Da ordem cósmica à desordem territorial: a geograficidade ameríndia no chão de Abya Yale ou América Latina

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Amparo, Sandoval dos Santos
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/28304
Resumo: Esta tese é dividida em quatro tomos. Ela busca uma continuidade ontológica entre a geografia e o pensamento indígena, apreendendo suas categorias semânticas de explicação do mundo, tendo por inspíração as Mitológicas de Claude-Levi-Strauss e a obra de Deleuze & Guattari (sobretudo Mil Platôs e o Anti-Édipo) e, ainda, o perspectivismo ameríndio de Eduardo Viveiros de Castro, autores com os quais desde a Geografia, busco dialogar. As categoria central tomada por esta tese para este diálogo com o pensamento ameríndio e o perspectivismo é a noção de geograficidade, tomada nos temos da fenomenologia de Eric Dardel e do processo de hominização (numa perspectiva marxiana). No primeiro tomo (i. um idéia... ), procuro realizar um debate sobre Imaginação e realidade, tomando por base a mitologia ameríndia e a teoria da ação como geograficidade. No segundo tomo (ii. ...que ganha corpo.), busca-se apresentar uma imersão nas categorias semânticas da “realidade” indígena, distinguindo (a la Deleuze & Guattari) mapa (a geograficidade ameríndia) e decalque (as leituras “paralisantes” que temos), o que se faz pelo registro do espaço como corporeirdade, com base em Elias Lima e Marcos Mondardo, e ainda, na teoria do perspectivismo ameríndio. Desenha um esboço do estatuto ameríndio da alteridade, por um lado, e por outro, das relações entre cultura, natureza e sobrenatureza nas sociedades ameríndias, que se organizam forjando um código que pode ser visto como um patriarcado de baixa intensidade, como propôs Rita Segatto. O terceiro tomo (iii. ...um corpo que vira território...), por sua vez, dedica-se ao processo de sobrecodificação despótica-colonial, cujas configurações geográficas – colonização e a colonialidade – inscrevem em Abya Yala as praxes trerritoriais ibéricas, num processo de ressignificação de mundo. Estas praxes, serão analisadas nos termos propostos por Deleuze & Guattari, que tomam o Estado como o primeiro grande movimento de territorialização na/da história. A territorialização despótica-colonial é vista como “masculinização”, Édipo... leia-se o conjunto de práticas misóginas que se impôe por meio das praxes territoriais ibéricas e do indigenismo, como parte deste processo. O conceito, neste tomo, é o poder despótico-territorial, e as categorias de análise são representação, o poder delegado e o rosto deslocado. Por fim, o quarto tomo (iv. ...um território que se destrói.) visa registrar o processo de desterritoriaslização e a multiplicidade de reações indígenas (como processos de reterritorialização) diante deste processo, tomando como “chão” corológico o Brasil central (sobretudo Jê e xinguano), e a América Latina (Abya Yala).Esta multiplicidade é vista tanto do ponto de vista histórico quanto geográfico, ou seja, busca registrar as reterritorialização em suas formas históricas (Tupinambá, Kayapó, Panará e Alto Xingu) até a forma atual, em que os índios lutam pela tomada de poder no interior do 2 Estado e não pela sua fragmentação. Por fim, busco constituir uma noção de espaço capaz de suportar o debate proposto nesta tese, o que é feito com base, sobretudo, nas proposições de Doreen Massey. A tese, deste ,modo, remete a uma ideia que ganha corpo, um corpo que ganha território e os conflitos acerca de territórios que se perdem, desterritorialização!
