A obesidade como antinatureza: disciplina, biopolítica e doentização dos corpos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Faxina, João Marcelo
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFFS (Repositório Digital da UFFS)
Texto Completo: https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/2397
Resumo: Através de uma mirada arqueogenealógica, nesta dissertação investigo os discursos que circulam sobre o corpo, sobretudo no que se refere a concepções de saúde e normalidade correntes, em grupos vinculados ao Vida e Saúde, programa que integra uma política pública voltada a pessoas lidas com sobrepeso e obesidade em Erechim, município localizado na região norte do Estado do Rio Grande do Sul. A partir da pesquisa de campo em dois locais vinculados ao programa (Secretaria Municipal de Saúde e Centro de Atenção Psicossocial II), o objetivo desta pesquisa foi identificar que discurso de corporeidade é retomado, reescrito e produzido por este dispositivo. Para tanto, utilizei uma metodologia mista, composta por duas etapas: uma documental e outra de campo. Na parte documental, foram solicitados alguns dados sociodemográficos à coordenação do Vida e Saúde. Já a etapa de campo envolveu a observação não participante e a realização de grupos focais com integrantes do programa e de entrevistas semi-estruturadas com as profissionais envolvidas em sua condução, uma nutricionista e uma psicóloga. A partir da análise documental e de campo, o estudo permitiu reconhecer que marcadores como o gênero, a idade, o (des)emprego e a condição clínica dos participantes do programa desempenham a função de tecnologias biopolíticas de captura ao precarizar sua autonomia e facilitar sua apreensão por parte desse dispositivo. O funcionamento interseccional dessas tecnologias sociais acarreta, ao cabo, a constituição de um grupo formado predominantemente por mulheres que possuem mais de cinquenta anos e que se encontram distantes de relações formais de trabalho. É também característico aos participantes o diagnóstico concomitante de várias enfermidades e sua passagem por outros dispositivos de saúde do município, onde são apreendidos igualmente em razão de sua condição clínica. Esse fenômeno torna possível o surgimento de processos de doentização em que diagnósticos múltiplos são atribuídos a sujeitos cada vez mais doentizados por categorias com grande potencial performativo. Já em relação aos discursos e práticas das profissionais, além tratar o excesso de peso através da hibridização de aspectos nutricionais com psicológicos, ativando os domínios orgânico e mental que historicamente têm sustentando a experiência contemporânea da obesidade, reiteram classificações do normal e do patológico, cumprindo a função estratégica de fazer funcionar tais processos de doentização localmente e de produzir anormalidade em relação aos parâmetros de saúde. Essa, se aqui existe, parece ser muito mais em decorrência de seu aspecto relacional com a doença e seu universo do que como um estado fabricável a partir do trabalho disciplinar e biopolítico do dispositivo em questão.
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Na parte documental, foram solicitados alguns dados sociodemográficos à coordenação do Vida e Saúde. Já a etapa de campo envolveu a observação não participante e a realização de grupos focais com integrantes do programa e de entrevistas semi-estruturadas com as profissionais envolvidas em sua condução, uma nutricionista e uma psicóloga. A partir da análise documental e de campo, o estudo permitiu reconhecer que marcadores como o gênero, a idade, o (des)emprego e a condição clínica dos participantes do programa desempenham a função de tecnologias biopolíticas de captura ao precarizar sua autonomia e facilitar sua apreensão por parte desse dispositivo. O funcionamento interseccional dessas tecnologias sociais acarreta, ao cabo, a constituição de um grupo formado predominantemente por mulheres que possuem mais de cinquenta anos e que se encontram distantes de relações formais de trabalho. É também característico aos participantes o diagnóstico concomitante de várias enfermidades e sua passagem por outros dispositivos de saúde do município, onde são apreendidos igualmente em razão de sua condição clínica. Esse fenômeno torna possível o surgimento de processos de doentização em que diagnósticos múltiplos são atribuídos a sujeitos cada vez mais doentizados por categorias com grande potencial performativo. Já em relação aos discursos e práticas das profissionais, além tratar o excesso de peso através da hibridização de aspectos nutricionais com psicológicos, ativando os domínios orgânico e mental que historicamente têm sustentando a experiência contemporânea da obesidade, reiteram classificações do normal e do patológico, cumprindo a função estratégica de fazer funcionar tais processos de doentização localmente e de produzir anormalidade em relação aos parâmetros de saúde. Essa, se aqui existe, parece ser muito mais em decorrência de seu aspecto relacional com a doença e seu universo do que como um estado fabricável a partir do trabalho disciplinar e biopolítico do dispositivo em questão.From an archaeo-genealogical viewpoint, in this dissertation I investigate the ongoing discourses on the body, particularly with regard to current conceptions of health and normality, in groups associated to Vida e Saúde, a program that integrates public policies directed to people considered as overweight and obese in Erechim, a city in the north of Rio Grande do Sul. Starting from field research carried out in two locations linked to the program (the Municipal Health Office and the Centre for Psychosocial Attention II), this research was aimed at identifying which discourse of corporeity is resumed, rewritten and produced by such device. In order to meet that aim, I have applied a mixed methodology, made up of two stages: one documental and the other field-like. In the documental stage, socio-demographic data were requested from the coordination of Vida e Saúde. The field stage, on the other hand, involved non-participative observation and the organisation of focal groups with participants of the program and semi-structured interviews with the professionals in charge, a nutritionist and a psychologist. Following documental and field analysis, the study has brought to light that markers such as gender, age, (un)employment and the clinical condition of the participants in the program play the role of biopolitical technologies of capture as they limit the subjects’ autonomy and facilitates their apprehension by the device. The intersectional functioning of such social technologies leads, eventually, to the constitution of a group formed mostly by women who are over fifty and are away from formal working relations. Another characteristic of participants is the concomitant diagnosis of a number of diseases and their passage through other health mechanisms in the city, where they are equally apprehended due to their clinical condition. The phenomenon allows the rise of disease-making processes in which multiple diagnoses are given to subjects who become more and more sickened into categories with great performative potential. With regard to the discourses and practices made by professionals, besides treating overweight through the hybridization of nutritional aspects with psychological ones, activating the organic and mental domains that have historically given support to the contemporary experience of obesity, they reinforce the classifications of normal and pathological, meeting the strategic function of making effective such disease-making processes locally and producing abnormality in relation to health parameters. Health, if existing here, seems to be related to its relational aspect with the disease and its universe rather than a state that can be fabricated from the disciplinary and biopolitical work made by the device at issue.Submitted by Tania Ivani Rokohl (tania.rokohl@uffs.edu.br) on 2019-02-04T15:59:22Z No. of bitstreams: 1 FAXINA.pdf: 2264048 bytes, checksum: b234cfe87e7c233f47832027266ada9b (MD5)Approved for entry into archive by Diego dos Santos Borba (dborba@uffs.edu.br) on 2019-02-05T11:38:22Z (GMT) No. of bitstreams: 1 FAXINA.pdf: 2264048 bytes, checksum: b234cfe87e7c233f47832027266ada9b (MD5)Made available in DSpace on 2019-02-05T11:38:22Z (GMT). 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