Evolução paleoambiental da Lagoa Rodrigo de Freitas: do holoceno ao antropoceno
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2019 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | https://app.uff.br/riuff/handle/1/9547 |
Resumo: | A Lagoa Rodrigo de Freitas foi formada por processos de transgressão e regressão marinha durante o Holoceno. Esta recebe influências naturais, oriundas das oscilações climáticas e de nível do mar e antrópicas, resultantes do despejo de resíduos industriais e domésticos. Sua única ligação com o mar é representada pelo Canal do Jardim de Alah, facilitando o acúmulo de matéria orgânica, que possui uma série de indicadores aplicáveis à reconstrução paleoambiental e que fornecem informações sobre variações naturais locais ou regionais ou decorrentes de ações antrópicas. Neste contexto, o objetivo principal do presente trabalho foi a reconstrução paleoambiental deste sistema lagunar nos últimos 6.500 anos, através de um testemunho sedimentar, a partir do qual foram realizadas datações por ²¹⁰Pb e ¹⁴C, análise de granulometria, densidade aparente e teor de água, geoquímica da matéria orgânica (δ¹³C, δ¹⁵N, razão C/N, COT e pigmentos sedimentares) e metais (Al, As, Ba, Cd, Co, Cu, Cr, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, V, Zn). Os resultados obtidos permitiram identificar seis fases evolutivas: fase I (6.500 a 5.600 anos cal AP), fase II (5.600 a 4.920 anos cal AP), fase III (4.920 a 3.700 anos cal AP), fase IV (3.700 a 2.980 anos cal AP), fase V (2.980 a 500 anos cal AP) e fase VI (500 anos cal AP ao Presente). O registro sedimentar da fase II apresentou forte impacto devido à ocorrência do Último Máximo Transgressivo (5.500 anos cal AP), revelados através das diminuições de pigmentos sedimentares (de 39,5 para 24,3 SPDU), das razões C/N (de 14,1 para 13,1 e de 13,3 para 12,2) e de COT (de 3,4% para 2,6%), e do aumento expressivo do fluxo dos metais devido à barreira hidráulica formada durante períodos de elevação do nível do mar. Durante a fase IV, houve um evento transgressivo de menor intensidade acompanhado por um clima mais seco, em cerca de 3.000 anos cal AP. Nesta fase, o aumento de silte grosso seguido de brusca diminuição sugerem a ocorrência de um evento de tempestade, responsável por carrear material terrestre para a Lagoa - corroborado pela redução dos valores de δ¹⁵N (4,4‰ para 3,3‰) e aumento do COT (3,0% para 4,1%) - com contribuição de plantas C4, conforme sugerido pelos valores mais positivos de δ¹³C. Durante a fase VI observa-se forte influência da expansão urbana ao redor da Lagoa, com aumento expressivo do fluxo de Ba, Cu, Pb e Zn, destacando o aumento de pigmentos sedimentares (de 33,2 para 69,3 SPDU) e de COT (de 2,9% para 4,0%). Desta forma, conclui-se que as variações do nível do mar e climáticas tiveram um papel fundamental na origem da matéria orgânica e nos processos sedimentares ocorridos na Lagoa Rodrigo de Freitas, de 6.500 a 500 anos cal AP, e a partir de 500 anos cal AP, a forte influência das atividades industriais e urbanas se destaca, principalmente a partir do início do século XX |
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Neste contexto, o objetivo principal do presente trabalho foi a reconstrução paleoambiental deste sistema lagunar nos últimos 6.500 anos, através de um testemunho sedimentar, a partir do qual foram realizadas datações por ²¹⁰Pb e ¹⁴C, análise de granulometria, densidade aparente e teor de água, geoquímica da matéria orgânica (δ¹³C, δ¹⁵N, razão C/N, COT e pigmentos sedimentares) e metais (Al, As, Ba, Cd, Co, Cu, Cr, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, V, Zn). Os resultados obtidos permitiram identificar seis fases evolutivas: fase I (6.500 a 5.600 anos cal AP), fase II (5.600 a 4.920 anos cal AP), fase III (4.920 a 3.700 anos cal AP), fase IV (3.700 a 2.980 anos cal AP), fase V (2.980 a 500 anos cal AP) e fase VI (500 anos cal AP ao Presente). O registro sedimentar da fase II apresentou