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No primeiro tomo (i. um idéia... ), procuro realizar um debate sobre Imaginação e realidade, tomando por base a mitologia ameríndia e a teoria da ação como geograficidade. No segundo tomo (ii. ...que ganha corpo.), busca-se apresentar uma imersão nas categorias semânticas da “realidade” indígena, distinguindo (a la Deleuze & Guattari) mapa (a geograficidade ameríndia) e decalque (as leituras “paralisantes” que temos), o que se faz pelo registro do espaço como corporeirdade, com base em Elias Lima e Marcos Mondardo, e ainda, na teoria do perspectivismo ameríndio. Desenha um esboço do estatuto ameríndio da alteridade, por um lado, e por outro, das relações entre cultura, natureza e sobrenatureza nas sociedades ameríndias, que se organizam forjando um código que pode ser visto como um patriarcado de baixa intensidade, como propôs Rita Segatto. O terceiro tomo (iii. ...um corpo que vira território...), por sua vez, dedica-se ao processo de sobrecodificação despótica-colonial, cujas configurações geográficas – colonização e a colonialidade – inscrevem em Abya Yala as praxes trerritoriais ibéricas, num processo de ressignificação de mundo. Estas praxes, serão analisadas nos termos propostos por Deleuze & Guattari, que tomam o Estado como o primeiro grande movimento de territorialização na/da história. A territorialização despótica-colonial é vista como “masculinização”, Édipo... leia-se o conjunto de práticas misóginas que se impôe por meio das praxes territoriais ibéricas e do indigenismo, como parte deste processo. O conceito, neste tomo, é o poder despótico-territorial, e as categorias de análise são representação, o poder delegado e o rosto deslocado. Por fim, o quarto tomo (iv. ...um território que se destrói.) visa registrar o processo de desterritoriaslização e a multiplicidade de reações indígenas (como processos de reterritorialização) diante deste processo, tomando como “chão” corológico o Brasil central (sobretudo Jê e xinguano), e a América Latina (Abya Yala).Esta multiplicidade é vista tanto do ponto de vista histórico quanto geográfico, ou seja, busca registrar as reterritorialização em suas formas históricas (Tupinambá, Kayapó, Panará e Alto Xingu) até a forma atual, em que os índios lutam pela tomada de poder no interior do 2 Estado e não pela sua fragmentação. Por fim, busco constituir uma noção de espaço capaz de suportar o debate proposto nesta tese, o que é feito com base, sobretudo, nas proposições de Doreen Massey. A tese, deste ,modo, remete a uma ideia que ganha corpo, um corpo que ganha território e os conflitos acerca de territórios que se perdem, desterritorialização!This thesis is divided into four volumes. It seeks an ontological continuity by geography into the indigenous thought, that is, it seeks to apprehend its semantic categories of explanation of the world, inspired by Claude-Levi-Strauss's Mytological and the works of Deleuze & Guattari (especially Thousand Plateaus and Anti-Oedipus ), and the Amerindian perspectivism of Eduardo Viveiros de Castro, with whom he seeks dialogue. The central category taken by this thesis for this dialogue with Amerindian thought and perspectivism is the notion of ontological geographyc, taken from the phenomenology of Eric Dardel. In the first volume, I try to hold a debate about Imagination and reality, based on Amerindian mythology and the theory of action as geography. In the second volume, it is sought to present an immersion in the indigenous semantic categories, seeking to distinguish map and decal by means of the registration of space as corporeality, in the terms proposed by Elias Lima and Marcos Mondardo, and based on the Amerindian perspectivism theory, thus tracing , an outline of the status of alterity, on the one hand, and, on the other hand, of the relations between culture, nature and supernaturality in Amerindian societies, which are organized according to a code consisting of a low-intensity patriarchy, as proposed by Rita Segatto. The third volume, in turn, is dedicated to the process of despotic-colonial overcoding, whose geographical configuration consists of the so-called Iberian trerritorial praxes. These, analyzed in the rterms proposed by Deleuze & Guattari, that take the State like the first great movement of territorialization in the history. In any case, territorialization is seen as "masculinization", having seen the set of misogynistic practices imposed by the Iberian territorial praxis and indigenism as part of this process. Finally, the fourth volume aims to register the multiplicity of indigenous reactions (as processes of reterritorialization) in the process, taking as central "chorological floor" Central Brazil (mainly Jê and Xinguano), and Latin America (Abya Yala). This multiplicity is seen both historically and geographically, that is, it seeks to record reterritorialization in its historical forms (Tupinambá, Kayapó, Panará and High Xingu) to the present form in which the Indians struggle for the taking of power within the State and not by its fragmentation. Finally, I seek to constitute a notion of space capable of supporting the debate proposed in this thesis, which is done on the basis, above all, of Doreen Massey's propositions.706 p.Oliveira, Márcio Piñon deMartins, Flávia Elaine da SilvaHolzer, WertherLima, Elias Lopes deMondardo, Marcos LeandroAmparo, Sandoval dos Santos2023-03-23T14:10:12Z2023-03-23T14:10:12Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfAMPARO, Sandoval dos Santos. Da ordem cósmica à desordem territorial: a geograficidade ameríndia no chão de Abya Yale ou América Latina. 2019. 706 f. Tese (Doutorado em Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Instituto de Geociências, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2019.http://app.uff.br/riuff/handle/1/28304CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2023-03-23T14:10:16Zoai:app.uff.br:1/28304Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202023-03-23T14:10:16Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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