Viver entre margens: a persistência na paisagem e no lugar dos beiradeiros do rio de Ondas - Barreiras - BA

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CARDOSO, Evanildo Santos
Data de Publicação: 2012
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFG
dARK ID: ark:/38995/0013000007jsj
Texto Completo: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/handle/tde/2747
Resumo: As comunidades tradicionais do baixo curso do rio de Ondas, município de Barreiras - BA apresentam formas de uso e ocupação diferenciadas das existentes nos platôs da Serra Geral onde se instalou uma agricultura de exportação. As categorias, paisagem e lugar desenvolvidas sob a luz da Geografia Cultural Renovada foram adotadas como elementos-chave para a compreensão da cultura ribeirinha e das manifestações existentes no confronto com outros atores: chacareiros e técnicos agrícolas. A paisagem, dessa forma, é (re) construída por esses sujeitos em meio ao confronto e pela afirmação da identidade cultural. Os sentimentos de pertencimento à terra estão expressos por narrativas feitas pelos mais velhos como portadores de uma cultura intrinsecamente voltada para as atividades agrícolas, pecuárias e no uso dos recursos naturais.Diante de toda valorização desse rio os beiradeiros têm passado por várias situações de conflito no uso e ocupação da terra cujo valor econômico da paisagem repercute na relação de pertencimento com seu lugar de origem. Nesse sentido, a busca da interpretação dos signos e os significados da paisagem e do lugar foi tarefa marcante e que deu o norte para descobrirmos diferentes linguagens do mesmo objeto: o rio de Ondas. Foram buscadas em Geertz (2008) e Boas (2006) entendimentos críticos em relação à cultura reificada, dentre outros antropólogos, Tuan (1980, 1983), Holzer (2001, 2003), e Claval (1999, 2011, 2004), o sentido de pertencimento ao lugar/meio/paisagem enquanto que Cosgrove (2000, 2004) e Duncan (2003, 2004) forneceram uma leitura política essencial para ultrapassarmos a visão estética das formas naturais. Almeida (2005, 2008) com a identidade sertaneja e estereótipos orientou-nos na definição de tipologias sobre os beiradeiros. O objetivo maior da pesquisa está representado pela necessidade em revelar outras práticas culturais que estão escondidas por detrás da imagem de uma região próspera mas que no fundo tem sido marcada profundamente pelo descaso do poder público em relação às necessidades básicas das populações tradicionais. Todavia, a identidade no rural construída por laços afetivos e comunitários é a força motivadora para os beiradeiros persistirem na paisagem e no lugar imprimindo um cenário particular de trabalho, luta e sobrevivência. Na pesquisa, procuramos discutir ainda temas alusivos ao papel dessas populações para a conservação da Biodiversidade do Cerrado por meio da cultura. Salientamos que essas comunidades beiradeiras possuem projetos de melhorias das atividades produtivas, faltando-lhes apoio efetivo do poder público. Nesse contexto, foi estabelecido um jogo de interesses políticos no entorno do rio de Ondas capaz de proporcionar uma dinâmica no complexo sistema valorativo do natural. A tese revela as estratégias das comunidades beiradeiras para persistirem na paisagem e no lugar por décadas e, assim, tornarem-se protagonistas do seu próprio destino. Para tanto, foram destacados projetos, reivindicações e conflitos cuja produção do material cartográfico evidencia cenários que apontam para uma necessidade do (re) conhecimento da cultura beiradeira como partícipes de uma história que perpassa por gerações.
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