forte impacto devido à ocorrência do Último Máximo Transgressivo (5.500 anos cal AP), revelados através das diminuições de pigmentos sedimentares (de 39,5 para 24,3 SPDU), das razões C/N (de 14,1 para 13,1 e de 13,3 para 12,2) e de COT (de 3,4% para 2,6%), e do aumento expressivo do fluxo dos metais devido à barreira hidráulica formada durante períodos de elevação do nível do mar. Durante a fase IV, houve um evento transgressivo de menor intensidade acompanhado por um clima mais seco, em cerca de 3.000 anos cal AP. Nesta fase, o aumento de silte grosso seguido de brusca diminuição sugerem a ocorrência de um evento de tempestade, responsável por carrear material terrestre para a Lagoa - corroborado pela redução dos valores de δ¹⁵N (4,4‰ para 3,3‰) e aumento do COT (3,0% para 4,1%) - com contribuição de plantas C4, conforme sugerido pelos valores mais positivos de δ¹³C. Durante a fase VI observa-se forte influência da expansão urbana ao redor da Lagoa, com aumento expressivo do fluxo de Ba, Cu, Pb e Zn, destacando o aumento de pigmentos sedimentares (de 33,2 para 69,3 SPDU) e de COT (de 2,9% para 4,0%). Desta forma, conclui-se que as variações do nível do mar e climáticas tiveram um papel fundamental na origem da matéria orgânica e nos processos sedimentares ocorridos na Lagoa Rodrigo de Freitas, de 6.500 a 500 anos cal AP, e a partir de 500 anos cal AP, a forte influência das atividades industriais e urbanas se destaca, principalmente a partir do início do século XXCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThe Rodrigo de Freitas Lagoon was formed by marine transgression and regression processes during the Holocene. This lagoons receives both natural (such as climate and sea level variations) and anthropic influences, through industrial and domestic wastes inputs. Its only connection to the sea is represented by the Jardim de Alah Channel, favouring the accumulation of organic matter, which presents several indicators that can be applied to paleoenvironmental reconstructions providing information about natural or anthropic-induced variations, in local or regional scales. In this context, the main purpose of this study was the paleoenvironmental reconstruction of this lagoon system during the last 6.500 years, through a sedimentary core, from which were measured ²¹⁰Pb and ¹⁴C ages, particle size analysis, apparent density and water content, geochemistry of organic matter (δ¹³C, δ¹⁵, C/N ratios, TOC and sedimentary pigments) and metals (Al, As, Ba, Cd, Co, Cu, Cr, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, V, Zn). All the results allowed the identification of six evolution phases: phase I (from 6.500 to 5.600 years cal BP), phase II (from 5.600 to 4.920 years cal BP), phase III (from 4.920 to 3.700 years cal BP), phase IV (from 3.700 to 2.980 years cal BP), phase V (from 2.980 to 500 years cal BP) and phase VI (from 500 years cal BP to the Present). The sedimentary registry of phase II showed strong impact due the Last Maximum Trangressive (5.500 cal BP), revealed by the decreases of sedimentary pigments (from 39,5 to 24,3 SPDU), C/N ratios (from 14,1 to 13,1), and TOC (from 3,4% to 2,6%), and significant metal flux shift due to the hydraulic barrier formed during elevation periods of sea level. During phase IV, a less intensive transgressive event followed by a drier climate was recorded at 3.000 years cal BP. Also during phase IV, an increase followed by a strong decrease of thick silt sediments suggest the occurrence of a storm event, which was responsible for the increase of terrestrial material - corroborated by the reduction of δ¹⁵N values (from 4,4‰ to 3,3‰) and increase of TOC (from 3,0% to 4,1%) - due to the presence of C4 plants, in conformity with more positive δ¹³C values. During phase VI (500 years cal BP to Present), the influence of urban expansion it is observed around the Rodrigo de Freitas Lagoon due to a strong rise of metal fluxes (Ba, Cu, Pb e Zn), emphasized by shifts in