O viver e o adoecer na rua: percepção da população em situação de rua sobre saúde, doença e práticas de cuidados em saúde
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) |
Texto Completo: | http://app.uff.br/riuff/handle/1/24894 |
Resumo: | A população em situação de rua tem sido um tema recorrente em diversos estudos por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, como os da Saúde, Ciências Sociais, Psicologia e outras áreas que buscam elucidar o cotidiano imerso na vida dessas pessoas, com seus modos de construir e reconstruir suas identidades sociais. Objetivo geral: Conhecer a percepção da população em situação de rua sobre o viver, a saúde, a doença e os cuidados que lhe são destinados por profissionais da saúde. Específicos: Caracterizar o perfil sociodemográfico da população em situação de rua da Área de Programática 5.3 - Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro; Descrever os contextos de vida desta população; e Analisar as interfaces entre saúde, doença e as práticas de cuidados em saúde efetivadas pelos profissionais de saúde a estes indivíduos. Metodologia: Etnografia, realizada por meio de observação participante, entrevistas e questionário com perguntas abertas. A interpretação dos dados foi realizada por meio da análise de domínios. Após a construção do corpus originaram-se cinco categorias temáticas: Análise etnográfica na perspectiva dos nativos; Modos de viver e sobreviver: o contexto da população em situação de rua; Interface entre modos de viver e adoecer da população em situação de rua; O adoecer na rua: a percepção de saúde e doença da população em situação de rua e as práticas de cuidados de profissionais da saúde efetivadas às pessoas em situação rua: O fazer na rua em ato. Resultados e Análise: Os participantes tiveram o adoecimento em decorrência dos elementos constituintes da rua deletérios à saúde que influenciaram na qualidade de suas vidas, maximizaram seus agravos à saúde e o surgimento de diversas doenças. Evidenciou-se uma estreita relação entre fatores sociais, biológicos e psicológicos que determinam este acontecimento. A busca pelo conhecimento das percepções de saúde/doença sob a perspectiva dos que residem na rua conduziu-nos por caminhos que apontaram para múltiplas dimensões conectadas ao fenômeno que buscamos examinar. Constatou-se que não ocorre uma homogeneidade de significados de saúde/doença bem delineados, quando analisados sob a ótica dessas pessoas. Entendemos, ao longo deste estudo, que os cuidados em saúde que lhes são destinados apresentam uma junção de elementos, que se tornam potencializadores ou frágeis para que se cuidem e façam adesão aos tratamentos de saúde. Conclusão: Ocorrem conceituações de percepções de saúde/doença diferenciadas que só fazem sentido para os que estão vivendo aquela realidade interligada ao adoecer. São maneiras de significar o seu estado para um descortinar de eventos subjetivos, simbólicos, comportamentais e culturais que lhes possibilitam desenvolver para si uma representação da realidade cotidiana e que alcançam dimensões que agregam-se e, ao mesmo tempo, transcendem aspectos concatenados ao modelo biomédico hegemônico. Incluem-se, dessa forma, significados interligados aos fenômenos de origem social, natural, econômica, sobrenatural e biológica. O andarilhar destes indivíduos, quando buscam cuidados em saúde, encontra diversas dificuldades conectadas aos processos de construções institucionais que não condizem com suas maneiras de existir, associados aos poucos ou nenhum conhecimento dos profissionais de saúde acerca de sua cultura imersa na realidade dos centros urbanos. |
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Específicos: Caracterizar o perfil sociodemográfico da população em situação de rua da Área de Programática 5.3 - Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro; Descrever os contextos de vida desta população; e Analisar as interfaces entre saúde, doença e as práticas de cuidados em saúde efetivadas pelos profissionais de saúde a estes indivíduos. Metodologia: Etnografia, realizada por meio de observação participante, entrevistas e questionário com perguntas abertas. A interpretação dos dados foi realizada por meio da análise de domínios. Após a construção do corpus originaram-se cinco categorias temáticas: Análise etnográfica na perspectiva dos nativos; Modos de viver e sobreviver: o contexto da população em situação de rua; Interface entre modos de viver e adoecer da população em situação de rua; O adoecer na rua: a percepção de saúde e doença da população em situação de rua e as práticas de cuidados de profissionais da saúde efetivadas às pessoas em