O acadêmico de Medicina e a interprofissionalidade no consultório na rua de Niterói: a prática colaborativa como ferramenta para a atenção integral à saúde da população em situação de rua

• Autor(a) principal: Sousa, Elisabete D'Oliveira Paula
• Data de Publicação: 2022
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/26499
• topic: Educação profissional; Relações interprofissionais; Assistência centrada no paciente; Pessoas em situação de rua; Educação profissional; Relações interprofissionais; Assistência centrada no paciente; Pessoa em situação de rua; Professional education; Inter-professional relations; Patient centered care; Homeless persons

As necessidades e demandas cada vez mais diversas, dinâmicas e complexas dos usuários do Sistema Único de Saúde têm fornecido indícios de que o trabalho realizado de forma colaborativa entre diferentes profissionais vem tornando-se essencial para a oferta de um serviço de qualidade que garanta o cuidado integral do sujeito. Entretanto, para que tal prática ocorra, não basta que os trabalhadores dividam o mesmo espaço, pois a simples reunião desses em um mesmo ambiente não assegura que o trabalho colaborativo ocorra. Nessa perspectiva, a Educação Interprofissional ganha destaque e torna-se fundamental na formação de graduandos, despertando nesses o desejo de trabalhar de forma colaborativa à medida que os prepara para esse desafio. Consequentemente, faz-se necessária a discussão acerca desse tipo de educação na formação acadêmica, bem como da prática colaborativa em saúde que dela decorre em cenários compostos sobretudo por pessoas em situação de maior vulnerabilidade, particularmente aquelas acolhidas pelo Consultório na Rua. Desse modo, o presente trabalho tem por objetivos relatar a integração de uma acadêmica de Medicina da Universidade Federal Fluminense à equipe do Consultório na Rua de Niterói/RJ, atuando como estagiária do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde em sua edição Interprofissionalidade, bem como produzir reflexões acerca da educação e do trabalho interprofissional, identificando suas potencialidades e destacando os desafios e limites no exercício da interprofissionalidade. Utilizando-se como ferramenta metodológica a narrativa de eventos vivenciados pela autora no período de janeiro de 2019 a março de 2020, foi partilhado não apenas o que o campo prático enquanto espaço físico trouxe à luz, mas também o que ganhou vida por meio da intersubjetividade presente no encontro com diversos personagens e dos processos reflexivos decorrentes dessa aproximação. Para a composição da narrativa foram utilizados como base relatórios reflexivos enviados semanalmente ao preceptor e aos tutores do Programa, totalizando 44 relatos de vivências da própria discente. A oportunidade de acompanhar o Consultório na Rua além de ter possibilitado à estudante conhecer um pouco mais a respeito dessa estratégia e sobre a prática dos profissionais que atuam nesse serviço profundamente essencial para a garantia da equidade na saúde daqueles que se encontram em situação de maior vulnerabilidade, possibilitou também o exercício da interprofissionalidade no campo prático, experiência esta que não se reduziu à interação com o médico do serviço, embora fosse igualmente valiosa a aquisição deste conhecimento, mas que levou a acadêmica a interagir também com profissionais de distintas formações e áreas, levando-a ao aperfeiçoamento/desenvolvimento de habilidades/ferramentas que irão compor um trabalho centrado na formação de vínculos positivos com o usuário do serviço, na oferta de um cuidado integral de qualidade e nas práticas colaborativas em saúde. Contudo, para que a implementação de uma educação na lógica interprofissional ocorra, não bastam alunos e professores comprometidos, sendo necessária também a presença de um apoio institucional que forneça à comunidade acadêmica condições de desenvolver uma Educação Interprofissional de qualidade, bem como de mantê-la e aperfeiçoá-la ao longo do tempo, superando barreiras orçamentárias, curriculares, estruturais, políticas e aquelas presentes na formação docente