Eudaimonia em Platão e Aristóteles

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Aguiar, Brucy Nobre
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Trabalho de conclusão de curso
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: https://app.uff.br/riuff/handle/1/6866
Resumo: A presente monografia tem por objetivo analisar e observar o que os escritos de Platão e Aristóteles presumem sobre a felicidade, eudaimonia. O termo eudaimonia regularmente significa “o estado de contentamento estável”1, em geral, é traduzido como felicidade. Contudo, outras traduções têm sido propostas para melhor expressar o que seria um estado de plenitude do ser. O que os filósofos ilustres citados acima filosofaram sobre a felicidade? De que maneira? Aparentemente, mesmo eles sendo contemporâneos, apresentam de modo distinto as suas concepções sobre a felicidade? Assim contestaremos as suas diferenças e semelhanças quanto a este tema. Logo, é proposta a importância de contestar as possíveis incoerências e diferenças de tais filósofos sobre o tema, expondo de maneira clara suas concepções quanto à felicidade. No entanto, este assunto nos é dado com muita relevância, já que para eles o conceito de felicidade é de grande valor, é a finalidade última da vida. “O termo eudaimonia só aparece depois de Homero uma vez que antes, no período anterior ao advento da filosofia, o equivalente de eudaimonia era olbias, que, porém, exprimia paralelamente a boa vida como um estado religioso.” (COSTA, 2008, p.18) Em tempos anteriores ao dos filósofos citados, os povos influenciados pela doutrina órfica tinham seu modelo religioso quanto à vida feliz. Este modelo foi transferido e sintetizado para um olhar no âmbito concreto e filosófico, a partir de Sócrates. (Xenofonte, Fragmentos, I, 11-16)2 No livro República, Platão atribui ao Estado (pólis) a tarefa de organização da sociedade, a fim de tornar felizes os cidadãos, posicionando cada qual na função a que foi destinado pela natureza (phýsis), em outros termos, segundo sua “atividade profissional”, seu érgon (420b-c; 421b-c). Entretanto, vemos em sua concepção a necessidade de excelência e justiça na cidade-Estado, para a condição do cidadão feliz. Ainda na República, Platão expõe que a virtude e a felicidade moldam o indivíduo, e este, a sociedade, da mesma forma que o homem que governa influenciaria o Estado (576c). Platão deixa explícito que uma cidade tirana se espelha em um governante tirano. No entanto, no âmbito do pensamento platônico, vemos a felicidade de modo objetivo (3.1), já que é a ordem da cidade que propicia as condições para que o cidadão possa conhecer a felicidade, principalmente dentro do contexto geográfico e social. Retornando ao esquema dual de a felicidade estar ligada à virtude, vemos uma temática que influenciará imprescindivelmente muitos outros filósofos, assim como o próprio Aristóteles em sua filosofia. Aristóteles, por sua vez, ao definir de maneira direta a felicidade em sua obra Ética Nicômaco, afirma que todos os homens procuram a felicidade, e que só a acharão através da perfeita virtude (I, IV), visto que a virtude é atividade mais perfeita do ser humano, e a sua posse, o objetivo mais elevado (X,VII, 1). Em sua obra Metafísica, Aristóteles vincula certas propriedades da alma, como a virtude ou a felicidade, à experiência da contemplação, a qual, dentro dos limites mais abrangentes da razão, vincula-se a Deus, uma vez que Deus é “o derradeiro dos princípios, que se contempla a si mesmo, e nele está a felicidade perfeita” (7, 1072b). Observamos em Aristóteles a felicidade como contemplação, de maneira introspectiva (3.2), com certa independência, relativamente às circunstâncias sociais.
