Entre a critica das armas e as armas da crítica: trotskistas na ditadura militar (1968-1973) uma contribuição à História do Trotskismo no Brasil

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Oliveira, Tiago de
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/13383
Resumo: Após o golpe civil-militar de 1964 a história da esquerda no Brasil foi marcada por uma expressiva fragmentação em pequenos grupos e partidos. Organizações e partidos que existiam antes àquele acontecimentos, como os comunistas (PCB e PCdoB), a Política Operária (POLOP), assim como a Ação Popular (AP) foram acometidos por dissensões e rupturas políticas ao longo da segunda metade da década de 1960. Esse momento de renovação política também alcançou o movimento trotskista brasileiro, representado desde os anos 1950 pelo Partido Operário Revolucionário. A partir de 1968, com a criação das Fração Bolchevique Trotskista (FBT) e do Movimento Estudantil 1º de Maio – que em seguida tornou-se Organização Comunista 1º de Maio (OC1M) – , a história do trotskismo deixou de ser representado por uma única organização ou partido, como havia sido desde sua origem nos anos 1930. As duas organizações, junto com o surgimento, fora do país, dos grupos Outubro, Ponto de Partida e da tendência trotskista (Combate) do Partido Operário comunista (em seguida conhecida como POC-Combate) – todas em 1971 – representaram o início de uma nova fase do movimento trotskista no Brasil. O objetivo desta tese foi analisar o projeto revolucionário que elaboraram esses trotskistas em sua luta contra a ditadura militar e pela revolução socialista, no período delimitado entre os anos 1968 e 1973. Nesse sentido, duas foram as questões que nosso trabalho procurou responder: por um lado, como analisaram o processo histórico-político pós-1964, particularmente aquele inserido no período delimitado; e por outro, quais foram as táticas e estratégias políticas que tentaram concretizar naqueles anos. Tal como ocorreu com as outras vertentes da esquerda brasileira, dois foram os caminhos apontados para a revolução brasileira: a perspectiva da luta armada revolucionária imediata – da qual o POC-Combate, entre os trotskistas brasileiros, foi o único partidário – e aquele que a concebia como o resultado de amplas mobilizações sociais centradas no proletariado urbano. Nosso argumento principal é que essa diferença estavam embasadas em distintas análises do regime político que vigorou especialmente após a decretação do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968. Assim a análise que captou a ditadura militar como algo estrutural, como uma face política inevitável para a manutenção do capitalismo no país – como defendeu o POC-Combate – traduziu-se no imperativo pela adequação da organização política dos revolucionários e sua preparação para a guerra revolucionária. Já a análise que esboçaram as outras organizações trotskistas, cada uma à sua maneira, colocaram em relevo que a sustentação do regime político estava alicerçada na desarticulação, repressão e controle das organizações políticas dos trabalhadores, o que conferia, ao menos temporariamente, condições favoráveis à ditadura e a burguesia. Com essa leitura FBT, OC1M, Outubro e Ponto de Partida elaboraram um projeto político alternativo tanto à luta armada, proposta pelas organizações guerrilheiras, quanto às alianças de classe que defendeu o PCB. Nesse projeto político trotskista – que estruturou-se sobre a perspectiva da reorganização política dos trabalhadores – eles se diferenciaram do conjunto das esquerdas do período e em alguns casos anteciparam os sentidos políticos que tomaram posteriormente as lutas contra a ditadura militar, como na pioneira defesa que fizeram da luta pelas liberdades democráticas
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A partir de 1968, com a criação das Fração Bolchevique Trotskista (FBT) e do Movimento Estudantil 1º de Maio – que em seguida tornou-se Organização Comunista 1º de Maio (OC1M) – , a história do trotskismo deixou de ser representado por uma única organização ou partido, como havia sido desde sua origem nos anos 1930. As duas organizações, junto com o surgimento, fora do país, dos grupos Outubro, Ponto de Partida e da tendência trotskista (Combate) do Partido Operário comunista (em seguida conhecida como POC-Combate) – todas em 1971 – representaram o início de uma nova fase do movimento trotskista no Brasil. O objetivo desta tese foi analisar o projeto revolucionário que elaboraram esses trotskistas em sua luta contra a ditadura militar e pela revolução socialista, no período delimitado entre os anos 1968 e 1973. Nesse sentido, duas foram as questões que nosso trabalho procurou responder: por um lado, como analisaram o processo histórico-político pós-1964, particularmente aquele inserido no período delimitado; e por outro, quais foram as táticas e estratégias políticas que tentaram concretizar naqueles anos. Tal como ocorreu com as outras vertentes da esquerda brasileira, dois foram os caminhos apontados para a revolução brasileira: a perspectiva da luta armada revolucionária imediata – da qual o POC-Combate, entre os trotskistas brasileiros, foi o único partidário – e aquele que a concebia como o resultado de amplas mobilizações sociais centradas no proletariado urbano. Nosso argumento principal é que essa diferença estavam