Territórios e territorialidades Guarani e Kaiowa: da territorialização precária na reserva indígena de Dourados à multiterritorialidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Mota, Juliana Grasiéli Bueno
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFGD
Texto Completo: https://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/375
Resumo: Buscamos entender neste trabalho as relações socioterritoriais presentes vividas pelos Guarani e Kaiowa dentro e fora da Reserva Indígena de Dourados (Dourados – Mato Grosso do Sul), estabelecendo comparação com as relações socioterritoriais vividas no passado. Neste sentido, demonstramos as territorialidades vividas no modo de vida dos antigos - Tekoyma - e no novo modo de vida – Tekopyahu. Esse processo é marcado pelos movimentos de des-re territorialização e de construção de territorialidades múltiplas – multiterritorialidade – e múltiplas temporalidades. Entendemos que há necessidade de considerarmos as novas formas de ser/estar no mundo a partir do movimento de desterritorialização de seus territórios tradicionalmente ocupados (Tekoha) e o processo de ―territorialização precária‖ nas reservas indígenas. Se partirmos da premissa de que os Guarani e Kaiowa sempre vivenciaram multiterritorialidades, as transformações no modo de viver, que têm como eixo central o ―encontro‖ e/ou desencontro com os não indìgenas - Karaí, as histórias-trajetórias passam a ser redefinidas juntamente com as novas espacialidades vividas. Desta forma, a partir da etnografia (observação participante), traçamos as multerritorialidades-multitemporalidades Guarani e Kaiowa analisando suas narrativas e buscando registrar os olhares sobre a Reserva Indígena de Dourados e sobre outras modalidades de territorialização (como os acampamentos) traçando as multiterritorialidades, identidades, fronteiras e tensionamentos engendrados pelo compartilhamento de territórios, marcado pela sobreposição de Tekoha e pelas fronteiras étnicas. A partir das relações de conflitualidades, há por parte de algumas famílias a busca por outras formas de reterritorialização que se constituem, principalmente, na construção dos laços simbólicos existentes com os territórios tradicionalmente ocupados. A busca pela reterritorialização faz persistir que existem indígenas em fundos de fazendas e mesmo em fazendas, nas cidades, em acampamentos de retomadas territoriais, acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária, entre outras formas socioterritoriais de fazer-se Guarani e Kaiowa. As disputas em torno da ―questão indìgena‖ se dão, principalmente, pela apropriação social da natureza, marcadas pelos conflitos que envolvem o agronegócio versus a demarcação de territórios indígenas, fazendo-se no embate da constituição da propriedade privada da terra, dominada pelo modelo agrário-agrícola fundiário historicamente constituído no Brasil, e os territórios indígenas. As retomadas territoriais são redimensionadas em uma multiplicidade de estratégias de resistência e/ou re-existências, marcadas por muliterritorialidades de esperanças, de sonhos e de saudades. Sobretudo, entendemos que histórias-trajetórias indígenas se fizeram e estão se fazendo em uma ―simultaneidade de estórias-até-agora‖, opondo-se ao discurso ideológico de uma única história possível baseado nos fundamentos do pensamento do/no sistema-mundo moderno-colonial. Por isso, as multiterritorialidades Guarani e Kaiowa envolvem a interdependência entre passado e presente, buscando possibilidades de futuro nos preceitos do bem viver - Teko Porã.
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spelling Goettert, Jones Darihttp://lattes.cnpq.br/0319502811622693http://lattes.cnpq.br/0584039873715893Mota, Juliana Grasiéli Bueno2019-03-25T22:22:35Z2019-03-25T22:22:35Z2011-08-08MOTA, Juliana Grasiéli Bueno. Territórios e territorialidades Guarani e Kaiowa: da territorialização precária na reserva indígena de Dourados à multiterritorialidade. 2011. 406 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Faculdade de Ciências Humanas, Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, MS, 2011.https://repositorio.ufgd.edu.br/jspui/handle/prefix/375Buscamos entender neste trabalho as relações socioterritoriais presentes vividas pelos Guarani e Kaiowa dentro e fora da Reserva Indígena de Dourados (Dourados – Mato Grosso do Sul), estabelecendo comparação com as relações socioterritoriais vividas no passado. Neste sentido, demonstramos as territorialidades vividas no modo de vida dos antigos - Tekoyma - e no novo modo de vida – Tekopyahu. Esse processo é marcado pelos movimentos de des-re territorialização e de construção de territorialidades múltiplas – multiterritorialidade – e múltiplas temporalidades. Entendemos que há necessidade de considerarmos as novas formas de ser/estar no mundo a partir do movimento de desterritorialização de seus territórios tradicionalmente ocupados (Tekoha) e o processo de ―territorialização precária‖ nas reservas indígenas. Se partirmos da premissa de que os Guarani e Kaiowa sempre vivenciaram multiterritorialidades, as transformações no modo de viver, que têm como eixo central o ―encontro‖ e/ou desencontro com os não indìgenas - Karaí, as histórias-trajetórias passam a ser redefinidas juntamente com as novas espacialidades vividas. Desta forma, a partir da etnografia (observação participante), traçamos as multerritorialidades-multitemporalidades Guarani e Kaiowa analisando suas narrativas e buscando registrar os olhares sobre a Reserva Indígena de