Anormalidades neurológicas à admissão e sua evolução nas crianças com a síndrome da Zika congênita atendidas no Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rua, Erica Conti
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/13091
http://dx.doi.org/10.22409/PPGCM.2019.m.11388580721
Resumo: Introdução: Em março de 2015 foi constatada a presença de uma nova epidemia no Nordeste do Brasil, causada pelo vírus Zika (ZIKV). Em novembro de 2015, houve um aumento na incidência de cerca de 20 vezes de microcefalia em recém-nascidos nas áreas afetadas pelo ZIKV e logo após, em dezembro, a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) anunciou a identificação do RNA do ZIKA em amostras de líquido amniótico de duas gestantes com fetos apresentando microcefalia no ultrassom pré-natal. À medida em que as crianças afetadas pelo mesmo foram estudadas mais detalhadamente, identificou-se a síndrome da Zika congênita (SZC), caracterizada principalmente por microcefalia, artrogripose, anormalidades oftalmológicas, auditivas e de neuroimagem. Apesar de existirem estudos relatando as alterações clínicas neurológicas e de neuroimagem dos pacientes com a SZC, observa-se uma carência de estudos que descrevam a evolução neurológica desses pacientes. Objetivo geral: Avaliar as manifestações neurológicas das crianças diagnosticadas com SZC no Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (HUAP-UFF). Objetivos específicos: - Descrever as manifestações neurológicas das crianças diagnosticadas com SZC à admissão no estudo, correlacionando-as com os dados clínico-epidemiológicos da infecção materna; - Avaliar a evolução do quadro neurológico das crianças com SZC apresentado na admissão no serviço até completar dois anos de idade. Métodos: Trata-se de estudo observacional prospectivo conduzido no HUAP-UFF, no período de abril de 2016 a dezembro de 2018. As crianças com a SZC atendidas neste hospital tiveram a avaliação neurológica e a aplicação de 2 escalas de neurodesenvolvimento (Denver II e Avaliação do desenvolvimento motor grosseiro da Organização Mundial de Saúde) por neuropediatra, na admissão no estudo, e posteriormente aos 4, 8, 12, 18 e 24 meses de idade. As variáveis utilizadas foram os dados clínico-epidemiológicos da infecção materna,as características clínicas neurológicas das crianças em cada avaliação (incluindo marcos do desenvolvimento infantil, alterações motoras e tipos de convulsão) e as alterações radiológicas em neuroimagem. Os dados foram armazenados e analisados no programa Microsoft Excel para Mac 2011 versão14.6.3. Resultados: Foram avaliadas 38 crianças (sendo 27 do sexo masculino e 11 do feminino) com a SZC, com mediana de idade de 4,3 meses de vida (IIQ: 1,6-11,4). Trinta crianças (78,9%) apresentavam microcefalia, sendo destas 22 (73,3%) ao nascimento e 8 (26,7%) pós-natal. Irritabilidade estava presente em 19 (50%) e 10 (27%) das crianças, com 8 meses e 24 meses, respectivamente. A hipertonia axial foi marcante aos 4 meses, ocorrendo em 29 (77%) das 38 crianças, com queda aos 24 meses para 19 (50%). Em todas as idades, a tetraparesia espástica foi a anormalidade motora mais comum, ocorrendo em mais de 80% das crianças. Vinte e sete (71%) participantes foram diagnosticados com epilepsia e a idade mediana de início das crises convulsivas foi de 6 meses (IIQ:3,5-8). Os tipos mais frequentes de crises foram as focais e os espasmos, sendo os espasmos mais frequentes no primeiro ano de vida (52%) e as crises focais no segundo ano de vida (50%). Os achados de neuroimagem mais observados foram malformação cortical e atrofia de parênquima em 27 (82%), além de ventriculomegalia (76%) e disgenesia de corpo caloso (73%). Foi identificado um grupo de 6 pacientes com alterações neurológicas clínicas distintas entre si, porém todos com atraso global do desenvolvimento e presença de hipersinal na sequência T2 da ressonância magnética de crânio. Conclusão: Este estudo possibilitou a avaliação de dados clínicos neurológicos evolutivos dos pacientes com a SZC nos seus primeiros 2 anos de vida. Observou-se uma mudança do padrão dos tipos de crises convulsivas, frequência de irritabilidade e de alteração de tônus muscular axial durante o acompanhamento. Notou-se, entretanto, a manutenção do padrão de alteração no desenvolvimento neuropsicomotor e alteração motora muscular apendicular. E, por fim, sugeriu-se a hipótese de um novo espectro da SZC com características clínico-radiológicas mais leves