embasadas em distintas análises do regime político que vigorou especialmente após a decretação do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968. Assim a análise que captou a ditadura militar como algo estrutural, como uma face política inevitável para a manutenção do capitalismo no país – como defendeu o POC-Combate – traduziu-se no imperativo pela adequação da organização política dos revolucionários e sua preparação para a guerra revolucionária. Já a análise que esboçaram as outras organizações trotskistas, cada uma à sua maneira, colocaram em relevo que a sustentação do regime político estava alicerçada na desarticulação, repressão e controle das organizações políticas dos trabalhadores, o que conferia, ao menos temporariamente, condições favoráveis à ditadura e a burguesia. Com essa leitura FBT, OC1M, Outubro e Ponto de Partida elaboraram um projeto político alternativo tanto à luta armada, proposta pelas organizações guerrilheiras, quanto às alianças de classe que defendeu o PCB. Nesse projeto político trotskista – que estruturou-se sobre a perspectiva da reorganização política dos trabalhadores – eles se diferenciaram do conjunto das esquerdas do período e em alguns casos anteciparam os sentidos políticos que tomaram posteriormente as lutas contra a ditadura militar, como na pioneira defesa que fizeram da luta pelas liberdades democráticasAfter the civil-military coup of 1964 the history of the left in Brazil was marked by an expressive fragmentation in small groups and parties. Organizations and parties that existed before such events, such as the Communists (PCB and PCdoB), Política Operária (POLOP), as well as Ação Popular (AP) were affected by dissent and political breakdowns during the second half of the 1960s. This moment of political renewal also reached the Brazilian Trotskyist movement, represented since the 1950s by the Partido Operário Revolucionario. From 1968, with the creation of the Fração Bolchevique Trotskista (FBT) and the Movimento Estudantil 1º de Maio – which later became the Organização Comunista 1º de Maio (OC1M) – the history of Trotskyism was no longer represented by a single organization or party, as it had been since its inception in the decade of the 1930. The two organizations, together with the out-of-country emergence of the Outubro, Ponto de Partida and trotskyist tendency (Combat) of the Partido Operário Comunista (hereafter known as POC-Combat) – all in 1971 – were the beginning of a new phase of the Trotskyist movement in Brazil. The purpose of this thesis was to analyze the revolutionary project elaborated by these Trotskyists in their struggle against the military dictatorship and the socialist revolution in the period between 1968 and 1973. In this sense, two questions were addressed by our work: analyzing the post1964 historical-political process, particularly that inserted in the delimited period; and on the other, what tactics and political strategies they tried to achieve in those years. As with the other aspects of the Brazilian left, two paths were pointed out to the Brazilian revolution: the perspective of immediate revolutionary armed struggle – of which POC-Combate, among the Brazilian Trotskyites, was the sole supporter – and the one who conceived as the result of broad social mobilizations centered on the urban proletariat. Our main argument is that this difference was based on different analyzes of the political regime that took effect especially after the decree of Institutional Act nº 5, in December 1968. Thus the analysis that capturedthe military dictatorship as something structural, as an inevitable political face for the maintenance of capitalism in the country – as the POC-Combat advocated – was translated into the imperative by the adequacy of the political organization of the revolutionaries and their preparation for the revolutionary war. The analysis sketched out by the other Trotskyist organizations, each in its own way, emphasized that the support of the political regime was based on the disarticulation, repression and control of the workers' political organizations, which provided, at least temporarily, favorable conditions for dictatorship and the bourgeoisie. With this reading FBT, OC1M, Outubro and Ponto de Partida elaborated an alternative political project both to the armed struggle, proposed by the guerrilla organizations, and to the class alliances that defended the PCB. In this Trotskyist political project – which was structured around the perspective of the political reorganization of the workers – they differed from the left-wing group of the period and in some cases anticipated the political senses that later took the struggles against the military dictatorship, as in the pioneering defense that made for the struggle for democratic freedoms230 f.NiteróiHonorato, Cezar TeixeiraMelo, Demian Bezerra deDemier, Felipe AbranchesPereira Neto, Murilo LealCastro, Ricardo Figueiredo deOliveira, Tiago de2020-04-24T17:09:36Z2020-04-24T17:09:36Z2018info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/13383Aluno de doutoradoopenAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-09-11T01:21:50Zoai:app.uff.br:1/13383Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T10:48:03.195028Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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