Políticas de educação sexual na Argentina e no Brasil a partir da década de 1990: avanços e retrocessos em um contexto neoconservador

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Machado, Luisa
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/27992
Resumo: O presente trabalho se debruça sobre as disputas em torno da Educação Sexual nos currículos nacionais diante de um contexto de recrudescimento do neoconservadorismo na América Latina. Nesse sentido, objetiva investigar como as políticas educacionais publicadas a partir da década de 1990 em dois países da América Latina – Argentina e Brasil – se posicionam em relação às temáticas de Educação Sexual, tendo em vista a coerção dos movimentos neoconservadores na região e o desenvolvimento de políticas neoliberais. Os países em questão foram escolhidos a partir de um levantamento de bibliografia que indicou a presença de políticas de educação sexual no decorrer do período estudado. Desse modo, foram analisados cinco documentos, dos quais dois são argentinos e três brasileiros. Por meio da análise de conteúdo identificamos que em alguns documentos ainda há prevalência de uma perspectiva comportamental sobre a Educação Sexual, em que são privilegiados os conteúdos biológicos para reforçar o controle sobre os corpos. Por outro lado, outros documentos buscam abordar a temática sob um ponto de vista integral e trabalham valores para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Além disso, constatamos que setores neoconservadores aturam na elaboração dos documentos para reafirmar seus posicionamentos anti-gênero. Nesse contexto, no Brasil, os neoconservadores foram capazes de dificultar o desenvolvimento de políticas de educação sexual. Na Argentina, por outro lado, a influência dos neoconservadores esteve na negociação de determinados conteúdos no interior dos documentos, mas os movimentos sociais tiveram respaldo parlamentar para incluir suas demandas por direitos sexuais, reprodutivos e não reprodutivos. Desse modo, compreendemos que se a ênfase comportamentalista atravessa a história da Educação Sexual nos três países – e para isso não renuncia à centralidade biológica para sustentá- la –, os atravessamentos das questões de cada época vão provocando lentos deslocamentos quanto ao teor de comportamento pretendido. Sob diferentes metáforas – higienista, biomédica e sociocultural – a vertente comportamentalista da Educação Sexual vai sendo sacudida pelas pressões dos grupos que disputam o currículo escolar.
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Desse modo, foram analisados cinco documentos, dos quais dois são argentinos e três brasileiros. Por meio da análise de conteúdo identificamos que em alguns documentos ainda há prevalência de uma perspectiva comportamental sobre a Educação Sexual, em que são privilegiados os conteúdos biológicos para reforçar o controle sobre os corpos. Por outro lado, outros documentos buscam abordar a temática sob um ponto de vista integral e trabalham valores para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Além disso, constatamos que setores neoconservadores aturam na elaboração dos documentos para reafirmar seus posicionamentos anti-gênero. Nesse contexto, no Brasil, os neoconservadores foram capazes de dificultar o desenvolvimento de políticas de educação sexual. Na Argentina, por outro lado, a influência dos neoconservadores esteve na negociação de determinados conteúdos no interior dos documentos, mas os movimentos sociais tiveram respaldo parlamentar para incluir suas demandas por direitos sexuais, reprodutivos e não reprodutivos. Desse modo, compreendemos que se a ênfase comportamentalista atravessa a história da Educação Sexual nos três países – e para isso não renuncia à centralidade biológica para sustentá- la –, os atravessamentos das questões de cada época vão provocando lentos deslocamentos quanto ao teor de comportamento pretendido. Sob diferentes metáforas – higienista, biomédica e sociocultural – a vertente comportamentalista da Educação Sexual vai sendo sacudida pelas pressões dos grupos que disputam o currículo escolar.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThis work focuses on the disputes around Sex Education in national curricula in the face of a context resurgence of neoconservatism in Latin America. In this sense, it aims to investigate how the educational policies published since the 1990s in two Latin American countries – Argentina and Brazil – are positioned concerning the themes of Sexual Education, given the coercion of neoconservative movements in the region and the development of neoliberal policies. The choice of questions concerning sex education in the two countries results from a bibliography survey that indicated the presence of Sex Education policies during the studied period. In this way, five documents were analyzed, two of which are Argentine and three Brazilian. Through content analysis, we identified that in some documents, there is still a prevalence of a behavioural perspective on Sex Education. In which biological contents are privileged to reinforce control over bodies. Other documents seek to approach the theme from an integral point of view, working with values to construct a fairer and more democratic society. The results show that neoconservative sectors were working in the preparation of documents to reaffirm their anti-gender positions. In this context, in Brazil, neoconservatives were able to hinder the development of sex education policies. In Argentina, on the other hand, the influence of neoconservatives was in the negotiation of certain contents within the documents. But the social movements had parliamentary support to include their demands for sexual and reproductive rights. Behavioralist Sex Education has used different metaphors throughout time – hygienist, biomedical and sociocultural. However, this has been shaken by pressures from groups that dispute the school curriculum. In this way, we understand that if the behavioralist emphasis crosses the history of Sexual Education in the three countries – and for that reason does not renounce the biological centrality to sustain it – the crossings of the issues of each era cause slow displacements regarding the intended behaviour content.136 p.Selles, Sandra Lucia EscovedoSchueler, Alessandra Frota Martinez deKohen, MicaelaAzevedo, Maicon Jeferson da CostaMachado, Luisa2023-03-01T15:48:50Z2023-03-01T15:48:50Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfMACHADO, Luisa. Políticas de educação sexual na Argentina e no Brasil a partir da década de 1990: avanços e retrocessos em um contexto neoconservador, 2022. 136f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2022.http://app.uff.br/riuff/handle/1/27992CC-BY-SAinfo:eu-repo/semantics/openAccessporreponame:Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)instname:Universidade Federal Fluminense (UFF)instacron:UFF2023-03-01T15:48:59Zoai:app.uff.br:1/27992Repositório InstitucionalPUBhttps://app.uff.br/oai/requestriuff@id.uff.bropendoar:21202023-03-01T15:48:59Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF) - Universidade Federal Fluminense (UFF)false
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