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À medida em que as crianças afetadas pelo mesmo foram estudadas mais detalhadamente, identificou-se a síndrome da Zika congênita (SZC), caracterizada principalmente por microcefalia, artrogripose, anormalidades oftalmológicas, auditivas e de neuroimagem. Apesar de existirem estudos relatando as alterações clínicas neurológicas e de neuroimagem dos pacientes com a SZC, observa-se uma carência de estudos que descrevam a evolução neurológica desses pacientes. Objetivo geral: Avaliar as manifestações neurológicas das crianças diagnosticadas com SZC no Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (HUAP-UFF). Objetivos específicos: - Descrever as manifestações neurológicas das crianças diagnosticadas com SZC à admissão no estudo, correlacionando-as com os dados clínico-epidemiológicos da infecção materna; - Avaliar a evolução do quadro neurológico das crianças com SZC apresentado na admissão no serviço até completar dois anos de idade. Métodos: Trata-se de estudo observacional prospectivo conduzido no HUAP-UFF, no período de abril de 2016 a dezembro de 2018. As crianças com a SZC atendidas neste hospital tiveram a avaliação neurológica e a aplicação de 2 escalas de neurodesenvolvimento (Denver II e Avaliação do desenvolvimento motor grosseiro da Organização Mundial de Saúde) por neuropediatra, na admissão no estudo, e posteriormente aos 4, 8, 12, 18 e 24 meses de idade. As variáveis utilizadas foram os dados clínico-epidemiológicos da infecção materna,as características clínicas neurológicas das crianças em cada avaliação (incluindo marcos do desenvolvimento infantil, alterações motoras e tipos de convulsão) e as alterações radiológicas em neuroimagem. Os dados foram armazenados e analisados no programa Microsoft Excel para Mac 2011 versão14.6.3. Resultados: Foram avaliadas 38 crianças (sendo 27 do sexo masculino e 11 do feminino) com a SZC, com mediana de idade de 4,3 meses de vida (IIQ: 1,6-11,4). Trinta crianças (78,9%) apresentavam microcefalia, sendo destas 22 (73,3%) ao nascimento e 8 (26,7%) pós-natal. Irritabilidade estava presente em 19 (50%) e 10 (27%) das crianças, com 8 meses e 24 meses, respectivamente. A hipertonia axial foi marcante aos 4 meses, ocorrendo em 29 (77%) das 38 crianças, com queda aos 24 meses para 19 (50%). Em todas as idades, a tetraparesia espástica foi a anormalidade motora mais comum, ocorrendo em mais de 80% das crianças. Vinte e sete (71%) participantes foram diagnosticados com epilepsia e a idade mediana de início das crises convulsivas foi de 6 meses (IIQ:3,5-8). Os tipos mais frequentes de crises foram as focais e os espasmos, sendo os espasmos mais frequentes no primeiro ano de vida (52%) e as crises focais no segundo ano de vida (50%). Os achados de neuroimagem mais observados foram malformação cortical e atrofia de parênquima em 27 (82%), além de ventriculomegalia (76%) e disgenesia de corpo caloso (73%). Foi identificado um grupo de 6 pacientes com alterações neurológicas clínicas distintas entre si, porém todos com atraso global do desenvolvimento e presença de hipersinal na sequência T2 da ressonância magnética de crânio. Conclusão: Este estudo possibilitou a avaliação de dados clínicos neurológicos evolutivos dos pacientes com a SZC nos seus primeiros 2 anos de vida. Observou-se uma mudança do padrão dos tipos de crises convulsivas, frequência de irritabilidade e de alteração de tônus muscular axial durante o acompanhamento. Notou-se, entretanto, a manutenção do padrão de alteração no desenvolvimento neuropsicomotor e alteração motora muscular apendicular. E, por fim, sugeriu-se a hipótese de um novo espectro da SZC com características clínico-radiológicas mais levesIntroduction: In March 2015 a new epidemic emerged in the northeast of Brazil, caused by Zika virus (ZIKV). In november 2015, there were an increase of microcephalic cases in newborns at ZIKV affected areas. In December 2015, the Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) announced the identification of ARN of ZIKV in two