"Como se fossem da família": sem salários e sem direitos: o trabalho doméstico escravizado na cidade do Rio de Janeiro
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2023 |
Tipo de documento: | Trabalho de conclusão de curso |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/31517 |
Resumo: | Este Trabalho de Conclusão de Curso faz uma reflexão e análise acerca do trabalho doméstico escravizado na cidade do Rio de Janeiro. Observamos que a atividade laboral no âmbito doméstico é uma das maiores categorias de trabalho no Brasil. O pensamento social brasileiro marxista, nos possibilita analisar a realidade das mulheres negras trabalhadoras domésticas, dentro da perspectiva da totalidade, e interligadas à dinâmica das economias dependentes como a brasileira. A categoria “divisão sociossexual étnico-racial do trabalho” também é referência norteadora para o desenvolvimento das análises neste trabalho, assim como, as condições de vida cotidiana dessas trabalhadoras, através das práticas laborais no âmbito do trabalho reprodutivo na esfera do cuidado. O objetivo deste trabalho foi compreender as linhas de continuidades e rupturas da senzala ao quartinho de empregada, a partir da formação econômico-social brasileira que tem em suas entranhas marcas pretéritas da violência sobre os corpos de trabalhadoras domésticas racializadas. Uma violência sistêmica que tem em seu cerne a expropriação, a exploração e o extermínio desses corpos racializados para a reprodução da força de trabalho que é central para o capital. As trabalhadoras domésticas escravizadas na cidade do Rio Janeiro no século XXI, convivem com “velhas e novas” formas de opressão e exploração materializadas pelo racismo e pelo patriarcado, isto não é uma particularidade brasileira, mas é constitutivo do capitalismo. Além de uma análise qualitativa e quantitativa, com revisão bibliográficas e levantamento de dados secundários junto a instituições como a SIT/SRT-RJ (2021) e o IPEA/IBGE, verificamos que a exploração do trabalho doméstico remunerado e não remunerado, coloca as mulheres negras trabalhadoras domésticas em uma posição de subalternidade que dificulta o reconhecimento da condição de escravizadas ou do trabalho degradante pelas próprias vítimas. Compreendemos que a dominação imposta pela sociedade capitalista, passa a ditar e a instituir a hierarquização dentro da “divisão sociossexual étnico racial do trabalho”, em que se estabelece um peso maior sobre o trabalho reprodutivo da mulher negra. Através do “nó ontológico” de Saffioti (1978), analisamos que o trabalho doméstico não pode ser analisado de forma fragmentada e/ou separada. |
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A categoria “divisão sociossexual étnico-racial do trabalho” também é referência norteadora para o desenvolvimento das análises neste trabalho, assim como, as condições de vida cotidiana dessas trabalhadoras, através das práticas laborais no âmbito do trabalho reprodutivo na esfera do cuidado. O objetivo deste trabalho foi compreender as linhas de continuidades e rupturas da senzala ao quartinho de empregada, a partir da formação econômico-social brasileira que tem em suas entranhas marcas pretéritas da violência sobre os corpos de trabalhadoras domésticas racializadas. Uma violência sistêmica que tem em seu cerne a expropriação, a exploração e o extermínio desses corpos racializados para a reprodução da força de trabalho que é central para o capital. As trabalhadoras domésticas escravizadas na cidade do Rio Janeiro no século XXI, convivem com “velhas e novas” formas de opressão e exploração materializadas pelo racismo e pelo patriarcado, isto não é uma particularidade brasileira, mas é constitutivo do capitalismo. Além de uma análise qualitativa e quantitativa, com revisão bibliográficas e levantamento de dados secundários junto a instituições como a SIT/SRT-RJ (2021) e o IPEA/IBGE, verificamos que a exploração do trabalho doméstico remunerado e não remunerado, coloca as mulheres negras trabalhadoras domésticas em uma posição de subalternidade que dificulta o reconhecimento da condição de escravizadas ou do trabalho degradante pelas próprias vítimas. Compreendemos que a dominação imposta pela sociedade capitalista, passa a ditar e a instituir a hierarquização dentro da “divisão sociossexual étnico racial do trabalho”, em que se estabelece um peso maior sobre o trabalho reprodutivo da mulher negra. Através do “nó ontológico” de Saffioti (1978), analisamos que o trabalho doméstico não pode ser analisado de forma fragmentada e/ou separada.This Course Conclusion Paper makes a reflection and analysis about enslaved domestic work in the city of Rio de Janeiro. We observed that domestic labor activity is one of the largest categories of work in Brazil. The Brazilian Marxist social thought allows us to analyze the reality of black women domestic workers, within the perspective of totality, and interconnected to the dynamics of dependent economies such as the Brazilian. The category "ethnic-racial sociosexual division of work" is also a guiding reference for the development of the analyzes in this work, as well as the daily life conditions of these workers through work practices in the scope of reproductive work in the sphere of care, the objective of this research. This study was to understand the lines of continuities and ruptures from the slave quarters to the maid's room, based on the Brazilian economic and social formation that has in its bowels past marks of violence on the bodies of racialized domestic workers. A systemic violence that has at its core the expropriation, exploitation and extermination of these racialized bodies for the reproduction of the workforce that is central to capital. Domestic workers enslaved in the city of Rio Janeiro in the 21st century, coexist with “old and new” forms of oppression and exploitation materialized by racism and patriarchy, this is not a Brazilian particularity but is constitutive of capitalism. In addition to qualitative and quantitative analysis, with bibliographic review and secondary data collection from institutions such as SIT/SRT-RJ (2021) and IPEA/IBGE, we verified that the exploitation of paid and unpaid domestic work places black women domestic workers in a position of subordination that makes it difficult for the victims to recognize their condition of enslaved or degrading work. We understand that the domination imposed by capitalist society begins to dictate and institute the hierarchy within the “ethnic-racial sociosexual division of work”, in which a greater weight is established on the reproductive work of black women. Through the “ontological node” of Saffioti (1978) we analyze that domestic work cannot be analyzed in a fragmented and/or separate way.70 p.Silva, Marcela SoaresCastro, Carla Appollinario deSantos, Jussara Francisca de Assis dosNovaes, Franciane de Carvalho2023-12-19T11:26:17Z2023-12-19T11:26:17Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfhttp://app.uff.br/riuff/handle/1/31517CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2023-12-19T11:26:21Zoai:app.uff.br:1/31517Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:20:56.463184Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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