id UFF-2_fdac6af90b40685129ae916b69e56b7c
oai_identifier_str oai:app.uff.br:1/6866
network_acronym_str UFF-2
network_name_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository_id_str 2120
spelling Eudaimonia em Platão e AristótelesEudaimoniaFelicidadeVirtudePlatãoAristótelesAristótelesPlatãoFelicidadeA presente monografia tem por objetivo analisar e observar o que os escritos de Platão e Aristóteles presumem sobre a felicidade, eudaimonia. O termo eudaimonia regularmente significa “o estado de contentamento estável”1, em geral, é traduzido como felicidade. Contudo, outras traduções têm sido propostas para melhor expressar o que seria um estado de plenitude do ser. O que os filósofos ilustres citados acima filosofaram sobre a felicidade? De que maneira? Aparentemente, mesmo eles sendo contemporâneos, apresentam de modo distinto as suas concepções sobre a felicidade? Assim contestaremos as suas diferenças e semelhanças quanto a este tema. Logo, é proposta a importância de contestar as possíveis incoerências e diferenças de tais filósofos sobre o tema, expondo de maneira clara suas concepções quanto à felicidade. No entanto, este assunto nos é dado com muita relevância, já que para eles o conceito de felicidade é de grande valor, é a finalidade última da vida. “O termo eudaimonia só aparece depois de Homero uma vez que antes, no período anterior ao advento da filosofia, o equivalente de eudaimonia era olbias, que, porém, exprimia paralelamente a boa vida como um estado religioso.” (COSTA, 2008, p.18) Em tempos anteriores ao dos filósofos citados, os povos influenciados pela doutrina órfica tinham seu modelo religioso quanto à vida feliz. Este modelo foi transferido e sintetizado para um olhar no âmbito concreto e filosófico, a partir de Sócrates. (Xenofonte, Fragmentos, I, 11-16)2 No livro República, Platão atribui ao Estado (pólis) a tarefa de organização da sociedade, a fim de tornar felizes os cidadãos, posicionando cada qual na função a que foi destinado pela natureza (phýsis), em outros termos, segundo sua “atividade profissional”, seu érgon (420b-c; 421b-c). Entretanto, vemos em sua concepção a necessidade de excelência e justiça na cidade-Estado, para a condição do cidadão feliz. Ainda na República, Platão expõe que a virtude e a felicidade moldam o indivíduo, e este, a sociedade, da mesma forma que o homem que governa influenciaria o Estado (576c). Platão deixa explícito que uma cidade tirana se espelha em um governante tirano. No entanto, no âmbito do pensamento platônico, vemos a felicidade de modo objetivo (3.1), já que é a ordem da cidade que propicia as condições para que o cidadão possa conhecer a felicidade, principalmente dentro do contexto geográfico e social. Retornando ao esquema dual de a felicidade estar ligada à virtude, vemos uma temática que influenciará imprescindivelmente muitos outros filósofos, assim como o próprio Aristóteles em sua filosofia. Aristóteles, por sua vez, ao definir de maneira direta a felicidade em sua obra Ética Nicômaco, afirma que todos os homens procuram a felicidade, e que só a acharão através da perfeita virtude (I, IV), visto que a virtude é atividade mais perfeita do ser humano, e a sua posse, o objetivo mais elevado (X,VII, 1). Em sua obra Metafísica, Aristóteles vincula certas propriedades da alma, como a virtude ou a felicidade, à experiência da contemplação, a qual, dentro dos limites mais abrangentes da razão, vincula-se a Deus, uma vez que Deus é “o derradeiro dos princípios, que se contempla a si mesmo, e nele está a felicidade perfeita” (7, 1072b). Observamos em Aristóteles a felicidade como contemplação, de maneira introspectiva (3.2), com certa independência, relativamente às circunstâncias sociais.Ribeiro, Luís Felipe BellintaniSerra, Antonio AmaralCosta, AlexandreAguiar, Brucy Nobre2018-06-27T14:34:08Z2018-06-27T14:34:08Z2017info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bachelorThesisapplication/pdfhttps://app.uff.br/riuff/handle/1/6866Aluno de Graduaçãohttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2022-09-26T13:27:58Zoai:app.uff.br:1/6866Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202022-09-26T13:27:58Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
dc.title.none.fl_str_mv Eudaimonia em Platão e Aristóteles
title Eudaimonia em Platão e Aristóteles
spellingShingle Eudaimonia em Platão e Aristóteles
Aguiar, Brucy Nobre
Eudaimonia
Felicidade
Virtude
Platão
Aristóteles
Aristóteles
Platão
Felicidade
title_short Eudaimonia em Platão e Aristóteles
title_full Eudaimonia em Platão e Aristóteles
title_fullStr Eudaimonia em Platão e Aristóteles
title_full_unstemmed Eudaimonia em Platão e Aristóteles
