A egrégora bolsonarista e o retorno das espiritualidades não-hegemônicas brasileiras ao espaço privado

• Autor(a) principal: Carneiro, Camila Flora dos Santos
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
• Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/25378
• topic: Direito Constitucional; Direitos Fundamentais; Liberdade religiosa; Bolsonarismo; Religiões; Direito constitucional; Direitos fundamentais; Liberdade religiosa; Produção intelectual; Bolsonaro, Jair, 1955 -; Constitucional Law; Fundamental Rights; Religious freedom; Bolsonarism; Religions

As religiões constituem parte relevante da construção social. Assim, têm íntima relação com aspectos culturais, sociais, raciais e econômicos, influenciando, em maior ou menor escala, a vida de muitos brasileiros. Religiões que há séculos se desenvolvem livremente na sociedade, inclusive vinculadas ao Estado, decerto, possuem um maior grau de influência na sociedade do que aquelas oriundas de grupos marginalizados. Nesse sentido, por meio do presente trabalho se pretende analisar a forma como a relação entre o Presidente e seus apoiadores se constrói, bem como de que modo essa relação é capaz de influenciar na existência de uma egrégora cristã que busca o domínio do espaço público e provoca, ainda mais, um recuo das religiosidades não-hegemônicas. Além disso, far-se-á uma análise de como, sob a perspectiva de Gramsci, atua a hegemonia do cristianismo no país, e, antes, como este vem se estabelecendo ao longo dos séculos como a religiosidade principal do país, ainda que não oficializada em todas épocas. Ademais, não havendo um esforço em tentar minimizar os efeitos de um processo histórico, percebe-se que a laicidade não ocorre de forma plena, mas permite a luta mínima de grupos não-hegemônicos por liberdade religiosa e, por outro lado, pode dar espaço a um reforço de discursos não condizentes com a realidade, mas que, pela literalidade da lei, não a confrontam. Nesse sentido, o atual Presidente Jair Bolsonaro, ao explorar a narrativa de um messias habilitado para o exercício do seu cargo, bem como de um cristão atacado por forças opositoras, através dos seus eleitores e apoiadores, em grande maioria cristãos evangélicos, reforça deliberadamente um sentimento de cruzada e luta pela hegemonia religiosa no país.