sedimentary pigments (from 33,2 to 69,3 SPDU) and TOC (2,9% to 4,0%). Thus, the conclusions are that the sea level and climate variations have an important role in organic matter source and in sedimentary processes occurred in Rodrigo de Freitas Lagoon, from 6.500 to 500 years cal BP, and from 500 years cal BP to the Present, a strong industrial and urban activities influence, mainly during the 20th Century117 f.NiteróiMoreira, Luciane SilvaLoureiro, Daniel DiasCordeiro, Renato CampelloStríkis, Nicolás Misailidishttp://lattes.cnpq.br/3668838609671302http://lattes.cnpq.br/4689546383366443Alves, Claudia Beatriz Victorino Borges2019-05-21T16:32:11Z2019-05-21T16:32:11Z2019info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/9547Aluno de MestradoopenAccesshttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-07-18T20:53:34Zoai:app.uff.br:1/9547Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202024-08-19T11:03:53.480739Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false |
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A Lagoa Rodrigo de Freitas foi formada por processos de transgressão e regressão marinha durante o Holoceno. Esta recebe influências naturais, oriundas das oscilações climáticas e de nível do mar e antrópicas, resultantes do despejo de resíduos industriais e domésticos. Sua única ligação com o mar é representada pelo Canal do Jardim de Alah, facilitando o acúmulo de matéria orgânica, que possui uma série de indicadores aplicáveis à reconstrução paleoambiental e que fornecem informações sobre variações naturais locais ou regionais ou decorrentes de ações antrópicas. Neste contexto, o objetivo principal do presente trabalho foi a reconstrução paleoambiental deste sistema lagunar nos últimos 6.500 anos, através de um testemunho sedimentar, a partir do qual foram realizadas datações por ²¹⁰Pb e ¹⁴C, análise de granulometria, densidade aparente e teor de água, geoquímica da matéria orgânica (δ¹³C, δ¹⁵N, razão C/N, COT e pigmentos sedimentares) e metais (Al, As, Ba, Cd, Co, Cu, Cr, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, V, Zn). Os resultados obtidos permitiram identificar seis fases evolutivas: fase I (6.500 a 5.600 anos cal AP), fase II (5.600 a 4.920 anos cal AP), fase III (4.920 a 3.700 anos cal AP), fase IV (3.700 a 2.980 anos cal AP), fase V (2.980 a 500 anos cal AP) e fase VI (500 anos cal AP ao Presente). O registro sedimentar da fase II apresentou forte impacto devido à ocorrência do Último Máximo Transgressivo (5.500 anos cal AP), revelados através das diminuições de pigmentos sedimentares (de 39,5 para 24,3 SPDU), das razões C/N (de 14,1 para 13,1 e de 13,3 para 12,2) e de COT (de 3,4% para 2,6%), e do aumento expressivo do fluxo dos metais devido à barreira hidráulica formada durante períodos de elevação do nível do mar. Durante a fase IV, houve um evento transgressivo de menor intensidade acompanhado por um clima mais seco, em cerca de 3.000 anos cal AP. Nesta fase, o aumento de silte grosso seguido de brusca diminuição sugerem a ocorrência de um evento de tempestade, responsável por carrear material terrestre para a Lagoa - corroborado pela redução dos valores de δ¹⁵N (4,4‰ para 3,3‰) e aumento do COT (3,0% para 4,1%) - com contribuição de plantas C4, conforme sugerido pelos valores mais positivos de δ¹³C. Durante a fase VI observa-se forte influência da expansão urbana ao redor da Lagoa, com aumento expressivo do fluxo de Ba, Cu, Pb e Zn, destacando o aumento de pigmentos sedimentares (de 33,2 para 69,3 SPDU) e de COT (de 2,9% para 4,0%). Desta forma, conclui-se que as variações do nível do mar e climáticas tiveram um papel fundamental na origem da matéria orgânica e nos processos sedimentares ocorridos na Lagoa Rodrigo de Freitas, de 6.500 a 500 anos cal AP, e a partir de 500 anos cal AP, a forte influência das atividades industriais e urbanas se destaca, principalmente a partir do início do século XX |
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