Justiça e contradição. Dissídio e reconciliação(?) na interpretação do sofista antifonte no século XX

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Manuel Morgadinho dos Santos Coelho, Nuno
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Revista da Faculdade de Direito da UFG (Online)
Texto Completo: https://revistas.ufg.br/revfd/article/view/56537
Resumo: Este artigo examina as diferentes interpretações oferecidas por especialistas no século XX acerca da estrutura antilógica dos textos de Antifonte, intelectual Ateniense do Séc. V. a.C. autor do mais extenso conjunto de textos de que nos chegou da Sofística, entre os quais discursos forenses e fragmentos filosóficos que exercitam a antilogia como o poder de fazes dois discursos opostos sobre qualquer assuntos (na tradição de Protágoras) e problematizam fortemente o clássico binômico justiça natural e justiça convencional. As interpretações contemporâneas de Bignone, Untersteiner, Caizzi, Cassin e Gagarin enfatizam o caráter antilógico dos textos, mas são comuns em tentar encontrar, neles ou a partir deles, alguma forma de superação do dissídio e da contradição que os caracteriza. O presente estudo sugere que, ao fazê-lo, os especialistas estudados deixam de perceber aquele que talvez seja o traço central do pensamento de Antifonte, autor que estaria empenhado precisamente em mostrar o caráter insuperável do dissídio e da contradição que marcam a experiência humana do sentir, do pensar e do falar. Abstract This article examines the different interpretations offered by contemporary experts on the antilogical structure of the texts of Antiphon, Ancient Athenian intellectual author of the most extensive set of texts that came to us from Sophistry – including forensic discourses and fragments philosophical philosophers, which exercise Antilogiae as the power to make two opposing discourses on any subject (in the tradition of Protagoras) and strongly problematize the classical binomial natural justice and conventional justice. The interpretations of Bignone, Untersteiner, Caizzi, Cassin, and Gagarin emphasize the antilogical character of texts, but they are common in trying to find, in or from them, some way of overcoming the dissidence and the contradiction that characterizes them. The present study suggests that, in doing so, the specialists studied fail to perceive what is perhaps the central feature of Antiphon's thought, an author who would be striving precisely to show the insuperable character of dissidence and contradiction that mark the human experience in feeling, thinking and speaking.
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