Dourados e sobre outras modalidades de territorialização (como os acampamentos) traçando as multiterritorialidades, identidades, fronteiras e tensionamentos engendrados pelo compartilhamento de territórios, marcado pela sobreposição de Tekoha e pelas fronteiras étnicas. A partir das relações de conflitualidades, há por parte de algumas famílias a busca por outras formas de reterritorialização que se constituem, principalmente, na construção dos laços simbólicos existentes com os territórios tradicionalmente ocupados. A busca pela reterritorialização faz persistir que existem indígenas em fundos de fazendas e mesmo em fazendas, nas cidades, em acampamentos de retomadas territoriais, acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária, entre outras formas socioterritoriais de fazer-se Guarani e Kaiowa. As disputas em torno da ―questão indìgena‖ se dão, principalmente, pela apropriação social da natureza, marcadas pelos conflitos que envolvem o agronegócio versus a demarcação de territórios indígenas, fazendo-se no embate da constituição da propriedade privada da terra, dominada pelo modelo agrário-agrícola fundiário historicamente constituído no Brasil, e os territórios indígenas. As retomadas territoriais são redimensionadas em uma multiplicidade de estratégias de resistência e/ou re-existências, marcadas por muliterritorialidades de esperanças, de sonhos e de saudades. Sobretudo, entendemos que histórias-trajetórias indígenas se fizeram e estão se fazendo em uma ―simultaneidade de estórias-até-agora‖, opondo-se ao discurso ideológico de uma única história possível baseado nos fundamentos do pensamento do/no sistema-mundo moderno-colonial. Por isso, as multiterritorialidades Guarani e Kaiowa envolvem a interdependência entre passado e presente, buscando possibilidades de futuro nos preceitos do bem viver - Teko Porã.Buscamos comprender en este trabajo las relaciones socio territoriales vividas por los Guaraní y los Kaiowa dentro y fuera de la Reserva Indígena de Dourados (Dourados - Mato Grosso do Sur), estableciendo comparaciones con las relaciones socio territoriales vividas en el pasado. En esto sentido, demostramos las territorialidades vividas en el modo de vida de los antiguos - Tekoyma – y en el nuevo modo de vida – Tekopyahu. Este proceso es marcado por los movimientos de des-re-territorialização y de la construcción de múltiples territorialidades - multiterritorialidade - y de múltiples temporalidades. Así entendemos que existe la necesidad de considerar las nuevas formas de ser/ estar en el mundo a partir del movimiento de desterritorialização de sus territorios tradicionalmente ocupados (Tekoha) y del proceso del ―territorialização precario‖ en las reservas indìgenas. Además partimos de la premisa de que el Guaraní y el Kaiowa siempre vivirán multiterritorialidades, las transformaciones en la manera de vivir, que tiene como idea central el encuentro y/o desencuentro con los que no san indígenas - Karaí las historias-trayectorias pasan a ser redefinidas con las nuevas espacialidades vividas. De tal manera, a partir de la etnografía (observación del participante), analizamos las multerritorialidades-multitemporalidades Guaraní y Kaiowa y sus narrativas buscando registrar las miradas en la Reserva Indígena de Dourados y otras modalidades de territorialização (como los acampamientos) analizando as multiterritorialidade, las identidades, las fronteras y los tensinamente producidos para compartir el territorio, marcado por el superposición del Tekoha y por las fronteras étnicas. A partir de las relaciones conflictuales, has tenido por parte de algunas familias la búsqueda por otras formas de reterritorialização que se constituyen, principalmente, en la construcción de los lazos simbólicos existentes con los territorios tradicionalmente ocupados. La búsqueda por la reterritorialização hace persistir que existen indígenas en fondos/ o adentro de granjas, en las ciudades, en los acampamientos de disputa territorial, en los acampamientos y los asentamientos de la Reforma Agraria, entre otras formas socio territoriales a hacer sentirse un Guaranì y Kaiowa. Los conflictos alrededor de la ―cuestión indìgena‖ ocurren principalmente por la apropiación social de la naturaleza, marcada por los conflictos que envuelven el agronegócio contra la demarcación de los territorios indígenas, convirtiéndose en el choque de la constitución de la característica privada de la tierra, dominada por el modelo agrario constituidos históricamente en el Brasil, y las territorialização indígena. Las retomadas territoriales son redimensionadas en una multiplicidad de estrategias de resistencia y/o las re existencias, marcadas por las multiterritorialidades de esperanzas, los sueños y los extrañamientos. Así, entendemos que esas historias-trayectoria indígenas si hacen y están haciendo una ―simultaneidad de historias hasta ahora‖, oponiéndola al discurso ideológico de una única historia posible basada en los fundamentos del pensamiento del / y en el mundo moderno colonial del sistema‖. Por lo tanto, las multiterritorialidades Guaraní y Kaiowa implican la interdependencia pasada y actual en medio, buscando posibilidades de futuro en los precitos del bueno vivir - Teko Porã.Submitted by Alison Souza (alisonsouza@ufgd.edu.br) on 2019-03-25T22:22:35Z No. of bitstreams: 1 JulianaGrasieliBuenoMota.pdf: 8421777 bytes, checksum: b1cacbefd1bef2949177aeb4fa73c267 (MD5)Made available in DSpace on 2019-03-25T22:22:35Z (GMT). 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