situação rua: O fazer na rua em ato. Resultados e Análise: Os participantes tiveram o adoecimento em decorrência dos elementos constituintes da rua deletérios à saúde que influenciaram na qualidade de suas vidas, maximizaram seus agravos à saúde e o surgimento de diversas doenças. Evidenciou-se uma estreita relação entre fatores sociais, biológicos e psicológicos que determinam este acontecimento. A busca pelo conhecimento das percepções de saúde/doença sob a perspectiva dos que residem na rua conduziu-nos por caminhos que apontaram para múltiplas dimensões conectadas ao fenômeno que buscamos examinar. Constatou-se que não ocorre uma homogeneidade de significados de saúde/doença bem delineados, quando analisados sob a ótica dessas pessoas. Entendemos, ao longo deste estudo, que os cuidados em saúde que lhes são destinados apresentam uma junção de elementos, que se tornam potencializadores ou frágeis para que se cuidem e façam adesão aos tratamentos de saúde. Conclusão: Ocorrem conceituações de percepções de saúde/doença diferenciadas que só fazem sentido para os que estão vivendo aquela realidade interligada ao adoecer. São maneiras de significar o seu estado para um descortinar de eventos subjetivos, simbólicos, comportamentais e culturais que lhes possibilitam desenvolver para si uma representação da realidade cotidiana e que alcançam dimensões que agregam-se e, ao mesmo tempo, transcendem aspectos concatenados ao modelo biomédico hegemônico. Incluem-se, dessa forma, significados interligados aos fenômenos de origem social, natural, econômica, sobrenatural e biológica. O andarilhar destes indivíduos, quando buscam cuidados em saúde, encontra diversas dificuldades conectadas aos processos de construções institucionais que não condizem com suas maneiras de existir, associados aos poucos ou nenhum conhecimento dos profissionais de saúde acerca de sua cultura imersa na realidade dos centros urbanos.The homeless population has been a frequent theme in several studies by researchers from different areas of knowledge, such as Health, Social Sciences, Psychology, and other areas that aim to elucidate the daily life by immersion in these people’s lives, with their ways of building and rebuild their social identities. General objective: To understand the perception of the homeless population on living, health, illness, and the care provided to them by health professionals. Specific: To characterize the sociodemographic profile of the homeless population in Programmatic Area 5.3 - Santa Cruz, west of the city of Rio de Janeiro; Describe the life contexts of this population; and Analyze the interfaces between health, disease, and health care practices carried out by health professionals to these individuals. Methodology: Ethnography, conducted through participant observation, using interviews and a questionnaire with open questions. Data interpretation was performed through domain analysis. After creating the corpus, five thematic categories emerged: Ethnographic analysis from the natives’ perspective; Ways of living and surviving: the context of the homeless population; Interface between homeless’ ways of living and becoming ill; Becoming ill while living on the streets: health and illness perception of the homeless population and the care practices of health professionals carried out to homeless: To do on the street in an act. Results and Analysis: The participants’ illness resulted from elements of the street that were harmful to health, which influenced the quality of their lives, worsening their health problems and the emergence of several diseases. A close association between social, biological, and psychological factors that determine this event was evidenced. The search for knowledge of the health/disease perceptions from the homeless’ perspective led us to paths that pointed to multiple dimensions associated with the phenomenon we aimed to explore. It was found that there is no homogeneity of well-defined meanings of health/disease, when analyzed from these people’s perspective. We understood, throughout this study, that the health care provided to them offers a combination of elements that become support or weakness for them to take care of themselves and adhere to health treatments. Conclusion: There are conceptualizations of differentiated health/disease perceptions that only make sense to those who are living that reality linked to becoming ill. They are ways of giving meaning to their state to unveil subjective, symbolic, behavioral, and cultural events that enable them to establish for themselves a picture of everyday reality that reach dimensions that aggregate and, at the same