberculosis (TB) due to reactivation of a latent focus, with higher severity and lethality. Latent TB treatment (prophylaxis) hepatotoxicity, however, poses a risk versus benefit dilemma. The aim of the study was to evaluate isoniazid use as TB prophylaxis (PX) after LT in an endemic area. We performed a historical prospective observational analysis of adult patients undergoing primary LT for chronic liver disease from October 2001 to December 2010 in Hospital Geral de Bonsucesso (Rio de Janeiro) by chart review. We selected those who had indication for PX, and those without PX despite of a clear indication constituted the control group. The primary endpoint was TB diagnosis, and the secondary was hepatotoxicity due to isoniazid. Of the 414 patients undergoing LT in this period, 214 remained after applying exclusion criteria, of which 60 had indication for PX and 21 (35%) initiated it. The drug was discontinued before six months in six cases (a 28% hepatotoxicity rate, or 5%, if literature hepatotoxicity criteria were applied, which were only satisfied by one patient). In the group that completed PX there were no cases of TB and, in the control group, which included patients in whom PX was discontinued, there was one case (no statistical significance). Among the 154 patients without PX, there were two other cases of TB (study incidence of 1.4%). Among the 214 patients there was a higher number of TB cases in individuals who had both a positive tuberculinic test (TT) and history/radiographic abnormalities suggestive of past TB (RR = 37.5, 95% CI 2.81-498.81, P = 0.006). The same occurred in individuals not undergoing PX (RR = 33.50, 95% CI 2.52- 445.34, P = 0.0078), in whom the occurrence of TB showed no significant difference between those who had positive and negative TT, but there was a significant difference among those who had and who had no history/radiographic abnormalities compatible with previous TB (RR = 11.93, 95% CI 1.20-118.34, P=0.034). When TB risk factors were separately evaluated in all patients, it was found that the difference in TB incidence in positive and negative TT patients was not statistically significant, but it was in patients with and without history/ radiographic abnormalities compatible with previous TB (RR = 12.88, 95% CI 1.29-127.68, P = 0.029). In conclusion: 1) Radiographic abnormalities suggesting previous TB and clinical history of untreated TB are good predictors of post-LT TB and justify PX with isoniazid even with a negative TT. 2) Radiographic abnormalities suggesting previous TB and clinical history of untreated TB associated with a positive TT were the best predictor of post-LT TB. 3) Our study could not find sufficient evidence to value the presence of an isolated positive TT as a marker of latent infection. 4) Hepatotoxicity from isoniazid prophylaxis in post-LT patients is worrisome but not impeditive64f.NiteróiMartinho, Jose Manoel da Silva GomesSetúbal, SérgioCoca Velarde, Luis GuillermoPerez, Renata de Mellohttp://lattes.cnpq.br/1414645758325218http://lattes.cnpq.br/2227866441943004http://lattes.cnpq.br/2450335846017048http://lattes.cnpq.br/5087016670022826http://lattes.cnpq.br/0870986021644250Agoglia, Luciana Vanessa2019-10-23T13:51:42Z2019-10-23T13:51:42Z2012info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfAGOGLIA, Luciana Vanessa. Avaliação da profilaxia de tuberculose no pós-transplante hepático em área endêmica. 2012. 64 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Médicas) - Universidade Federal Fluminense, 2012.https://app.uff.br/riuff/handle/1/11777Aluno de Mestradohttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-04-27T18:42:22Zoai:app.uff.br:1/11777Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:18:11.778704Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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