amniotic fluid’s samples of two pregnant women with fetus presenting microcephaly in ultrasound exam.Then, as the affected children were followed, a congenital Zika syndrome (CZS) was identified. Their main shared characteristics were: microcephaly, arthrogryposis, ophthalmic, hearing and neuroimaging abnormalities. Despite the presence of studies reporting clinical neurological manifestations and neuroimaging abnormalities of CZS’s patients, we observe a lack of evolutive studies, that could describe how these patients are evolving. Main objective: To describe neurological manifestations of children with the diagnosis of CZS at Hospital Universitário Antônio Pedro of Universidade Federal Fluminense. Specific objectives: - To describe neurological manifestations of children with the diagnosis of CZS at admission, making the correlation between the clinical-epidemiological data of maternal infection; - To evaluate the evolution of neurological symptoms of children with CZS from admission until 2 years old. Methods: This is an observational prospective study conducted at Hospital Universitário Antônio Pedro of Universidade Federal Fluminense from April, 2016 to December, 2018. Children with CZS had neurological evaluation and appliance of 2 neurodevelopmental scales (Denver II and Gross Motor development evaluation of WHO) by child neurologist, at admission, at 4, 8, 12, 18 and 24 months of old. The variables used were clinical-epidemiological data of maternal infection, neurologic clinical manifestations of children of each evaluation (including infantile development marks, motor abnormalities and seizure types) and abnormalities on neuroimaging. Data were stored and measured in Microsoft Excel program for Mac 2011 version 14.6.3. Results: Thirty-eight children (27 male and 11 female) with CZS, median age of 4.3 months old (IIQ: 1.6-11.4) at admission had neurological evaluation. Irritability was present at 50% and 27%, with 8 and 24 months old, respectively. Axial hypertonia was remarkable at 4 months old (77%), decreasing at 24 months old to 50%. At all ages, spastic tetraparesis was the abnormality most common (>80%). Twentyseven (71%) participants were diagnosed with epilepsy and the median age of the first seizure was 6 months old (IIQ:3.5-8). The most frequent types of seizures were focal and spasms. Spasms more frequently seen at the first year old (52%) and focal seizures during the second year of life (50%). The most observed neuroimaging findings were malformation of cortical development and parenchymal atrophy in 27 (82%). Ventriculomegaly and dysgenesis of the corpus callosum had notable percentages (76% and 73%, respectively, of neuroimaging results), also. During patient follow-up, 6 patients with atypical characteristics (16% of the sample) were identified. They had different clinical changes from each other, but all had global developmental delay and the same hyperintense signal in the periventricular white matter via the brain MRI T2 sequence. Conclusion: This study allowed to evaluate the evolution of neurologic clinical data of CZS patients during their first 2 years old. A change in the pattern of seizure types, frequency of irritability and axial muscular tone were observed during the follow up. However, there was no change in the pattern of neuropsychomotor development and appendicular muscular tone. And finally, hypothesis of a new CZS spectrum with lighter clinical-radiological characteristics has been suggested83f.NiteróiCardoso, Claudete Aparecida AraújoCoca Velarde, Luis GuillermoBarbosa, Arnaldo PrataMaia Filho, Heber de SouzaOliveira, Solange Artimos deFernandes, Alexandre Ribeirohttp://lattes.cnpq.br/1644428703165751http://lattes.cnpq.br/2674509595570040http://lattes.cnpq.br/2547414793690711http://lattes.cnpq.br/5087016670022826http://lattes.cnpq.br/0957109003322672http://lattes.cnpq.br/1030331032570376Rua, Erica Conti2020-03-13T11:21:27Z2020-03-13T11:21:27Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfRUA, Erica Conti. Anormalidades neurológicas à admissão e sua evolução nas crianças com síndrome da Zika congênita atendidas no Hospital Universitário Antonio Pedro da Universidade Federal Fluminense. 2019. 83 f. 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