title_sort Eudaimonia em Platão e Aristóteles
author Aguiar, Brucy Nobre
author_facet Aguiar, Brucy Nobre
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Ribeiro, Luís Felipe Bellintani
Serra, Antonio Amaral
Costa, Alexandre
dc.contributor.author.fl_str_mv Aguiar, Brucy Nobre
dc.subject.por.fl_str_mv Eudaimonia
Felicidade
Virtude
Platão
Aristóteles
Aristóteles
Platão
Felicidade
topic Eudaimonia
Felicidade
Virtude
Platão
Aristóteles
Aristóteles
Platão
Felicidade
description A presente monografia tem por objetivo analisar e observar o que os escritos de Platão e Aristóteles presumem sobre a felicidade, eudaimonia. O termo eudaimonia regularmente significa “o estado de contentamento estável”1, em geral, é traduzido como felicidade. Contudo, outras traduções têm sido propostas para melhor expressar o que seria um estado de plenitude do ser. O que os filósofos ilustres citados acima filosofaram sobre a felicidade? De que maneira? Aparentemente, mesmo eles sendo contemporâneos, apresentam de modo distinto as suas concepções sobre a felicidade? Assim contestaremos as suas diferenças e semelhanças quanto a este tema. Logo, é proposta a importância de contestar as possíveis incoerências e diferenças de tais filósofos sobre o tema, expondo de maneira clara suas concepções quanto à felicidade. No entanto, este assunto nos é dado com muita relevância, já que para eles o conceito de felicidade é de grande valor, é a finalidade última da vida. “O termo eudaimonia só aparece depois de Homero uma vez que antes, no período anterior ao advento da filosofia, o equivalente de eudaimonia era olbias, que, porém, exprimia paralelamente a boa vida como um estado religioso.” (COSTA, 2008, p.18) Em tempos anteriores ao dos filósofos citados, os povos influenciados pela doutrina órfica tinham seu modelo religioso quanto à vida feliz. Este modelo foi transferido e sintetizado para um olhar no âmbito concreto e filosófico, a partir de Sócrates. (Xenofonte, Fragmentos, I, 11-16)2 No livro República, Platão atribui ao Estado (pólis) a tarefa de organização da sociedade, a fim de tornar felizes os cidadãos, posicionando cada qual na função a que foi destinado pela natureza (phýsis), em outros termos, segundo sua “atividade profissional”, seu érgon (420b-c; 421b-c). Entretanto, vemos em sua concepção a necessidade de excelência e justiça na cidade-Estado, para a condição do cidadão feliz. Ainda na República, Platão expõe que a virtude e a felicidade moldam o indivíduo, e este, a sociedade, da mesma forma que o homem que governa influenciaria o Estado (576c). Platão deixa explícito que uma cidade tirana se espelha em um governante tirano. No entanto, no âmbito do pensamento platônico, vemos a felicidade de modo objetivo (3.1), já que é a ordem da cidade que propicia as condições para que o cidadão possa conhecer a felicidade, principalmente dentro do contexto geográfico e social. Retornando ao esquema dual de a felicidade estar ligada à virtude, vemos uma temática que influenciará imprescindivelmente muitos outros filósofos, assim como o próprio Aristóteles em sua filosofia. Aristóteles, por sua vez, ao definir de maneira direta a felicidade em sua obra Ética Nicômaco, afirma que todos os homens procuram a felicidade, e que só a acharão através da perfeita virtude (I, IV), visto que a virtude é atividade mais perfeita do ser humano, e a sua posse, o objetivo mais elevado (X,VII, 1). Em sua obra Metafísica, Aristóteles vincula certas propriedades da alma, como a virtude ou a felicidade, à experiência da contemplação, a qual, dentro dos limites mais abrangentes da razão, vincula-se a Deus, uma vez que Deus é “o derradeiro dos princípios, que se contempla a si mesmo, e nele está a felicidade perfeita” (7, 1072b). Observamos em Aristóteles a felicidade como contemplação, de maneira introspectiva (3.2), com certa independência, relativamente às circunstâncias sociais.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017
2018-06-27T14:34:08Z
2018-06-27T14:34:08Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/bachelorThesis
format bachelorThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://app.uff.br/riuff/handle/1/6866
Aluno de Graduação
url https://app.uff.br/riuff/handle/1/6866
identifier_str_mv Aluno de Graduação
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/
CC-BY-SA
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron:UFF
instname_str Universidade Federal Fluminense (UFF)
instacron_str UFF
institution UFF
reponame_str Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
collection Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)
repository.mail.fl_str_mv riuff@id.uff.br
_version_ 1807838857544073216