time, transcend aspects linked to the hegemonic biomedical model. In this way, meanings interconnected to phenomena of social, natural, economic, supernatural, and biological cause are included. The wandering of these individuals, when seeking health care, faces several difficulties related to the processes of institutional constructions that do not match their ways of existing, associated with little or no knowledge of health professionals about their culture immersed in the reality of urban areas.225 p.Daher, Donizete Vagohttp://lattes.cnpq.br/6800822152435035Teixeira, Mirna Barroshttp://lattes.cnpq.br/1753811856422364Teixeira, Enéas Rangelhttp://lattes.cnpq.br/2282552925139090Faria, Magda Faria Guimarães Araújo dehttp://lattes.cnpq.br/4189110021351761Moreira, Martha Cristina Nuneshttp://lattes.cnpq.br/8624031048576028http://lattes.cnpq.br/4705074351695938Paula, Hermes Candido de2022-04-20T14:10:22Z2022-04-20T14:10:22Z2021info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisapplication/pdfPAULA, Hermes Candido de. O viver e o adoecer na rua: percepção da população em situação de rua sobre saúde, doença e práticas de cuidados em saúde. 2021. 225 f. 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A população em situação de rua tem sido um tema recorrente em diversos estudos por pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, como os da Saúde, Ciências Sociais, Psicologia e outras áreas que buscam elucidar o cotidiano imerso na vida dessas pessoas, com seus modos de construir e reconstruir suas identidades sociais. Objetivo geral: Conhecer a percepção da população em situação de rua sobre o viver, a saúde, a doença e os cuidados que lhe são destinados por profissionais da saúde. Específicos: Caracterizar o perfil sociodemográfico da população em situação de rua da Área de Programática 5.3 - Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro; Descrever os contextos de vida desta população; e Analisar as interfaces entre saúde, doença e as práticas de cuidados em saúde efetivadas pelos profissionais de saúde a estes indivíduos. Metodologia: Etnografia, realizada por meio de observação participante, entrevistas e questionário com perguntas abertas. A interpretação dos dados foi realizada por meio da análise de domínios. Após a construção do corpus originaram-se cinco categorias temáticas: Análise etnográfica na perspectiva dos nativos; Modos de viver e sobreviver: o contexto da população em situação de rua; Interface entre modos de viver e adoecer da população em situação de rua; O adoecer na rua: a percepção de saúde e doença da população em situação de rua e as práticas de cuidados de profissionais da saúde efetivadas às pessoas em situação rua: O fazer na rua em ato. Resultados e Análise: Os participantes tiveram o adoecimento em decorrência dos elementos constituintes da rua deletérios à saúde que influenciaram na qualidade de suas vidas, maximizaram seus agravos à saúde e o surgimento de diversas doenças. Evidenciou-se uma estreita relação entre fatores sociais, biológicos e psicológicos que determinam este acontecimento. A busca pelo conhecimento das percepções de saúde/doença sob a perspectiva dos que residem na rua conduziu-nos por caminhos que apontaram para múltiplas dimensões conectadas ao fenômeno que buscamos examinar. Constatou-se que não ocorre uma homogeneidade de significados de saúde/doença bem delineados, quando analisados sob a ótica dessas pessoas. Entendemos, ao longo deste estudo, que os cuidados em saúde que lhes são destinados apresentam uma junção de elementos, que se tornam potencializadores ou frágeis para que se cuidem e façam adesão aos tratamentos de saúde. Conclusão: Ocorrem conceituações de percepções de saúde/doença diferenciadas que só fazem sentido para os que estão vivendo aquela realidade interligada ao adoecer. São maneiras de significar o seu estado para um descortinar de eventos subjetivos, simbólicos, comportamentais e culturais que lhes possibilitam desenvolver para si uma representação da realidade cotidiana e que alcançam dimensões que agregam-se e, ao mesmo tempo, transcendem aspectos concatenados ao modelo biomédico hegemônico. Incluem-se, dessa forma, significados interligados aos fenômenos de origem social, natural, econômica, sobrenatural e biológica. O andarilhar destes indivíduos, quando buscam cuidados em saúde, encontra diversas dificuldades conectadas aos processos de construções institucionais que não condizem com suas maneiras de existir, associados aos poucos ou nenhum conhecimento dos profissionais de saúde acerca de sua cultura imersa na realidade dos centros urbanos. |
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