Aquisição de adjetivos graduáveis no Português Brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Monteiro, Fernanda Torrão
Data de Publicação: 2023
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da Universidade Federal Fluminense (RIUFF)
Texto Completo: http://app.uff.br/riuff/handle/1/30686
Resumo: Este trabalho tem como objetivo apresentar análise de dados colhidos a partir de experimento feito com crianças e adultos sobre a aquisição de adjetivos no português brasileiro. O estudo se filia à abordagem da Semântica Formal, em especial à Semântica Escalar de Kennedy e McNally (2005), que admite uma subdivisão na classe dos adjetivos, qual seja, graduáveis e não graduáveis. Ainda, os adjetivos graduáveis se dividem em relativos e absolutos. Tendo por base esses conceitos, a presente pesquisa investiga como acontece a aquisição dos adjetivos pelas crianças, especialmente no que concerne à diferenciação dos relativos e absolutos. Para isso, foi realizado um experimento psicolinguístico, baseado naquele de Syrett et al (2005) para a aquisição do inglês, com crianças de 3 a 5 anos, falantes de português. A atividade consistia na apresentação de um par de objetos e na demanda “Por favor, me dê o X”, em que X era o adjetivo testado. Os resultados apontam para a postulação de universal semântico. Isso porque os adjetivos graduáveis, na forma positiva, em português brasileiro, se comportam tal qual os adjetivos do inglês, ou seja, eles têm a mesma natureza e a mesma estrutura de escala. Percebe-se que, quanto aos adjetivos relativos testados (grande e comprido) os participantes analisaram a demanda aplicando uma lógica de comparação implícita, o que era esperado, já que a vagueza inerente desses adjetivos faz com que o parâmetro de comparação seja buscado no contexto. Já os adjetivos absolutos testados (manchado e cheio), assim como no experimento em inglês, apresentam um parâmetro definido lexicalmente e os casos de uso adequado que apresentem divergência com o parâmetro são considerados casos de imprecisão. A interpretação desse comportamento se aproxima da pragmática, já que utiliza a linguagem em seu contexto de uso e, na situação do experimento, existe uma relação de princípios de cooperação entre os falantes que parece direcionar a tomada de decisão dos participantes.
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Para isso, foi realizado um experimento psicolinguístico, baseado naquele de Syrett et al (2005) para a aquisição do inglês, com crianças de 3 a 5 anos, falantes de português. A atividade consistia na apresentação de um par de objetos e na demanda “Por favor, me dê o X”, em que X era o adjetivo testado. Os resultados apontam para a postulação de universal semântico. Isso porque os adjetivos graduáveis, na forma positiva, em português brasileiro, se comportam tal qual os adjetivos do inglês, ou seja, eles têm a mesma natureza e a mesma estrutura de escala. Percebe-se que, quanto aos adjetivos relativos testados (grande e comprido) os participantes analisaram a demanda aplicando uma lógica de comparação implícita, o que era esperado, já que a vagueza inerente desses adjetivos faz com que o parâmetro de comparação seja buscado no contexto. Já os adjetivos absolutos testados (manchado e cheio), assim como no experimento em inglês, apresentam um parâmetro definido lexicalmente e os casos de uso adequado que apresentem divergência com o parâmetro são considerados casos de imprecisão. A interpretação desse comportamento se aproxima da pragmática, já que utiliza a linguagem em seu contexto de uso e, na situação do experimento, existe uma relação de princípios de cooperação entre os falantes que parece direcionar a tomada de decisão dos participantes.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorThis work aims to present the analysis of data collected from an experiment carried out with children and adults on the acquisition of adjectives in Brazilian Portuguese. The study joins the Formal Semantics approach, especially Kennedy and McNally's (2005) Scalar Semantics, which admits a subdivision in the class of adjectives, that is, gradable and non-gradable. Also, Gradable adjectives are divided into relative and absolute. Based on these concepts, this research investigates how children acquire adjectives, especially with regard to the differentiation of relative and absolute forms. For this, a psycholinguistic experiment with Portuguese speakers aged 3 to 5 years old was carried out, based on that of Syrett et al (2005) for the acquisition of English, with children aged 3 to 5 years old. The activity consisted of presenting a pair of objects and asking “Please, give me the X”, in which X was the tested adjective. The results point to the postulation of a semantic universal. This is because gradable adjectives, in the positive form, in Brazilian Portuguese, behave just like English adjectives, that is, they have the same nature and the same scale structure. It is noticed that, regarding the relative adjectives tested (large and long), the participants analyzed the demand applying an implicit comparison logic, which was expected, since the inherent vagueness of these adjectives makes the comparison parameter to be sought in the context. The absolute adjectives tested (spoted and full), as in the experiment in English, present a lexically defined parameter and the appropriate use cases that present divergence with the parameter are considered cases of imprecision. The interpretation of this behavior is close to pragmatics, since it uses language in its context of use and, in the situation of the experiment, there is a relationship of principles of cooperation between speakers that seems to guide the participants' decision-making.85 p.Mendes, Luciana SanchezMonteiro, Fernanda Torrão2023-10-02T14:13:16Z2023-10-02T14:13:16Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfMONTEIRO, Fernanda Torrão. 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